Cemitério Maldito (Pet Sematary)

Cinema terça-feira, 02 de abril de 2013

 Pois é, galero, eu sou muito fã de Stephen King. E há muito tempo atrás eu escrevi esse texto aqui, sobre coisas que eu mudaria/faria caso eu tivesse poder para tanto. Dentre os meus devaneios – incluindo investir nos filmes do Ben Afleck e vê-lo ganhando o Oscar de melhor filme em 2013 –, expressei a minha vontade de fazer uma adaptação à altura do livro Cemitério Maldito. Essa vontade criou raízes quando assisti o filme Cemitério Maldito de 89 (E é, eu sei que essa merda tem continuações). O filme foi para mim a maior decepção do universo e eu chuto que talvez o problema maior tenha sido porque li o livro antes de assistir a adaptação. Mesmo assim, o longa é péssimo e cheio de altos e baixos, o que é uma pena já que a obra de King é uma das melhores que já li. Já aviso também que daqui pra frente o texto está lotado de spoiler, então sem mimimi.

O filme conta a história do Dr. Louis Creed, um médico que se muda de Chicago para Ludlow. Acontece que sua casa fica a beira de uma perigosa estrada e bem próxima de um cemitério de animais que dá nome ao filme. Logo que chega, Louis é recebido pelo vizinho da frente, Jud Crandall, e não demora muito para que o simpático senhor de idade mostre para toda a família Creed o cemitério onde as crianças locais costumavam enterrar seus animais de estimação. Mas, além do cemitério de animais, está o cemitério indígena dos Micmac, um lugar onde a terra é amaldiçoada e possui poderes extraordinários. Assim, quando o gato de estimação de sua filha morre, Dr. Creed pede a ajuda de Jud e os dois enterram o bicho no cemitério Micmac, fazendo com que o dócil gatinho retorne à vida, mas de um jeito bem diferente. O problema é que depois dessa descoberta, as coisas tomam proporções gigantescas quando o filho de Louis, Gage Creed, morre atropelado por um caminhão.

Daí pra frente vocês já podem imaginar, não é? Louis enterra o moleque no cemitério e Gage volta encapetado, metendo medo em muito marmanjo peludo, etc e tal [Nota do editor: ALÔ JO]. No livro, a descrição dessa criança é de arrepiar. Gage retorna dos mortos completamente medonho, cruel e desbocado; e apesar disso ter sido atenuado no filme (Sim, no livro é muito pior), ouso dizer que este personagem é o que salva toda a produção. Miko Hughes interpretou o neném e serviu de base para a construção do robô mais foda que eu já vi. Quando Gage fica possuído, o robô entra em cena e é responsável pelas caras e bocas que vemos no filme. Achei o trabalho de uma competência enorme! Antes de saber que se tratava de um robô, me perguntei mil vezes como conseguiram extrair aquela interpretação da criança, tamanha a sensação de realidade. Lóógico que em alguns momentos dá pra ver que se trata de um boneco, mas nos closes e mais meia dúzia de cenas o trabalho é perfeito.

Mas né, não basta se matar pra fazer um robô fodão se o resto é uma merda. Triste desperdício. Vamos começar falando das atuações, que putaqueopariu, são muito ruins. Dale Midkiff, que interpreta Dr. Louis Creed, parece galã de novela e não passa nem um sexto do drama que deveria. Denise Crosby, que interpreta a esposa, também não merece elogios, bem como a pequena Blaze Berdahl, que faz Ellie Creed, a filha do casal, declamando frases decoradas. Por fim, o único que salva é Fred Gwynne, o eterno Frankstein da Família Monstro, e que contava à época com uma larga experiência. O resto dos coadjuvantes são péssimos, mas dá pra citar a atuação do magrelo Andrew Hubatsek como Zelda, irmã de Rachel, personagem realmente assustadora tanto no livro quanto no filme.

A minha maior crítica, no entanto, é em relação a reprodução de algumas cenas do livro. Sabe quando na sua cabeça fica melhor do que quando você tenta botar aquilo pra fora? Tipo isso. Algumas cenas são vergonhosas. A começar pelo amadorismo da morte de Victor Pascow (E todas as suas participações), personagem importantíssimo no livro. Outra é o desnecessário suicídio da empregada que tem câncer. E eu ainda me recuso a acreditar naquele final tosco quando Louis beija o cadáver ambulante da esposa. Não dá!

Ainda vale dizer que engoliram personagens e que a única coisa que salva da trilha sonora é o Ramones. Num grande resumo, o filme é claramente inconstante. Dá pra ver que tinha potencial, mas vários detalhes vão afundando a produção. Bato o martelo dizendo que apesar de Stephen King ser um excelente escritor, tudo que ele mete a mão em relação a cinema é cilada. O pior é que o próprio escritor parece não enxergar isso, vide o clássico desgosto dele com a adaptação de O Iluminado do Kubrick, fazendo anos depois uma adaptação sofrível por conta própria. E por essas e outras eu defendo que algumas coisas devem permanecer como estão e o mestre King, sem dúvidas, deveria continuar com uma caneta na mão, alguma coisa para fumar no bolso e só.

Cemitério Maldito

Pet Sematary (103 minutos – Terror)
Lançamento: EUA, 1989.
Direção: Mary Lambert
Roteiro: Stephen King
Elenco: Denise Crosby, Fred Gwynne, Dale Midkiff.

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