Compro Qualidade

Nona Arte quarta-feira, 15 de abril de 2009

Umas semanas atrás, numa noite com uma ausência completa de algo bom para fazer, resolvi dar uma rápida olhada no meu Tuíter. Coisa de gente sem muito o que fazer, mesmo. Após acessar minha conta, vou olhando os updates e, então, encontro um comentário relevantíssimo do Kid, do Hoje é um Bom Dia:

Pois é, é triste mas é a realidade.

O ricardus já tocou brevemente nesse assunto, mas sob outro ponto de vista nesse texto aqui. Qualidade. Algo praticamente inexistente nas impressões das HQs brasileiras.

Como vocês devem ter percebido ao longo de anos de compra de HQs, há dois extremos de qualidade de impressão: a boa, encontrada em volumes de HQs clássicas como Preacher, Morte, Sandman etc., que geralmente são impressos em papel off-set de qualidade, com uma impressão decente e tal, sendo vendidas geralmente em livrarias ou lojas especializadas. E, temos a qualidade de impressão utilizada nas HQs vendidas na banca de jornal do seu Manoel, também conhecida por brazilian standard, papel de jornal com dejetos químicos ou merda.

Sério, as impressões daqui são uma coisa deplorável. Papel de jornal, cores diferentes das originais, letras borradas… enfim, uma lástima. Por que as HQs são tratadas com tanto descaso pelas editoras? Vendem pouco? O público alvo não se importa/não reclama da baixa qualidade? HQs ainda são consideradas objeto de leitura exclusivo de moleques remelentos de 8 anos de idade que juntam o dinheiro do lanche para comprar um gibi do Cebolinha no fim de semana? Eu acho que a resposta é: todas as anteriores,mas não vou discutir isso nesse texto.

Peguemos um exemplo de um leitor notório do AOE: o Jão matador Ches. Pelos comentários feitos ao longo dos meus textos, o cara é um fanático pelo Spawn. Suponhamos que ele possua um emprego que pague decentemente. Chega o fim do mês, ele vai no banco, tira a grana, paga as contas e ainda sobra alguma coisa. Desse restante, ele tira uma parte pra depositar na poupança e guarda, digamos, 300 pilas para gastos ao longo do mês, com coxinhas engorduradas e coca-colas geladas/cafézinhos (base da pirâmide alimentar de 70% dos trabalhadores brasileiros). Vai chegando o fim do mês e, ao parar na banquinha de jornal para comprar um Correio de Itaquaquecetuba, vê que a edição do mês de Spawn saiu. Ele dá uma folheada e, ao perceber a qualidade porca da revista, recoloca ela no canto, paga o jornal e volta para sua repartição pública.

Saldo: o Ches deixa de ter um volume de Spawn para sua coleção, o Seu Manoel, dono da banca de jornal, deixa de lucrar em cima do fanatismo do Ches, a editora vai perdendo clientes pouco a pouco e o Rapadura Açucarada vai receber mais grana do Titio Google via adsense.

Mas o que mais me deixa puto é que revistas como Caras, Quem Se Importa? Quer Saber? Acontece e excreções semelhantes, que só servem para dar assunto a donas de casa sem nada o que fazer, vêm impressas num papel bom, com uma qualidade de impressão admirável. Eu quero saber do Justiceiro transformando serial killers em bons samaritanos após uma sessão de tortura, não da festa de aniversário de 2 anos da filha do [Famoso aleatório]. Claro, ambos são supérfluos (é duro admitir isto, mas é a realidade), mas, orra, custava fazer uma coisa decente?

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