Deixe-me Entrar (Let Me In)

Cinema quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

 Remake americano do excepcional filme sueco Deixa Ela Entrar. Um jovem garoto, Owen, de 12 anos, mora com a mãe e vive uma vida solitária: Não tem amigos e, na escola, é alvo dos valentões da turma. Uma noite, enquanto estava ao pátio do prédio que mora, Owen conhece sua nova vizinha: Abby. Também por ser solitária por natureza, Abby se interessa e se aproxima de Owen, que finalmente ganha uma amiga. Só que Abby não tem os 12 anos que aparenta ter; tem bem mais. E precisa de sangue para poder sobreviver.

Uma justiça tem que ser feita com esse Deixe-me Entrar: Achar que ele seria superior ao original sueco é ingenuidade ou até confiança extrema. Se conseguisse ser melhor que o sueco, estaria em absolutamente todas as categorias do Oscar esse ano. Mas exatamente por ter um nível tão alto, mesmo o remake sendo inferior, ainda é um grande filme e funciona muito bem, com um ou outro deslize, que não afetam de maneira fatal o longa americano. E tem, talvez, a atriz mirim mais promissora no cenário atual de Hollywood.

Chloë Grace Moretz vocês devem conhecer como a Hit-Girl, de Kick-Ass ou como a irmã mais nova de Tom, em 500 Dias Com Ela. Moretz oferece, aqui, sua melhor atuação na carreira e deveria ter sido indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, mas foi prejudicada pela campanha que a Paramount fez para que Hailee Steinfeld entrasse nessa categoria por seu trabalho em Bravura Indômita, apesar de ser a protagonista do filme dos irmãos Coen.

 “You have to invite me in”

A performance de Moretz como a melancólica Abby é impecável: Ela consegue personificar todas as nuances de sua personagem. Apesar da aparente fragilidade e inocência, Abby possui uma maturidade e uma bagagem maiores do que queria ter, por conta de sua idade, nunca especificada, o que também seria desnecessário, isso, soltar um número exato de sua idade. E a Hit-Girl consegue transpôr toda essa melancolia de Abby e todas suas nuances de maneira fantástica, sempre misteriosa, mas sempre demonstrando bondade, apesar de sua natureza feroz. Aplausos para ela, que, infelizmente, foi ignorada pelas grandes premiações.

O garoto Kodi Smit-McPhee (De A Estrada) também se sai muito bem como Owen, mostrando toda a insegurança do personagem e sua ingenuidade, de apenas querer o bem para quem ele gosta. Mas acaba engolido por Chloë Moretz em suas cenas juntas, não por demérito dele, mas por causa do imenso mérito dela. Richard Jenkins consegue uma bela atuação como o amargurado pai de Abby, que tem que suprir as necessidades da filha, carregando um fardo imenso. Mas é sabotado pelo roteiro, que pouco investe em seu personagem.

 Preparando a janta para a filha.

O filme se perde em duas ocasiões: Dar uma maior importância para a investigação policial, sendo que o tema central do filme é a relação dos dois protagonistas, servindo apenas para quebrar o ritmo sombrio da narrativa, dando tamanho espaço para o detetive. O uso excessivo do CGI também prejudicou a força de Abby, transformando-a quase numa Gollum.

Remake americano de um filme feito em outra língua tem um propósito claro: Contar essa história para o público americano, que, por cultura, não é muito chegado a filmes legendados. E é ótimo que em tempos onde o romance proibido para as adolescentes é Crepúsculo, as jovens americanas tenham a chance de ver um excelente romance proibido envolvendo vampiros. E aqui vai-se contra a maré de remakes pavorosos e temos um excelente filme, inferior que o original, é verdade, mas como eu já disse, é preciso ser quase uma obra-prima para ser melhor que o original, contando a mesma história.

E esse pôster pode entrar na lista de piores photoshops de todos os tempos, hein?

Deixe-me Entrar

Let Me In (116 minutos – Drama)
Lançamento: EUA, 2011
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves e John Ajvide Lindqvist, baseado em história de John Ajvide Lindqvist
Elenco: Chloë Grace Moretz, Kodi Smit-McPhee, Richard Jenkins, Elias Koteas, Cara Buono

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