Conta Comigo (Stand By Me)
Olha, vocês não são os únicos que acham que os colunistas de cinema foram mortos, abduzidos ou deram aquele chazinho de sumiço. Acontece que todos nós temos diversas outras atividades além desta e quando a coisa aperta, acabamos por priorizar aquilo que ou nos dá dinheiro ou que evite a perda de dinheiro. E embora cerveja com os amigos não se encaixe na descrição, ela também é prioridade. Lógico que cada um de nós tem seus motivos bem específicos. Os meus, por exemplo, se resumem nas palavras faculdade (E exame) e trabalho. Por uma luz divina, no entanto, consegui férias do trabalho e da faculdade simultaneamente – e isso, significa mais tempo para escrever. Decidi então, que vou falar daqueles filmes bem delícia, perfeitos para matar o tempo extra que rola nas férias. E pra começar, a primeira produção que ganha a minha nota 10 aqui no Bacon: “Conta Comigo” de 1986. Vale a pena ressuscitar esse clássico e vou te dizer por quê.
Pra começo de conversa, a maior parte dos noobs não faz idéia de que o roteiro é adaptado de um conto chamado The Body, de Stephen King, o mestre do terror. Porém, o cara é um escritor tão sensacional que inspirou filmes como A Espera De Um Milagre e O Iluminado (Pra não citar outras dezenas), super bons e premiados. Se a base de tudo já era boa, o que foi construído em cima foi ainda melhor. Desde a escolha dos atores aos diálogos (Cheios de significado e muuitos palavrões), tudo foi minuciosamente bem feito. E de forma bastante simples, não é preciso ser o ser mais mela-cueca sensível ou inteligente do mundo para entender. O filme é super claro e auto-explicativo, o que deixa o expectador livre pra prestar atenção naquelas cenas mais legais. A história é contada pelo próprio Gordie (Will Wheaton), que depois de adulto recorda uma aventura que viveu aos 12 anos, junto com mais três amigos. Tudo começa quando o gordinho da turma, Vern (Jerry O’Connell) chega com a notícia de que, ao escutar uma conversa do irmão mais velho com um amigo, sabe onde está o corpo do menino Ray Brower – desaparecido há 3 dias. Depois de inventarem uma desculpa para os pais, os quatro saem em busca do corpo do garoto, pensando que assim seriam heróis na pequena cidade onde vivem. Durante a busca, no entanto, muita coisa acontece, e é aí que estão os maiores presentes do longa.
É impossível citar somente uma passagem ótima. O filme é feito praticamente todo de cenas incríveis e falas bacanas. Dentre as favoritas, posso destacar o início, onde Gordie relembra a cidadezinha de 1.281 habitantes onde moravam, e diz que naquela época, para ele, aquilo significava um mundo inteiro. O jogo de poker, onde somos apresentados aos personagens principais, também é ótimo. Não é qualquer filme que coloca atores de 13 anos fumando debochadamente. Posso lembrar ainda da cena onde os quatro atravessam um lago com sanguessugas e Gordie acaba com uma delas, hmm… lá. No amigão. Im-per-dí-vel! E o mais bacana é que até as pequenas bobagens que aprontam fazem todo o sentido. Dá uma nostalgia lembrar o quanto tudo era simples e divertido quando se era criança. Para os meninos que assistem, fica uma sensação ainda mais forte, já que o filme é a estampa das brincadeiras porcas e brutas de macho. Coisas de cueca. Nem por isso menos interessante aos olhos das garotas. A mensagem abrange e com certeza chega a quem quer que assista, independente de sexo.
E a mensagem maior é, com certeza, sobre as amarguras do período onde não se é mais só uma criança e não se é um adulto, nem um adolescente, de fato. Os personagens tem de lidar com coisas pesadas demais para a sua idade, como um futuro, uma reputação, um pai demente ou até mesmo a morte. Aos poucos, as aflições de cada um são mostradas. Gordie, por exemplo, tem de lidar com a morte do irmão mais velho e a falta de apoio dos pais. Chris já roubou e se depara com as injustiças da vida desde muito cedo (Maravilhosa a cena onde ele e Gordie conversam durante a madrugada). Já Vern é o gordinho sem-noção e que não tem expectativa nenhuma de um futuro promissor. Por fim, Teddy é um moleque violento que sofre com um pai maluco e quase teve sua orelha queimada no fogão. Mas entre todo o peso que carregam, ainda sobram brincadeiras e motivos para risadas. Sobram histórias para serem contadas (Inesquecível Bola de Sebo) e muitas para serem lembradas.
E pra quem assim como eu, sofre de curiosidade, é bacana conferir como estão os atores principais 24 anos depois. O destino de cada um é bem interessante também. O mais conhecido foi o do ator River Phoenix, que morreu aos 23 anos de idade, após uma overdose em frente à boate Viper Room. Johnny Depp, um dos sócios da boate, estava no local e o irmão mais novo de River, Joaquin Phoenix (De Gladiador) também. River foi considerado um dos jovens atores mais promissores da década de 80 e a sua morte, em 1993, foi um tremendo choque. Já Will Wheaton trabalhou em mais alguns longas após Conta Comigo, e atualmente é ator e dublador. Jerry O’Connell virou um gato cresceu e continuou a trabalhar com cinema, você com certeza lembra dele no filme Pânico II. Já Corey Feldman é figura carimbada de filmes de sucesso dos anos 80, dá pra citar Os Garotos Perdidos, Gremlins e claro, Os Goonies. Nos últimos tempos, Corey trabalhou e continua a trabalhar em séries de TV. E bom, o Jack Bauer Kiefer Sutherland você já sabe…
Conta Comigo
Stand By Me (87 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 1986
Direção: Rob Reiner
Roteiro: Stephen King, Raynold Gideon
Elenco: Wil Wheaton, River Phoenix, Corey Feldman, Jerry O’Connell, Kiefer Sutherland
Leia mais em: Aventura, Clássicos, Conta Comigo, Drama, Resenhas - Filmes
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