Balanço da Temporada 2008/09 – 2ª parte
Das séries estreantes desta pobre temporada poucas sobreviveram e, mais ainda, poucas se destacaram. Abaixo, algumas séries que pude acompanhar e que acabaram caindo no meu agrado (não ando muito exigente). Faltaram algumas séries que ainda estou acompanhando no momento, como Dollhouse e Castle, ambas renovadas para a próxima temporada.
FRINGE: Talvez a melhor série estreante da tevê aberta (junto à True Blood, da tevê fechada), claro que considerando que você goste de dramas científicos. Cercada de grande expectativa, por se tratar de mais uma série da “grife” J. J. Abrams, e tratar de uma nova série com mistérios e toques de ficção.
Passado a estréia, Fringe sofreu da “síndrome da comparação”, principalmente com Arquivo X, em certos aspectos com razão. Assim, a série percorreu um caminho irregular até seu meio de temporada. No entanto, após seu retorno, Fringe conseguiu construir um clima de mistério (como O Observador, o passado de Dr. Walter Bishop e a agente Olivia Dunham, Massive Dinamics, somente para citar alguns) ininterrupto envolvendo o tão citado Padrão quanto ilustrar casos isolados de maneira acertada. Ao término da temporada, num episódio empolgante, uma grande questão é introduzida na série, que deverá ser bastante trabalhada na próxima temporada: dimensões paralelas.
O canal Fox parece apostar bastante na série ao colocá-la no horário mais disputado da tevê americana, às quintas no horário das 21hs, junto à CSI, Grey’s Anatomy e Supernatural, mesmo que não me pareça uma aposta muito correta.
THE MENTALIST: Série fenômeno da temporada, um mistério para críticos e público especializado explicar o sucesso tão estrondoso da série junto ao público americano. Os casos policiais nem são tudo isto, muito pelo contrário, alguns são extremamente óbvios e corriqueiros. O elenco coadjuvante é sem sal, quase todos servem somente de escada para o grande atrativo da série, Patrick Jane, numa composição incrível de Simon Baker, eterno ator coadjuvante em filmes.
Ex-vidente televisivo, Patrick Jane é na verdade uma fraude como vidente, pois o seu verdadeiro “dom” é observar o comportamento das pessoas e ajudar uma força-tarefa especial como consultor, enquanto investiga um serial killer (Red John) que matou sua família. O caso de Patrick Jane serve como pano de fundo para o envolvimente de Jane junto à polícia, claramente, sua resolução não deve ocorrer tão cedo, o que é um grande problema para os roteiristas, afinal por quantas temporadas um mistério como este consegue segurar a série, que não possui outros atrativos senão o carisma e o “jeitão” do protagonista como trunfos?
ELEVENTH HOUR: Aposta de rede CBS (a Globo americana) para “prender” a audiência pós-CSI nas noites de quinta-feira, a série remake homônimo de uma série inglesa (protagonizada por Patrick “Picard” Stewart), conseguiu em parte ter sucesso. Manteve uma parcela considerável da audiência para o canal vencendo seus concorrentes, no entanto, não causou nenhum tipo de reação da mídia além de críticas negativas. Os erros saltavam aos olhos, desde a escalação equivocada de Marley Shelton como a durona agente Rachel Young, servindo de guarda-costa para o cientista Dr. Jacob Hood (interpretação ok de Rufus Sewell).
A série não soube construir um arco para os personagens (como, por exemplo, por que os mesmos trabalham juntos?), os roteiristas apostaram na fórmula “caso da semana”, sempre envolvendo temas científicos, faltou um pano de fundo (mesmo que fosse frágil como o de The Mentalist), que tornasse os acontecimentos mais interessantes ao telespectador. Série fraca, elenco mediano, audiência ok, sem grandes atrativos, resultado: cancelamento!
LIE TO ME: Outra série que me agradou bastante, principalmente por conseguir embasar aqueles conceitos de comportamento humano que em The Mentalist parecem somente adivinhados pelo personagem Patrick Jane (que serviu de comparação durante meses à Lie to Me). Aqui, este tema virou assunto cientifíco, para ser estudado, sempre exemplificando as feições/reações/tiques com personagens reais (recurso que traz a série para a nossa realidade). O único equívoco da série foi tentar ter dois casos isolados a cada episódio, sendo sempre estudados pela equipe principal do Dr. Cal Lightman (belo trabalho de Tim Roth, que andava em baixa no cinema), isto diluía a dramaticidade e surpresas do roteiro. Além disso, à modo de comparação, os episódios com somente um caso são os melhores da temporada disparados.
Em contrapartida, a diversidade dos casos que a empresa de consultoria do Dr. Cal Lightman trabalha é um grande acerto. Temos desde a proteção num casamento coreano e um incendiário, à ataques terroristas nos EUA, excelente episódio season finale. Os personagens, mesmo em somente 13 episódios, tiveram todos seu momento na série, com storylines particulares; principalment Cal Lightman, com a descoberta de uma personagem com talento natural para “detectar” mentiras; sua filha, sua ex-esposa e sua sócia (a bela Kelli Williams) envolvida com o marido não “tão” honesto como aparenta. Vale uma espiada para quem não conhece.
SOUTHLAND: Substituindo E.R. na grade do canal NBC, a série usa do artifício “falso documentário” para registrar o dia-a-dia da polícia de Los Angeles, envolvida nos mais banais e perigosos casos, quase uma crônica. Você pode perguntar: “Tá, e daí? É somente isto?” Posso argumentar que este é, na verdade, o grande trunfo da série: Ser “real”, e o estilo “câmera na mão” da filmagem somente aumenta esta sensação.
Além disso, a série ainda conta com um elenco bastante eclético, a princípio, assumindo tipos típicos de uma delegacia dividida entre policias de viaturas e detetives de homicídios. No entanto, cada um à seu tempo vai mostrando aspectos da sua história e seus problemas rotineiros. Destaque para Regina King (com passagens em 24 Horas, como irmão dos Palmers, e no filme Miss Simpatia 2, como parceira de Sandra Bullock), em meio a um elenco quase totalmente masculino, como a detetive Lydia, envolvida com a doença da mãe. A série foi renovada mas irá trocar de horário na grade do canal, passará para às sextas, dia de baixa audiência na tevê, junto à eterna Lei & Ordem, vamos ver no que vai dar.
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