Cara, eu sou legal! (Marília Bruno)
Uns tempos atrás aí pipocou um projeto no Catarse com um nome que me chamou atenção. Bem, o projeto foi financiado e essa semana finalmente chegou o troço aqui em casa… Vamolá.
Pra início da coisa, o projeto todo faz parte do TCC da Marília Bruno em design. Pois é. E aqui você acha a monografia e aqui os slides da apresentação… Pra UFRJ, ou seja, uma carioca… Gente da laia da Aline cês já sabem qual o esquema.
Enfim, o livro chegou esta semana, junto com o exemplar de 23,5, um projeto coletivo da qual a autora faz parte e que eu ainda não li. E por que estou falando dele? Porque lá tem, o que creio ser, meio que o embrião da coisa toda que frase feita de merda. É é realmente legal ver meio que a evolução do projeto, das histórias postadas primeiro no 23,5vírgula depois no TCC, através do processo criativo e o resultado final, ao estilo da primeira imagem do post, que acaba por se distanciar bastante da história no link aí em cima… Útil? Não, mas interessante mesmo assim.
O livro em si reúne quase 40 histórias (Não sei se posso chamá-las de “tirinhas”…), algumas de um quadro só, como a primeira imagem daqui do post, e outras de mais de uma página. Como a própria autora define:
Essa é uma história da vida e mente cotidiana de uma garota qualquer. Mas na verdade são várias histórias que podem ser de qualquer garota. Na verdade mesmo, tenho certeza que conheci uma menina assim outro dia mesmo, e posso apostar como ao menos alguma coisa assim aqui aconteceu com ela…
Portanto, são histórias pseudo fictícias que aconteceram com amigas de amigas minhas. E provavelmente com você. E comigo. E definitivamente com a menina que conheci outro dia mesmo. Talvez alguns homens se identifiquem também, então fiquem a vontade!
De forma bem simples: É uma obra para mulheres. Não é pro seu primo hipster, pro seu amigo gay e nem pra mim, é praquela tua amiga que sabe-se lá caralhos porquê gosta de quadrinhos, e ela vai gostar. Não só vai gostar como vai entender bem melhor que eu entendi e, creio, bem melhor que qualquer homem entenderia. E não achem que isso é uma imposição social e toda essa frescurada, a questão é que nós, homens, não somos mulheres… E não temos vagina. Não quer dizer que o livro perde seu valor, aliás, pode até te ajudar em relação às mulheres. Não quer dizer que você não vai entender as histórias nem se identificar e nem nada disso, é só que… Eu ainda não tenho certeza do que aconteceu na página 30, e acho que nunca vou entender totalmente.
O livro todo é justamente aquele tipo de coisa que aquela sua amiga que só anda com meninos te diz sobre as garotas, e você acredita, mas lá no fundo ainda desconfia. Elas, muito provavelmente, são verdade, e boa parte faz sentido (!), mas véi, NÃO PODE ser só isso. E, não é: Apesar de o livro ter bastante disso, há também histórias “comuns”, que qualquer pessoa no mundo pensa e/ou já quis fazer, coisas idiotas que todos já fizemos… Faz assim: Leva o livro pra casa e diz que é pra você, mas deixe onde sua namorada possa ver.
Sua mão não conta.
O troço é bem legal: Gosto da arte, gosto da decisão de só usar preto e rosa, gosto das fontes usadas… É o tipo de coisa que dá um trabalho do caralho, mas que o resultado fica simples, e esse simples fica melhor do que qualquer outra coisa. No TCC dela tem um quadrinho mais rebuscado, procês compararem. Aliás, gostei mais da outra capa, que tem na monografia, que a do livro mesmo. Aliás, leiam essa porra, deixa o livro mais legal.
Mas nem tudo são flores. Diversas e diversas vezes me peguei lendo as falas na ordem errada, uma vez que a “primeira” fala estava na direita, ainda que um pouco mais “alta” que as outras. Nas histórias de apenas um quadrinho também é algo que ocorre, já que pensamentos e falas se misturam, e não há uma sequência bem definida entre os parágrafos. Um problema menor, mas que acontece até que bastante.
O livro termina com a participação de vários artistas, como o Mario Cau, Leo Finocchi, Lu Cafaggi e vários outros. Inclusive, uma das histórias que mais gostei é justamente de um dos convidados, Liper Gomba… Inclusive, essa história é justamente a definição de como um homem vê este livro.
Nota do editor: Prefiro o Bufas Danadas do Gomba.
Pra terminar então: Valeu o dinheiro investido no projeto? Sim. E se tiver a chance, leia. A ideia da Marília é justamente lançar o livro por alguma editora, mas até onde sei não rolou nada sobre isso ainda, então ou você pega emprestado ou espera o troço ser lançado. Aviso os senhores quando sair qualquer notícia… Bem feito, se fodam aí.
Cara, eu sou legal!
Lançamento: 2013
Arte: Marília Bruno
Roteiro: Marília Bruno
Número de Páginas: 80
Editora: CALMA VÉI
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