Biophilia (Björk)

Música quinta-feira, 17 de maio de 2012

Biophilia não é só um álbum. É um projeto musical enorme e bem original, pra marcar a volta depois de quatro anos de hiato. É um CD meio gravado no iPad, meio remixado em estúdio, meio gravado em casa, e, como sempre, bizarro. Então, se você acha que a Björk é muito meio estranha, feche a aba e vá ler a resenha do filme da Hannah Montana.

 A Björk puxa seu pé à noite se você não curtir o álbum.

O mais legal do álbum é que, se você for rico e tiver um iPad, dá pra mexer e interagir, e mesmo remixar cada faixa separadamente. Desbloqueando novos aplicativos, todos conectados a um aplicativo-mãe, dá pra viajar por cada música. E a própria Björk explicou o motivo de tanta parafernalha em cima de meia dúzia de músicas. Hoje em dia, segundo ela, só não faz música quem não quer (E não precisa nem de voz bonita pra isso).

Além disso, essa aparelhagem eletrônica é mão na roda até pro pessoal profissional. A própria Björk, que praticamente só canta, pôde compôr e produzir cada parte em separado do Biophilhia. Sozinha, sem ninguém metendo o bedelho. Tendo-se bom senso, dá pra fazer muita coisa com meia dúzia de samples.

Enfim, voltando ao assunto, o CD tem mais do que fru-fru pra macfaggot. Tem música e tal. E cada faixa, aparentemente, representa algum elemento da natureza. Começando com Moon, um dos singles. É uma faixa… Legal. Meio parada pra se começar um CD, mas isso são padrões modernos dessa sociedade capitalista, e nossa querida Björk ignora todos. Reza a lenda que cada padrão da harpa na abertura significa uma fase da lua, mas isso é bem visualizado no videoclipe. Aliás, cada aspecto em si é meio desconexo, mas quando junta letra + instrumental + videoclipe, a ideia cresce até ficar original e inovadora.

Nota do editor: ESSA PERUCA! ESSA PERUCA!!!

Thunderbolt é a segunda. Aqui já aparecem os primeiros instrumentos “criados” pela cantora: Uma bobina de Tesla. Não que eu já tenha visto um troço desses, mas a senhora Wikipedia me disse que é usado como uma espécie de transformador. O importante é: Gera raios. E é dela que vem o ruído constante no fundo da música. Interessante. Pena que a faixa seja parada demais, e repetitiva. São cinco minutos de barulhos semelhantes a peidos.

Agora vem Crystalline. A temática aqui é comparar a formação de um cristal às relações humanas. Claro, somos todos únicos e valiosos e coisa e tal. É a música com o instrumental mais desenvolvido, e o mais legal dela é a celesta adaptada que a Björk fez. Misturando xilofone, com piano e com uma estrutura de madeira, temos um constante barulho de sininhos. E as clássicas batidas arrastadas, já presentes em 11 a cada 10 partes da discografia da cantora. Há uma mistura entre essa discografia antiga e a nova, entre tudo o que já foi feito e a renovação. Uma música de passagem. Deveras profundo, não?

Chegando ao ponto áton à parte dos Cavaleiros do Zodíaco que fala sobre o cosmos, sobre a energia vital de tudo, sobre o que podia ser mas não é, a música que realmente marca a passagem, a derrubada dos muros essa frase tá muito longa já, o equilíbrio, a canção do universo girando e dos planetas planetando. Enquanto todo o resto do álbum tá relacionado ao material, Cosmogony aborda a filosofia da parada. O instrumental é suavíssimo, e mesmo assim é um dos mais desenvolvidos. Música calma pra aqueles dias em que se quer pensar na vida. Pra aquela galera que vai fazer prova de filosofia na cara e na coragem, sem estudar e tal.

Tá tudo muito complicado antes da metade do CD.

Enfim, agora é a vez de Dark Matter. Uh, branco e preto, bom e mau, luz e trevas. Todos precisamos daquela porção de maldade pra viver em equilíbrio e tal. É uma das faixas mais densas, mais tensas. A Björk parece que vai explodir, e assim a música segue numa linha agonizante. Que vontade de largar aquele pescotapa nela pra ela dar um grito e acabar com essa coisa. Metade da música é silêncio, a outra metade é barulho de TV quebrada. De enlouquecer de nervoso.

Hollow é uma sacada de mestre. A música em si é repetitiva (Tenho a impressão de que o álbum todo é igual), mas o clipe, mostrando uma célula se dividindo ao ritmo da música, é foda a décima potência. Se eu tivesse assistido uma semana atrás, ia ter tirado dez em biologia. Assistam o clipe, a canção em si nada tem demais.

Agora, cromossomos dançando não é coisa que se veja todo dia.

Virus, espertamente, vem depois de DNA. Sabe, a divisão celular, a multiplicação da vida, o nascimento. Aí vem o vírus e PIMBA!, destrói tudo. Aliás, o aplicativo dessa aqui mostrava vídeos de vírus apaixonados por bactérias, o que exemplifica bem a ideia de amar tanto uma coisa a ponto de destruí-la, e de como nos consumimos a ponto de perder nossa personalidade, sofrer mutações e transformar RNA em DNA usando a transcriptase reversa. Sabe, aquelas coisas do dia-a-dia. Afinal, quem nunca passou horas caçando glóbulos brancos, não? Ou será que os glóbulos brancos representam as defesas emocionais daqueles que sofreram por amor? Será que cada pé na bunda é como um resfriado? Ou pés na bunda são como o vírus da AIDS, que sempre voltam pra atormentar? Coisas a se pensar.

Ah, sim, o instrumental é feito de… Sininhos. E arranjos vocais.

Sacrifice fala sobre a relação homem-natureza. Por que a gente mata tudo que é verde mesmo? Enfim. Aqui temos de novo um instrumental mais desenvolvido. A Björk tá com a mania de tacar só arranjo vocal nas músicas tem uns quatro CDs, e dessa vez ela combinou com batidas eletrônicas e instrumentos de sopro. Uma mistura diferente, e olha, casou melhor do que dava pra imaginar.

Mutual Gore e Solstice são quase complementares. Ambas falam da terra, de mudança, do solo se desprendendo e migrando pro lado oposto. Novamente, são músicas compostas basicamente de sintetizadores + voz. E claro, isso foi legal até a septuagésima faixa.

De um modo geral, a Björk vem se desligando da instrumentação orgânica. Cada álbum novo é muito mais conceitual do que musical, e a diferença do Debut pra esse é tanta que só dá pra reconhecer pelo timbre dela, um dos mais únicos e bonitos. Agora, num panorama geral, o Biophilia é extremamente cru. Até pelo fato de que cada ouvinte pode remixar as faixas à vontade, toda a instrumentação dá base pra se criar muito em cima.

Por fim, é uma boa ideia. Cada um pode criar e recriar, e no fim haverá 578 versões de cada música. Mas não dá pra escutar faixa por faixa separadamente, já que todas funcionam apenas em conjunto com seus respectivos vídeos/aplicativos.

Mesmo sendo bem inovador, dá saudades da velha Björk que cantava Play Dead e Joga com uma orquestra.

Biophilia – Björk


Lançamento: 2011
Gênero musical: Alternativo
Faixas:
1. Moon
2. Thunderbolt
3. Crystalline
4. Cosmogony
5. Dark Matter
6. Hollow
7. Virus
8. Sacrifice
9. Mutual Core
10. Solstice

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