Como Hanna-Barbera dominou o mercado das animações
A entrada da Hanna-Barbera no mercado de desenhos animados deu uma sacudida no mundo das animações e, para variar, reformulou e revolucionou tudo de novo.
Até hoje, questiona-se os métodos utilizados pelo estúdio, que reduziu drasticamente os custos de produção das animações, provocando crise nos concorrentes e praticamente monopolizando o mercado de desenhos até o início da década de 80.
Para vocês terem uma idéia, até o início da década de 60 para produzir um curta animado de uns 10 minutos, como Pernalonga, ou mesmo Tom & Jerry, eram necessários entre 30.000 e 50.000 desenhos. Sendo um trabalho oneroso, com altos custos e, muitas vezes, sem retorno garantido, mesmo sendo produzidas algumas obras-primas.
Até que Joseph Barbera e William Hanna criaram uma técnica especial, batizada de “animação limitada”, onde uma animação, para ser produzida, utilizava apenas 2.000 desenhos (às vezes até menos que isso), barateando consideravelmente os custos da produção.
O processo era bem pobre e simples. Os personagens permaneciam estáticos, com apenas a cabeça se mexendo para os lados e abrindo e fechando a boca para falar. Para facilitar e disfarçar os cortes dos movimentos, os personagens possuíam adereços no pescoço, como colares e gravatas.
Podem reparar que a maioria dos personagens da Hanna-Barbera possuem essa característica peculiar.
Outra forma de cortar custos foi a adoção de um cenário meio fixo. Prestem atenção que quando um personagem está andando pela tela, ele passa sempre pela mesma pedra, carro espacial, árvores e por aí vai.
Isso ocasionou críticas de todos os lados, inclusive com um executivo da Disney (sempre eles) afirmando que nem consideravam os estúdios Hanna-Barbera concorrentes. Por ironia do destino, entre o final da década de 50 e início da 60, os estúdios do Scooby contrataram vários desenhistas da casa do Mickey, que haviam sido demitidos para cortar despesas.
Mas caro Bolinha Bonilha, então como eles conseguiram o sucesso e o respeito que possuem hoje?
Oras, com uma coisa simples que Hollywood sempre deixa de lado: um roteiro fácil de entender.
Apesar da precariedade das animações, as histórias e tiradas dos personagens eram garantia de diversão e risadas, além de retratar com humor e uma dose de ironia o que seria o retrato da típica família americana, atingindo em cheio todas as faixas etárias e divertindo crianças e adultos.
A fórmula fez tanto sucesso que, em 1960, Os Flintstones foi a primeira animação da história exibida em horário nobre na TV americana, reinando absoluta até 1966.
Depois vieram Os Jetsons, Manda Chuva, Jonny Quest, Zé Colmeia, entre outros, até surgir um novo sucesso absoluto para o horário nobre da CBS: Scooby-Doo.
Como já escrevi acima, Hanna-Barbera reinou absoluta até o início da década de 80, seguida por Warner, Universal e Disney, que não davam o mesmo tratamento precário aos seus desenhos e, obviamente, demoravam para produzir suas animações, perdendo terreno para Scooby-Doo e sua turma.
Com a fórmula do estúdio de Jonny Quest já meio esgotada, surgiu nesta época desenhos com temáticas mais adultas, que focavam grupos com super-poderes enfrentando super-vilões, em mundos fantásticos, geralmente extremamente coloridos e enfrentando adversidades, sempre com uma lição de moral no final.
Mas falar sobre esses desenhos é Papo para outro dia e outra coluna.
Afinal, isso aqui tem que durar.
Leia mais em: Animação Limitada, Hanna-Barbera, Jambo e Ruivão, Os Flintstones, Os Jetsons, Scooby-Doo, Tom & Jerry, Zé Colmeia