Azul é a Cor Mais Quente (La vie d’Adèle)

Cinema segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Encontrei Azul É A Cor Mais Quente em alguma matéria sobre cenas de sexo mais polêmicas do cinema. De lá, resolvi assisti-lo inteiro sem pré-julgamentos para entender melhor o contexto. Depois de ter feito isso, cheguei à conclusão de que a “polêmica” em relação ao filme se trata muito mais do preconceito de quem assiste do que a cena de sexo registrada no longa.

A história conta um pedaço muito interessante da vida de Adèle (No original, o filme inclusive chama-se La vie d’Adèle). Aos 15 anos ela conhece Emma, uma artista plástica universitária e acaba se apaixonando. O mundo para a adolescente passa então a ser uma descoberta sobre o amor, sexualidade, cultura, amadurecimento e vocação. Acompanhamos o crescimento da garota quase de forma documentada, mas com cenas e diálogos riquíssimos aliados a uma estética muito bonita.

Óbvio que há sim uma intensa cena de sexo entre as protagonistas, mas acredito que não deva ser interpretada como gratuita. O relacionamento das duas é muito mais do que isso. Léa Seydoux dá uma uma aura charmosa e sedutora à Emma, contrastando com as inseguranças de Adèle. A diferença entre ambas provoca uma troca de experiências preciosa. Percebe-se também que o longa traz questões pertinentes sobre o dia a dia de um relacionamento.

Nesse sentido, Azul é A Cor Mais Quente me lembra muito Closer – Perto Demais, um filmão para ninguém botar defeito. Ambos são nus e crus, muito diretos ao tocar na ferida (E revirá-la). Adoro as conversas e os silêncios gritantes, pois nos envolvem nos sentimentos dos personagens, quando não raro nos fazendo lembrar de nossos próprios relacionamentos. Quem nunca teve que ir trabalhar mesmo com coração despedaçado e com vontade de sumir? Quem nunca falou/fez bobagem e se arrependeu?

Vale destacar o visual do filme, muito bonito e natural. A estética das atrizes segue esta intenção e as duas usam praticamente nada de maquiagem. No meio de beauté é sabido que culturalmente as francesas não costumam se embonecar como as brasileiras, e mesmo quando Adèle resolve se arrumar não rola escova + 3 tons de base para fazer contorno + sombra + glitter + batom efeito mate + 5 camadas de rímel (Cuidado pra não empelotar!!!). E eu AMO isso! É como se a beleza das mulheres e do filme estivessem justamente na simplicidade da vivência.

Assim, o longa vai permeando as construções de Adèle e a personalidade de Emma de forma fantástica. Destaco duas cenas maravilhosas que para mim resumem muito bem esta pérola que foi premiada em Cannes: O reencontro das duas num café (Cena emocionante) e Adèle andando nos segundos finais ao som que embala o começo e o fim da história. É um ciclo que se fecha, uma menina que entrou vazia e sai cheia de experiência – coincidentemente da mesma forma que começou: Sozinha.

Azul é a Cor Mais Quente

La vie d’Adèle (179 minutos – Drama)
Lançamento: Bélgica, Espanha, França, 2013
Direção: Abdellatif Kechiche
Roteiro: Abdellatif Kechiche e Ghalia Lacroix, baseados na HQ de Julie Maroh
Elenco: Léa Seydoux, Adèle Exarchopoulos, Salim Kechiouche, Aurélien Recoing, Catherine Salée, Benjamin Siksou, Mona Walravens, Alma Jodorowsky, Jérémie Laheurte, Anne Loiret e Benoît Pilot

Jade é uma pessoa benevolente que prefere não julgar os outros antes de conhecê-los. Para ai sim, poder odiar seja lá quem for com a motivação apropriada. Não odeie o Bacon, salve o Bacon!

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