Capitu
Sou da opinião de que, como não é usual que a Globo tenha algo positivo em sua grade de programação, é mais do que acertado elogiá-la quando um evento desses acontece. Capitu, a microssérie de cinco episódios que foi ao ar na última semana, é um exemplo de onde nossas redes televisivas deveriam investir.
Com tanta série tipo exportação norte-americana estragando a cabeça dos jovens por aí, Capitu sobressai – não só por ser uma ótima adaptação de um livro ainda melhor, mas por mostrar a história de um ponto de vista diferente. A integração dos aspectos tradicionais machadianos e da trilha sonora surrealmente perfeita (você precisa respeitar um programa que começa com Hendrix) gera uma atmosfera hipnotizante.
Machadianos fanáticos acharam um ultraje que o diretor Luiz Fernando Carvalho tenha incorporado elementos modernos na série, como mp3 players, passeios de metrô e celulares. Ele se explica dizendo tentar atrair ‘saporra de geração perdida os mais jovens, cujo interesse está no Orkut, MSN e… bem, não me peça para entender o que esses idiotas têm na cabeça. A esperança é que essa abordagem tragicômica, com traços parecidos aos do livro, faça com que essa piazada crie vontade de ler o “melhor livro de autoria brasileira”. Não sei não.
Quanto à fidelidade ao romance de Machado de Assis, basta dizer que os diálogos ficaram suficientemente familiares ao texto para que o leitor os reconheça, e que a narração de Bentinho ficou fantástica, a ponto de você sentir que ele está conversando contigo – uma característica tipicamente machadiana.
Tudo na série foi muito bem pensado, o que resultou em uma elaboração praticamente perfeita. Figurino: check. Fotografia: check. Cenário: check. Caracterização de personagens: check. Trilha sonora: check. Música-tema viciante: check. EU não achei do que reclamar na série.
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