Bacon Entrevista: Catheryn Esnarriaga

Livros sexta-feira, 08 de julho de 2016

Catheryn Esnarriaga é uma autora de livros com temáticas variadas. Tive uma ótima conversa com ela sobre seus livros, como é seu processo de escrever e algumas outras coisas. Sem mais enrolações, confiram abaixo a entrevista que tive com ela:

Santhyago: Vamos começar com uma apresentação sua, tá bom?

Catheryn: Bom, meu nome real é Caroline Maria Esnarriaga mas eu uso o pseudônimo de Catheryn Esnarriaga. Tenho 20 anos, sou gaúcha e no momento apenas escrevo, cuido da casa e cuido do meu filho. Sou separada a alguns meses, e estou no momento com alguns projetos literários e ajudando algumas pessoas com seus projetos.

Tem 20 anos? É uma pessoa nova, incrível ver pessoas assim tão novas escrevendo. E como é a sua rotina de escrever? Tem algum tipo de ritual estranho ou é só sentar e as palavras escorrem pro teclado?

Bom, assim ó, eu escrevo desde os meus nove anos. Eu fiz um projeto de escrever um pequeno jornal na escola com uma amiga e escrevia contos. Quem quisesse comprar o jornal, a gente imprimia.
Como eu escrevo desde nova, a minha rotina é assim: Eu, geralmente, o que eu faço é montar uma linha do tempo da história pra minha cabeça e então eu transcrevo essa linha do tempo pra um papel, mesmo que tenha um computador a mão, eu coloco toda essa linha do tempo no papel, num cronograma de 3 dias, seja o tempo que for, seja uma história de 20 capítulos ou algo de dois capítulos. Eu vou lá e escrevo.

Eu vou ficar uma semana lendo e relendo essa linha do tempo, planejando o que vai acontecer na história, criando linha do tempo de cada personagem, características mentais e físicas, planejando cada capítulo. E então eu começo a escrever a história. Eu normalmente escrevo pouco por dia, mas sempre consultando a linha do tempo pra saber se estou sendo fiel a linha do tempo que fiz. Eu cuido muito nisso na hora de transcrever e faço modificações pra ficar mais fiel a meu planejamento. Eu não ligo muito nessa hora para erros ortográficos, dando mais atenção à história em si do que à isso. Mas mesmo eu escrevendo e batalhando pra colocar a história no papel, eu não sou muito boa com divulgações. Eu me concentro mais no meu trabalho do que ficar divulgando por aí.

Nossa, que processo legal esse o seu. Ele cobre bem tudo o que pode acontecer. E te ajuda a seguir quando trava em algum momento.

Sim é um longo processo, tanto que mesmo com problemas de ortografia e acentuação, eu deixo isso de lado, mas eu junto todas essas dicas que eu uso pra escrever e estou projetando um guia. Já tenho mais de 15 páginas de anotações com dicas de como escrever um livro, de uso de metas para escrever, e métodos para escrever livros físicos. Quando tiver bastante dicas acumuladas vou criar o livro, mas já tenho bastante material pronto pra lançar no site. Como agora estou reescrevendo um dos livros, do qual a temática é anjos, eu vou à uma lista de leitura que tenho relacionada ao tema e leio os livros dela, para me inspirar para continuar a história que estou escrevendo, sem, contudo, copiar algo desses outros livros.

Isso é bom, assim acaba ajudando todos nos seus processos de escrita.

Sim; e ao mesmo tempo, agora eu estou lendo mais de 10 livros sobre dicas e coisas paralelas sobre como escrever para, com isso, poder fazer o meu.



E são anjos o seu tema principal, o que mais gosta de escrever? Imagino que seja um assunto que domine.

Bom, é que é um livro que estou reformulando há mais de um ano e já o reescrevi pelo menos duas vezes. Já mudei a maneira que ele é narrado, detalhes da mitologia que criei para os anjos e agora nessa terceira vez eu vou tentar reformular o começo da história, sobre a criação dos anjos e como eles foram criados e explicar o por que a raça mortal e a angelical foram separadas. Assim como a justificativa de como o deus de minha história dá para separar as duas raças, e de o porque uma não saber da existência da outra. Mas esse não é meu tema principal, anjos são apenas o meu foco nesse momento por causa da história que estou escrevendo. Também escrevo sobre uma jovem que é filha do deus do mar, seres vampíricos, mas realmente o tema que tem predominado nestes últimos meses são os seres celestiais e a raça mortal.

Por ter dito sobre uma história sobre a filha do deus do mar, imagino que já tenha lido os livros da série Percy Jackson. São esses tipos de autores que te inspiram?

Na verdade, Percy Jackson eu li eles quando a série foi lançada no Brasil. Comprei todos assim que eram lançados, mas não foi isso que me inspirou.

O que me inspirou foi que sou muito ligada à signos. Sou aquariana, ligada a água e desde pequena eu sempre tive muitos pequenos contos que eu escrevia e, há um ano e meio, eu peguei todos esses contos que eu tinha escrito quando mais nova e comecei a trabalhar neles para os desenvolver em histórias maiores. Como eles foram escritos antes de eu ter lido Percy Jackson, não tem uma relação assim muito grande com essa série. Eu posso ter tido alguma inspiração com esse livro, mas apenas o tema superficial, nada assim muito ligado à mitologia, que crie uma correlação maior entre o que escrevo e o que tem nos livros da série.

Autores que me inspiram a escrever são Richelle Mead, Nancy Holder, Rachel Vincent, Tanith Lee, Kristin Cast. Stephen King me inspirou desde pequena. O primeiro livro que li dele eu devia ter uns sete anos, acho que foi o A Hora do Vampiro. A última autora que me inspirou muito foi a Debora Harkness. O primeiro livro dela, A Descoberta das Bruxas, me abriu muito a mente para poder escrever sobre literatura fantasiosa.

Ótima lista de autores. Mas assim com uma pegada mais mística, chegou a se adentrar nas religiões da natureza com as wiccas?

Tenho uns parentes e conhecidos que se adentram nesses mundos, como demonologia e coisas místicas, mas nunca me aprofundei muito nessa história. Tenho alguns livros que abordam esse assunto e quando mais nova até pratiquei algumas coisas, mas não tinha muita ciência do que estava fazendo, algo que agora tenho. Mas assim, eu gosto de ler sobre a realidade e colocar meu ponto de vista sobre isso. Eu tento não entrar muito profundamente na realidade de outros autores pra não danificar meu pensamento e poder falar das coisas da maneira que eu entendi.

Aquela coisa de dançar pelada na lua nova de Imbolc e tal, para maior ligação aos elementos, nunca chegou a acontecer?

(Risadas nervosas) Não não, essa história de dançar pelada na lua nunca aconteceram. Não sou muito adepta a fazer uma pesquisa assim sobre isso pra ajudar no crescimento na história. Mas eu pego alguns elementos chave para usar, alguns detalhes pequenos que combinem com a história que estou escrevendo.

Uma boa escolha. Mexer só com o básico, pra instigar a curiosidade e depois que cada um procure mais sobre aquilo que interessar.

Sim, isso é verdade. Porque se você se adentra muito em alguma história, em alguma coisa que tu tá pesquisando vai ser quase que uma grande chance de pegar aquilo não só de inspiração, mas sim como uma pequena cópia, dissecando o assunto na sua história a deixando muito pesada e com muito conteúdo. Eu mesmo já perdi diversas histórias por deixá-las assim, muito densas e difíceis de entender, incompreensíveis.



E quando você trava em algum momento, o que você faz? Qual seu método pra poder avançar na sua história?

No momento, hoje a tarde, eu estava aqui sentada e não conseguia escrever a continuação de um capítulo. Então peguei meu caderno, fui na ultima página e escrevi um pequeno conto relacionado ao tema do livro, coisa pouca, umas 200 palavras, mas sem terminar ele, claro. Isso me serviu de um pequeno ritual pra eu conseguir retornar ao capítulo e poder o continuar. Como o conto era relacionado ao tema do livro que eu estava escrevendo isso me ajuda a manter o foco. É uma pequena coisa que me ajuda bastante.

E esse processo que usa quando está com bloqueio, de escrever algo relacionado, sempre funciona ou acaba gerando novas histórias?

Olha, eu vou te dizer uma coisa: Quando meu celular quebrou, eu resolvi fazer um projeto para reescrever a história que citei antes, a sobre anjos. Mas eu não escrevi um pingo de palavras sobre a reformulação da história. Ai o que eu fiz: Peguei um dos meus contos e comecei a planejar a história de um dos personagens, o que acabou gerando uma nova história, nada a ver com a original. E quando estava terminando essa, acabei tendo ideia para outra história, um drama. Cada vez que eu penso em um novo projeto, eu acabo criando uns dois ou três.

Então, tipo, eu tenho uma boa lista de possíveis projetos. Eu não consigo me manter em apenas uma coisa, sabe. Eu tenho que entrar em todas as possibilidades, até descobrir qual é a melhor. Quando eu gero novas histórias, eu nunca fico estagnada em um só tema. Eu tento todos os que posso, pra poder explorar todas as possibilidades. Pra poder criar novas histórias a partir deste projeto em questão, ou fora dele.

Ah sim, a interligação de todas as coisas, como diria Dirk Gently.

Boas palavras a serem usadas. O que é bom que eu uso isso de dicas para algumas autoras, de nunca se abster a livros de um só gênero ou de um só autor. Aqui na minha estante é difícil ter livros de mesmos autores, a não ser que seja uma série de livros. Sempre tenho diversos autores na minha prateleira, pra me mostrar outros tipos de escrita e outros gêneros de literatura.

Eu estava vendo seu perfil do Wattpad aqui. Ele tem 8 histórias. dessas, quantas estão completas?

Tem o Três Dias [Removido], um pequeno conto de três capítulos já concluído, mas irei o reescrever e o tornar uma novela, mais longo.

Um Verdadeiro Amor [Removido] é um conto já concluído, mas ainda vou o reescrever.

A Nova Anne eu já modifiquei e está como eu gostaria, está concluída também.

Melodias Em Dias De Neve também já está concluída, mas ainda irei reescrever algumas partes.

Tem também o Cartas que você jamais irá ler [Removido], que é um livro de pensamentos meus, mas estão apenas escritos sem nenhuma revisão, mas concluído também.



Bastante histórias concluídas. E como é que decide que o livro está pronto? Esse tem sido o maior problema dos escritores hoje em dia, chegar a conclusão de que agora ele tá maduro e pronto pra uma editora, você tem esse problema também?

Quando eu decido que o livro está pronto é quando eu vejo que ele passou a mensagem que eu queria trazer. Porque tipo, nos livros que eu já tenho finalizado, eu não planejo eles até o final. Um exemplo é o A Nova Anne.

[Nota do Editor: Olha o spoiler, cambada] Eu poderia ter terminado ele na morte dela ou ter continuado e modificado o que eu planejei. Mas acabaria ali na hora que ela morreu. Mas eu decidi mostrar como é que foi o fim realmente das pessoas quando a Anne morreu. Eu mostrei como cada personagem lidou com aquela situação e de que maneira eles seguiram com sua vida, mas sem se adentrar muito em cada personagem. Realmente eu acabei a história quando senti que o personagem principal passou aos outros a sua mensagem. Eu acho que e assim que eu sinto que o livro realmente terminou, que chegou ao fim dele.

Agora sobre o sentido de saber que ele tá pronto pra ir pra uma editora, eu tenho uns problemas com isso. Naquele guia que estou planejando, eu falo sobre quantos capítulos um livro deve ter, quantas palavras ele deve ter antes de ser enviado para uma editora avaliar e virar um livro físico. Como estou sem escrever no computador neste momento, estou fazendo diversas pesquisas para poder melhorar um dos meus livros para poder enviar para uma editora. E é um assunto complicado. Quando escrevo no caderno, conto as palavras dele para ter uma média de quanto escrevi, e já foram mais de dez mil palavras em sete capítulos. Mas isso tá me dando uma noção de como planejar a história pra ser publicada. Mas antes de criar metas, eu pego livros que já foram publicados e vejo a média de capítulos e páginas que eles tem. Isso me inspira a escrever as histórias, pois mesmo que as histórias sejam pequenas aos meus olhos, ela pode ter um grande sucesso.

Entendi, boa sorte pra ti neste planejamento. E sobre todas essas tretas do Wattpad, da eterna briga de livros Hots contra todo mundo. São livros que te atraem? Tem algum autor preferido?

É uma ótima pergunta que eu achei que não iria fazer. Eu realmente gosto. Eu, apesar de ler uns livros desses, eu tenho uma certa preferência nestes livros Hots porque mostram que o autor não tem medo do seu leitor, ele mostra que ele tá escrevendo o que gosta, o que tem em mente, o que ele viveu.

Eu tenho alguns livros com um teor meio hot no seu conteúdo. Tem uns 3 livros meus no Wattpad com um conteúdo assim. Eu acho isso uma coisa fantástica, não vejo problema algum nesse estilo.
E sobre autores, eu não tenho nenhum preferido no momento. Antes da série do 50 Tons de Cinza, eu tinha lido alguns livros hots mas não tão intensos quanto, mas eu li muito antes disso. Agora eu não consigo lembrar, tem um de fantasia com muito conteúdo hot e que balançou meu coração com a história.

E qual livro seu recomendaria pros leitores desta entrevista?

Bom, eu tenho uma escolha de livro, pelo fato dele demonstrar ser uma coisa, mas ao final serem uma coisa completamente diferente do que esperam. Algo que pode espantar alguns leitores, pois recebo comentários de pessoas dizendo como se surpreenderam com a leitura dele. Acho que um que pode dar a impressão de ser um romance agua com açúcar, previsível um drama comum é o A Nova Anne. Ele mostra uma faceta da vida que muitos considerariam como bobagem, mas que na realidade não é. É um livro que mistura o passado da personagem com o presente, a relação familiar e suas amizades, tudo isso acarretando no final da história ao que acontece com ela, ao que ela se tornou, mostrando o que acontece também com as pessoas que causaram isso para ela.



Parece bem interessante, vou adicionar à minha biblioteca.

Tá bom, mas espero que não ache uma bosta, porque pela quantidade de visualizações nem eu sei o que eu acho dele.

Até que está bom, têm no momento 450 leituras, 64 votos e 23 comentários, considerando que não divulgou são ótimos números. Até está em 816 na categoria literatura feminina. Não acho que seja um bom motivo pra chamar um livro de bosta apenas por isso. poucas leituras não significa que ele é ruim.

Chega a me dar até um tipo de vergonha porque ele não tem tido muito destaque. Faz mais ou menos umas 3 semanas que ele está nessa quantidade numérica. Mas sério que ele está nessa posição na categoria? Tenho uns prints de outros livros meus numas boas posições, e esse mesmo sem divulgar está assim.

Santhyago: Saber que você escreve porque quer escrever é bom, mas e sobre todos esse pessoal que usa o view como medida de aprovação pra continuar e quando tá baixo se desmotivam, tem alguma mensagem para eles?

Catheryn: Bom, eu não tenho realmente uma mensagem para eles, mas o que eu posso dizer é que a melhor coisa no mundo é ter leitores que se importam com sua história. Mesmo que sejam só dois leitores, se eles estiverem alí dando opiniões sobre o que acham isso é muito melhor do que leitores que apenas votam ou dizem que legal. Esses tipos de leitor não absorve a história, a mensagem que ela quer passar. Então se você está a procura de votos e se desmotiva com isso porque não tá atingindo o seu sonho, não se desmotive, porque deve ter um leitor em algum lugar que se importa com sua história, que está do lado da sua história. É nesse leitor que tem que se concentrar, no leitor que vai continuar a ler sua história e escrever com o coração sempre.

E essa foi a entrevista com a autora. O link do perfil dela no Wattpad é este aqui, e quem quiser conferir as histórias dela garanto que não vai se arrepender!

Lembrando que esta é a primeira das treze partes da série Bacon Entrevista: Wattpaders, que você pode conferir aqui.

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