Como Enlouquecer Seu Chefe (Office Space)
Hey yo, i am back again… sinto pela ausência na coluna no quadro, algumas coisas aconteceram:
– Théo, meu parceiro de coluna, entrou em HIATO CRIATIVO, me deixando sozinho por aqui.
– Mês passado quebrei minha mão esquerda, o que realmente impossibilitava qualquer tentativa de comunicação escrita digitada. Ok, eu poderia tenter digitar com a direita só, mas não queria. Muito cansativo.
Voltamos então com seu amado, idolatrado e não lido quadro: FILMES BONS QUE PASSARAM BATIDO. O filme dessa semana se chama “Como enlouquecer seu chefe”.
Já assistiu The Office? Independente da versão, britânica ou americana, The Office é o equivalente moderno mais próximo dessa comédia de 1999 estrelando nomes pouco conhecidos (com exceção de Jennifer Aniston, que na época fazia sucesso por ser a garota mais bonita do Friends e também por ser a senhora Brad Pitt).
O filme conta a história de Peter Gibbons, que é um sujeito… infeliz. Ele não está profundamente deprimido, só se sente chateado e desmotivado, e realmente não tem a menor idéia do porquê. Afinal, ele não tem razão pra ser infeliz: é dependente de seu emprego, onde é responsável por atualizar sistemas bancários para prepará-los para a virada de 1999 para 2000 e evitar o bug do milênio (nos anos 90 tínhamos paranóias tão ridículas… só de pensar no Kim Jong-il testando mísseis inter-continentais, me vem uma saudade daquela época); se deixa ser dominado por seu chefe, Bill Lumbergh, que o ocupa com funções que ele julga inúteis e cansativas; vive um relacionamento desgastante com uma namorada, que o guia como uma criança; não corre riscos em sua vida, apenas escolhe a cadeira mais próxima e se senta esperando que tudo fique bem no final. São boas razões pra se ver estressado e insatisfeito, certo? Mas ele não percebe, e segue a mesma vidinha dia após dia. É um erro comum, você talvez faça a mesma coisa e nem se dá conta.
Para aumentar seu desânimo e stress, ele fica sabendo que a companhia vai realizar um estudo com os funcionários, afim de descobrir quem trabalha e quem não faz nada lá dentro. Isso é pra realizar cortes de pessoal e economizar no orçamento. Cabeças vão rolar.
Um belo dia sua namorada, cheia de boas intenções, o convence a participar de uma sessão de auto-ajuda com um psicólogo. Ele conta a esse psicólogo como se sente e como é sua vida. O psicólogo compreende e toma a inusitada decisão, “vou fazer uma experiência, vou hipnotizá-lo…”. Durante a hipnose, o que é sugerido a Peter é que ele não se preocupe tanto, e que só faça o que lhe agrada. Que ligue o botão de foda-se, resumidamente. Era algo só pra fazê-lo se sentir bem por alguns momentos e… virar freguês do psicólogo, claro (cha-ching motherfucker $$$, leia nas entrelinhas). Mas o psicólogo sofre um enfarte e morre no meio da hipnose… tornando o estado de graça em Peter permanente e travando o botão do foda-se na posição de ligado.
A partir daí sua rotina vai pro espaço (trocadilho não intencional). Ele vai trabalhar quando quer, e quando vai, faz o que quer (não necessariamente trabalho). Ignora completamente seu chefe e vive feliz assim. Sua namorada? Ela termina com ele, mas ele não liga a mínima. A vida de repente é boa e o ar é doce de se respirar. Lembra do estudo com os funcionários? Ele seria realizado mediante entrevistas, onde dois analistas julgariam a importância de cada um dos funcionários pra empresa. Acontece que eles acabam adorando Peter… ele vira um tipo de funcionário modelo, e até ganha um aumento. Pra surpresa do seu próprio chefe que se antes o achava um boneco em que podia mandar e desmandar, e que agora o via como candidato à rua, devido ao seu novo comportamento. Estranho não? A galera de RH é malucaça mesmo.
Alguns amigos de empresa de Peter não têm a mesma sorte. Samir e Michael Bolton são demitidos, algo visto por ambos como uma tremenda injustiça. Peter também acha. Ele mesmo admite que é uma bruta sacanagem que ele, um cara que faz o que quer do próprio serviço ganhe um aumento de salário, e seus colegas que levam o serviço a sério levam um “passar bem e rua” como prêmio.
E ele decide sacanear com a empresa, instalando um vírus que Michael possuía, pra roubar milésimos de centavos das contas presentes nos ditos bancos.
Já falei demais sobre o filme, mas não falei nem metade do que ocorre. Veja-o porque vale muito a pena.
Mas agora, algo que eu gostaria de questionar: esse filme bom passou batido por qual razão?
– bom, a princípio um filme que se passa em um ambiente moroso como um escritório não parece ser lá muito atraente, certo? Quanto mais uma comédia.
– o filme teve um lançamento pequeno, em poucas salas de cinema lá fora… e provavelmente em umas duas aqui no Brasil.
– é um filme do Mike Judge. Ele se dá muito bem fazendo coisas pra tv, Beavis e Butt-head foi exibido por anos na MTV, virando referência cultural nos anos 90 e King of the Hill tem várias premiações. Mas quanto a filmes… ele simplesmente não dá sorte. Os filmes são bons, ele é que dá azar. Na verdade, na época do lançamento desse filme, ele mesmo declarou que lidar com a indústria cinematográfica é algo muito emputecedor, e disse que não ia fazer mais filmes após o fracasso de Office Space. Insistiu com Idiocracy, e fracassou novamente. Os filmes são ÓTIMOS. Mike Judge só não tem a sorte de se chamar Michael Bay, um nome que chama gente pro cinema fazendo até ARMAGGEDON.
Como Enlouquecer Seu Chefe
Office Space (89 minutos – Comédia)
Lançamento: EUA, 1999
Direção: Mike Judge
Roteiro: Mike Judge
Elenco: Ron Livingston, Jennifer Aniston, David Herman, Ajay Naidu, Gary Cole, Diedrich Bader
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