Crítica – Poder Supremo
Um bom número de nerds deve conhecer o roteirista J. Michael Straczynski por causa de seu trabalho no seriado de ficção científica Babylon 5. Outros devem conhecê-lo pelo seu trabalho na Marvel (Fantastic Four, Silver Surfer, Amazing Spider-Man, entre outros), como é o meu caso. Gary Frank, desenhista, fez seu currículo na Marvel desenhando o Incrível Hulk, os Vingadores e alguns títulos dos X-Men. Straczynski e Gary Frank já trabalharam juntos antes em Midnight Nation (título de autoria de Michael) pela Image Comics. Mas esqueça tudo isso, pois Poder Supremo (Supreme Power) é sem dúvida a obra-prima da dupla. Publicado pela Marvel com o selo MAX, está entre as emlhores hqs que já li.
Basicamente, este é um remake do Esquedrão Supremo clássico, criado por Roy Thomas para ser a versão Marvel da Liga da Justiça. Mas não se engane. Fora os poderes dos personagens, Poder Supremo não lembra em nada o grupo da DC. Eu nunca tinha visto super-seres sendo abordados de forma tão adulta e realista (isso levando em conta que Watchmen só tinha um personagem com poderes), sendo claramente uma crítica á supremacia yankee. “Nip, e quanto á Heroes?”. Heroes é chato, e Jeph Loeb é um imbecil.
A hq se passa no Supremeverse, ou Terra-31916 se preferir. A trama se inicia com uma nova versão do que seria a origem do Superman. Após cair na Terra, a nave em que o bebê alienígina estava foi encontrada por um casal incapaz de ter filhos. Eles levam o bebê e a nave para casa, mas logo são abordados por agentes do exército americano. A criança e a nava são levadas até um laboratório militar, onde passam por uma série de teste para se descobrir de onde eles vieram. Nada é descoberto. Nada além da incrível resistência e força do bebê. O presidente dos EUA enxerga a criança como uma oportunidade de aumentar o poderio do exército, e dá início ao projeto “Hyperion” (homenagem ao Titã grego).
O bebê é levado a uma base militar especialmente construída para simular uma fazenda, e um casal de agentes do FBI é chamado para a difícil missão de criar o garoto. Hyperion, agora batizado de Mark Milton, cresce sob a ilusão de que aqueles eram seus pais verdadeiros. Com o tempo, Mark descobre que não possui apenas super-força e invulnerabilidade, mas também visão de raio-x, super-velocidade, visão e audição extremamente aguçadas, voar e disparar um tipo de laser pelos olhos, poder que acabou sendo chamado de “visão de calor”, por causa de sua aparência e efeito. Mark é o “americano” perfeito, e é virtualmente imbatível.
Mas Hyperion não é o único com super-poderes. Novos super-seres vão sendo descobertos ao redor do mundo, e todos eles parecem misteriosamente relacionados á chegada de Hyperion na Terra. Serão eles amigos ou inimigos? E a situação se complica ainda mais quando Hyperion se cansa de ser o fantoche dos EUA…
Poder Supremo é composto de 3 arcos de 6 edições cada (totalizando 18 edições), e desembocou em três mini-séries e um novo título, continuando de onde Poder Supremo acaba. Cada mini é protagonizada por um dos personagens-chave (Hyperion, Dr. Spectrum e Nighthawk). A de Dr. Spectrum se passa entre os eventos de Poder Supremo, enquanto a de Nighthawk é apenas uma aventura extra, mostrando a versão “Supreme” do Coringa. Já a de Hyperion é continuação direta de Poder Supremo, e prelúdio para Esquadrão Supremo (Squadron Supreme), ainda em andamento. Ah, não confundam o Esquadrão de agora com o que eu citei no começo do texto, ok?
Os desenhos de Gary Frank são muito bons e retratam com excelência os uniformes e personagens. Fazendo uma comparação, é como Bryan Hitch em The Ultimates 1 e 2. Mas a arte não irá parecer tão incrível se você já leu Midnight Nation (o protagonista parece muito com Spectrum).
Poder Supremo é uma ótima revista, e se tornou uma ótima série. Quem gosta de super-heróis DEVE ler esta revista. Quem não curte ver homens usando spandex enquanto se espancam, pode mudar de idéia caso dê uma chance á revista. Aqui no Brasil, Poder Supremo foi publicado na mensal Marvel MAX, da Panini e pode ser encontrado em sebos ou na internet. A saga de Hyperion continua amanhã, quando resenharei Squadron Supreme.