Blues Funeral (Mark Lanegan)
Antes de mais nada, eu vou avisando: Não sou profundo conhecedor de Mark Lanegan, só peguei as músicas dele pra ouvir por conta de The Gravedigger’s Song, e por conta do serviço do rapaz no Screaming Trees e Queens of the Stone Age, então se eu tiver falando bosta, cês me corrijam. Eu não vou mudar minha opinião por vossa conta, mas cês podem me corrigir o quanto quiserem.
Dito isso, vamos ao que eu acho de Blues Funeral, último disco da banda que leva o mesmo nome do gajo, e que não lançava nada desde Bubblegum, de 2004. Mas foda mesmo foi essa capa ae, que parece uma toalha de mesa de vó. Tá faltando grana pra uma arte ae, seu Mark?
A faixa de abertura é a supracitada The Gravedigger’s Song, que, caso você tenha clicado no link, verá que eu falei que é bizarra e tal, com um clipe mais bizarro ainda, mas é grudenta. Sim, eu sou péssimo pra descrever músicas, não sei porque ainda faço isso. Mas ela tem uma batida [Se é que se pode chamar isso de batida] suave, contrastando com a voz do Mark, que é um bom começo pra um álbum. Ai entra Bleeding Muddy Water, que pelo nome [Da música e do álbum] eu achei que ia ser um blues do carai, mas tá bem mais pra música de cortar os pulsos. No pior sentido possível. Lenta e arrastada, ela consegue cancelar a impressão dada pela Gravedigger’s Song, de que o álbum poderia te alegrar. Mas não caia nessa, Blues Funeral é pra você ouvir na fossa, meu jovem. Tire as armas brancas do seu alcance antes de ligar esse estéreo véio.
Gray Goes Black, no entanto, te dá um tapa na cara e fala: Os anos 80 voltaram, vadia! E você vai gostar disso! Mas não necessariamente você vai gostar da música porque ela é anos 80, você vai gostar porque… Cara, não tem porque gostar da música, ela é tipo chuchu: Não tem gosto de nada, não tem cheiro de nada, não ia fazer diferença existir ou não. Mas é certo que ela não é a única volta ao passado desse álbum. Não senhor, fica esperto que outras vão aparecer. Tipo St Louis Elegy, que tem muito cara de música do George Michael antes de sair do armário. Ou não, eu não conheço George Michael bem o suficiente pra fazer tal comparação. Mas faço assim mesmo. O que importa é que St Louis Elegy tem uma pegada meio gospel, meio Gangsta’s Paradise, vai vendo. Talvez não, e eu devia parar com as drogas, vai saber.
Mas, felizmente, Riot in My House elimina a sensação de anos 80. Porque parece dos anos 90, o que não é necessariamente uma coisa ruim. E eu parei de comparar as músicas com as décadas, não dá muito certo. Mas Riot in My House é animada. Não tanto quanto The Gravedigger’s Song, mas é menos sorumbática que as anteriores. Quase dá vontade de dançar, quase. Quem faz isso é Ode to Sad Disco, que tem alguns elementos de Sad Disco, de Keli Hlodversson, seja lá quem for esse. E por mais triste que seja essa música, é o tipo de música que te faz bater o pézinho, naquela vontade de se mexer. E olha que eu nem sou de dançar.
Já Phantasmagoria Blues tem muito cara de canção de ninar. Pelo ritmo, pelas notas utilizadas, pelo meu sono atualmente. É quase um convite pra cama, e sem segundas intenções. Infelizmente, eu bem que tou precisando de um pouco de putaria na minha vida patética. Senão eu não tava ouvindo álbuns depressivos, não é mesmo? Onde eu tava? Ah, sim, depois desse cochilo em forma de música, temos Quiver Syndrome, que finalmente tem uma guitarrinha pra se fazer notar, puta merda. Não que eu esperasse um disco de rock, mas pelo menos umas guitarras pra fazer jus ao blues do nome tinha que ter. Mas não se preocupe, não dura.
Voltamos às baladinhas anos 80 com Harborview Hospital, que praticamente te convida a navalhar seus pulsos com faquinha de cortar bolo Pullman. Pra morte ser lenta e dolorosa, dã. Mas de uma forma diva, o que é muito estranho pra um álbum do Mark Lanegan, um cara de voz grave e máscula feito o Tom Waits. E depois de toda essa alegria, temos um pouco mais de funebridade [Neologismos, cara. Neologismos] com Leviathan, que deixa todas as outras parecendo musiquinha de balada. O que é bom, porque combina com o timbre do Mark, ao contrário das outras, que são esquisitas [O que não é necessariamente ruim]. Mas a sanfona [Acordeão?] no meio da música quebrou o clima, que passou de pesado pra engraçadinho. Foda.
Deep Black Vanishing Train, entretanto, chega de mansinho e domina a porra toda. Puta merda, como eu gosto de violão e músicas acústicas e essas paradas muito loucas. Sem contar que o Lanegan não tá afinando a voz, o que torna o bagulho totalmente 100%. Melhor música do álbum disparada. E, pra encerrar a brincadeira, Tiny Grain of Truth volta ao clima Drive [Sabia que esse álbum combinava com algum filme], ou anos 80, pra você que é burro e não entendeu. Mas sei lá, no fim das contas já encheu o saco esse climinha de fim de festa.
Você pode até ouvir uma ou duas vezes o álbum pra formar opinião, mas não acho que vá ficar no seu repeat eternamente. Então, foque nas músicas boas e as outras cê pode pular sem dó. Por mais que individualmente elas não sejam ruins, o conjunto não agrada. Mas eu posso estar totalmente enganado e as fanzocas do Lanegan venham me encher o saco. Como se eu me importasse.
Blues Funeral – Mark Lanegan
Lançamento: 2012
Gênero musical: Blues rock
Faixas:
1. The Gravedigger’s Song
2. Bleeding Muddy Water
3. Gray Goes Black
4. St Louis Elegy
5. Riot in My House
6. Ode to Sad Disco
7. Phantasmagoria Blues
8. Quiver Syndrome
9. Harborview Hospital
10. Leviathan
11. Deep Black Vanishing Train
12. Tiny Grain of Truth
Leia mais em: Blues Funeral, Mark Lanegan, Resenhas - Álbuns