Batman
A algum tempo atrás, muito devido à morte do ator Heath Ledger que interpretou magistralmente um dos maiores vilões do homem morcego, o Coringa, iniciou-se um tipo de “culto” à identidade secreta de Bruce Wayne, o Batman, é claro. O herói saído das histórias em quadrinhos da DC Comics nunca esteve tão na moda. É fato que a hábil direção do Christopher Nolan deve também ser exaltada, e graças a ele o “gênero” de filmes de super-heróis atingiu o patamar de pura arte.
Mas eu não estou aqui para falar sobre a nova trilogia do Cavaleiro das Trevas (O último filme fica pronto ano que vem). Vamos voltar no tempo, exatamente ao ano de 1989, para saber como foi a estréia do morcegão na telona.
Batman era uma série televisiva de baixo orçamento durante os anos 60 (Sério, era muito feio. Para se ter ideia, o Batman era gordo. Ainda passa no TCM) e anos antes uma adaptação de Superman tinha colocado bastante dinheiro nos cofres de seus estúdios. O responsável pela direção da adaptação foi o quase novato diretor Tim Burton, que anos depois seria conhecido pela sua excentricidade, de seus personagens e cenários. Como protagonista, os produtores convidaram o já consagrado Jack Nicholson, mas (Pasmem) para o papel do vilão, e não do super herói. A atuação de Nicholson como vilão é lendária, dando ao Coringa uma personalidade sarcástica e cômica, e que nada se parece com a loucura que Ledger viria à empregar a personagem anos mais tarde. Dizem que Nicholson recebeu cerca de 40 milhões de dólares somente com direitos de venda de bonecos do personagem.
Mas se por uma lado os produtores acertaram em cheio na escolha do Coringa, o mesmo não pode se dizer da escolha de Michael Keaton para o papel do Batman. Keaton não é carismático, atlético, não inspira coragem; enfim, péssima escolha. Quem também se adaptou muito bem ao papel foi a estonteante Kim Basinger, no papel do par romântico do morcegão, a jornalista Vick Vale.
Sobre os aspectos técnicos do filme, posso dizer que Burton foi bem autoral. A construção de Gotham City é visivelmente inspirada em Metropolis, do diretor expressionista alemão Fritz Lang. O ritmo e a direção lentos dão ao filme uma cara de filme B, juntamente com os cenários um tanto quanto pouco detalhados e a trilha sonora composta pelo Prince. Como eu disse, a junção de tudo isso dá um tom bem autoral ao filme, e que o salva do fracasso na construção dos personagens (Exceto o Coringa), no roteiro completamente confuso e na má atuação de Keaton. O resultado final de tudo isso é um bom cinema pipoca, e o melhor filme do homem morcego antes de Nolan assumir os dois últimos filmes.
Batman
Batman (126 minutos – Ação)
Lançamento: Estados Unidos/Inglaterra, 1989
Direção: Tim Burton
Roteiro: Bob Kane, Sam Hamm
Elenco: Michael Keaton, Kim Basinger, Jack Nicholson, Michael Gough, Jack Palance, Pat Hingle
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