Como Ganhar Dinheiros Com Música Grátis

New Emo quinta-feira, 13 de maio de 2010

Pois bem.

Cês lembram das aulas de história, o nomezinho que davam pras sociedades de acordo com o contexto? Sociedade Grega, Sociedade Iluminista, Industrial, blábláblá. Nós veve na Sociedade da Informação agora, manolo! Mas calma, não precisa se preocupar. É a alcunha bonitinha pra dizer que, hoje em dia, vale mais ter a informação do que qualquer coisa. Tipo meio de produção e tal. Por isso Brasil se fode exportando commodities e não a maneira de tratá-los. Mas enfim, apesar de conter dinheiros no meio, o papo aqui é música.

Puxa o banquinho e abre o Toddynho! Mas sem deixar sujeira.

Umas décadas atrás, era muito lucro criar um hype pra uma banda, produzir um álbum, e vender maravilhas em todos os lugares, inclusive na porra da Ásia. Chamava umas entrevistas, uns shows caros, algumas ações malucas e tava feito. Só que, como todas as coisas ficam defasadas e obsoletas, esse sistema não mais funciona. Mudou, mermão. Já era.

Eu me interesso pra caralho no assunto, e fico pesquisando por ae. Uma coisa que notei foi que só as gravadoras, as grandes corporações du mal é que não notaram isso. Ou fingem não notar. Então começa toooooodo um processo de impedimento, que eu já vou explicar.

 The Magik Label

Por um lado, temos as gravadoras, que pressionam por todo o jeito de se perpetuar o seu lucro. DRM, leis, contratos… Tudo que as deixe na vantagem. Do outro, o artista, querendo sobreviver do seu trabalho, e ser reconhecido. E por fim, consumidores finais, procurando preços justos.

Por que não a música é totalmente grátis, já que, afinal de contas, é um produto cultural, de desenvolvimento e acesso?

Por mim, seria. Só que é muito difícil, no contexto atual. Quem sabe no futuro. Aliás, se eu fosse músico de verdade, queria mais que me ouvissem. Então, vamos focar num modelo que eu penso ser o melhor para o momento. Sintam-se à vontade em colaborar com comentários, seus putos.

Sim, voltando. Antes de prosseguir, ou voltar mais um vez, ou quem sabe parar apertando no X vermelho do alto da tela, um conceito para vocês não ficarem perdidos no senso-comum que a mídia vende.

Pirataria – do modo legalista, pirataria é toda cópia não autorizada. Você é um criminoso, meu caro rapaz, por gravar um cdzin e dar de presente pra sua muié curtir uns rock. Você está deixando de alimentar criancinhas na África, tirando o lucro das gravadoras. E pra fechar a ironia, compartilhar é tão nocivo quanto roubar, né? Pirataria deveria ser entendida como as cópias COMERCIAIS. Tipo os tiozinhos na rua que vendem. Mas não os culpo. Você também pensaria em fazer isso se não tivesse um pouco de estudo.

Enfim, matem o Luan Santana. Tem nada a ver com o assunto mas acho ele ridículo. K, faça o favor de detonar a bunda dele.

Achei um graficuzinho dos gastos com cada álbum. É uma estimativa um pouco antiga, e os dados precisam ser corrigidos. Mas vamo usar esse mesmo:

 Não traduzi, nem vem com mimimi

Porra, eu vejo um negócio lucrativo nisso. Mais do que o álbum novo do Slash. Que seja decretada a morte das gravadoras. Lei it die. Pra quê intermediário, só pra aumentar gasto? Eu não vou pagar R$80,00 no próximo álbum do Arctic Monkeys, porque é um absurdo de preço. Nem show vale isso. Que cada artista grave por conta própria, estúdios não faltam por ae. Diminui o custo, e o lucro fica maior pra eles. Que o benefício maior seja da competência do criador, né não?

Vamos aos números. Eu não sei contar direito, então me corrijam por favor.

Na hipótese do MEU sistema, do artista gravando independente E distribuindo digitalmente. O álbum novo da minha banda, a Guttural Sounds From The Shrill Valley, intitulado FFFFFFFUCK, vai ser nesse estilo:

-Anula os gastos com uniões de músicos. Num serve de nada;
-Tira essa porra de embalamento. Por download, só se for empacotar o seu modem;
-Royalties? Manda isso pro inferno junto com as patentes e demais propriedades intelectuais;
-Retira o lucro e custos da loja, já que é online. Só se for pra pagar o servidor. A venda pode ser feita pelo site dos caras;
-Distribuição? Só se for pra pagar o servidor²;
-Lucro da gravadora? Poderia ser do estúdio, e SÓ;
-Custos de marketing são drasticamente reduzidos quando não se contrata um batalhão de spammers. Ou assessores. Já tentou se promover por conta própria? Blogueiros sabem disso. Fuckin’ looooll DIY.

Deixa eu calcular… Dá pra reduzir praticamente pela metade o custo de um álbum, né não? E todos saem ganhando, simples. O problema, portanto, é mudar o aparato legal, o modo de pensamento, e principalmente, as pessoas gostarem de dub. Tá certo, o último nem tanto.

E assim, reorganizamos as coisas. Sem falar que, se um artista decidir lançar toda a sua trajetória em material gratuito, ele não sai perdendo. Ninguém sai perdendo se fizer isso.

Caso minha grandiosa banda decida lançar a discografia toda gratuita pra download, no mesmo dia vamos disponibilizar para vender box pra colecionadores (Quem não gosta de sentir o objeto físico da música?), fotos exclusivas, materiais autografados como camisetas da banda, e mais uma infinidade de coisas do caralho que for que cobririam a renda da pseudo venda de álbuns. E ainda tem o lance de licenciar pro cinema, pra jogo, pra TV, criar gravações alternativas, versões cover, remix, vídeos, shows especiais (Que é onde a banda realmente lucra), usar ferramentas como o Jamendo e o Creative Commons. O mesmo acontece com outros exemplos. O site de download que eu montei, o euupotuupaselesbaixam.com, é praticamente free acount. Mas olha, ali tem uma área premium, pra quem desejar coisa além. O mesmo esquema se dá com games online, revistas online, com sites, e tudo o mais. Claro que temos que balancear, deixar as coisas agradáveis para ambos os lados.

Possibilidades de ganhar dinheiros existem, o que falta é visão de contexto. Cê tá aqui lendo o meu texto, e me achou gostoso me achou legal. Cê quer ler mais coisas minhas, ae vai e baixa o meu livro grátis. Porra, cê adorou meu livro. Aproveitou e pediu pela venda online uma edição exclusiva com ilustrações.

Viu como funciona? Claro que sempre vai existir o modus operandi “ilegal”, mas dá pra minimizar. E na era da informação, quem é foco de atenção sai vencendo. E quem se garantir no trabalho.

Muitas vezes a situação gera ocasiões interessantes. Chris Anderson, no seu livro “Free: Grátis – O Futuro dos Preços”, conta de bandas que gravam mídias no próprio show e vendem a, sei lá, 5 paus. Ou vendem os próprios artigos piratas porque não recebem um centavo das gravadoras. Sem falar dos órgãos que chupam ainda mais, tipo ECAD.

Ahh, tem também os compositores. Mas tal qual outros gêneros de profissão, podem fazer acordos com o lado mais frontman. Ou seja, acertam-se com os intérpretes. Mas deve ser chato negociar com o Cine, sei lá… Uma coisa muito legal desse modelo, além da horizontalidade e colaboração, é a liberdade de fazer o que quiser. Só num dá pra fazer show de suecas nuas milagre.

Diminuir o rigor da porra da propriedade intelectual seria um belo passo.

Imagina, poder ter livros, filmes, remédios, xeroxises, softwares, todo o tipo de cultura, de um modo mais livre?

Mas por favor, acabem com o Luan Santana.

Se curtiu o assunto, aproveite e conheça o movimento do Partido Pirata e o ideário livre.

Post escrito ao som do incrível Diabolus Swingão na Orquestra, e Gerson King Combo.

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