Descaso das distribuidoras incentiva pirataria?
Nas últimas semanas correu a notícia que os camêlos do Rio de Janeiro já possuíam em seu “acervo de venda” o filme nacional Tropa de Elite, de Eliseu Padilha (diretor do ótimo documentário Ônibus 174). Padilha comentou que esta seria uma das primeiras montagens suas para o filme que acabou vazando, no entanto já foram presos os responsáveis pelo vazamento da cópia. Tropa de Elite é um filme policial sobre o B.O.P.E. (Batalhão de Operações Especiais), que combate o tráfico de drogas nos morros do Rio de Janeiro. No elenco, Wagner Moura e Caio Junqueira. Com esta notícia, a distribuidora Paramount resolveu antecipar o lançamento comercial do filme para 12 de outubro nos cinemas e o filme irá abrir o Festival do Rio.
Cena do filme Tropa de Elite.
Esta notícia me inspirou a comentar alguns descasos que as distribuidoras, detentoras dos direitos de exibição dos filmes no país, poderiam evitar para diminuir o impacto desta contravenção, que acumula perdas para eles, os cinemas, as videolocadoras e, até mesmo, os fãs de cinema.
A demora dos lançamentos dos filmes nos cinemas é um exemplo que, com certeza, facilita a procura por “meios alternativos” para assistir o filme. Um exemplo simples é Infância Roubada, filme ganhador do Oscar de filme estrangeiro em 2006, o que normalmente, em função da exposição na mídia ocasiona uma rápida exibição do filme. O que ocorreu, a distribuidora Europa Filmes lançou o filme somente há poucos meses em circuito restrito, isto é, quase um ano e meio depois da premiação, sendo que o filme ainda não foi lançado em DVD, acredito que deve ocorrer em novembro. Outro caso recente, A Vida dos Outros, também ganhador do Oscar de filme estrangeiro deste ano, ainda não foi lançado e está previsto sua chegada aos cinemas somente em novembro (provavelmente em circuito restrito), também pela Europa Filmes.
Infância Roubada
No entanto, isto não ocorre somente com lançamentos “alternativos”, dois filmes bastante comerciais, pelo menos como gênero, estão atrasados há mais de seis meses para serem lançados por aqui. São eles: a aventura épica Os Desbravadores, já disponivel em DVD nos EUA desde o início de agosto, estreia nos cinemas tupiniquins em 12 de outubro; e o suspense americano dos irmãos chineses Pang, Os Mensageiros, que chega aos nossos cinemas em setembro, mas já está disponível em DVD nos EUA desde junho.
Os Desbravadores
Outra maneira de como isto ocorre, é quando a distribuidora agenda uma data para o circuito exibidor e, em função das bilheterias americanas ou mesmo pelos responsáveis da distribuição acharem que o filme não tem perfil de público nos cinemas, alteram diversas vezes a data de lançamento ou cancelam de uma hora para outra o filme nos cinemas e lançam diretamente em DVD. Exemplos deste caso são os recentes cancelados Reine Sobre Mim, drama com Adam Sandler, Temos Vaga, suspense com Luke Wilson e Kate Backinsale, e O Albergue II, continuação do sucesso do ano passado. Todos são produtos comerciais, com atores e gêneros que as pessoas costumam assistir, porém terão seus lançamentos restritos em DVD. Estes três filmes que citei, por acaso, pertencem a distribuidora Sony Pictures.
Reine sobre Mim
Agora digo para vocês, todos estes filmes que eu citei tem fonte para download na internet com legenda e tudo, o quer dizer, pode ser gravado e comercializado ilegalmente como aconteceu com Tropa de Elite. Pergunto: se algum destes filmes vocês quisessem muito assistir esperariam uma solução da distribuidora ou apelariam para o download e/ou a compra do mesmo em câmelo?
Temos Vaga
Este é só um ponto da complexa discussão sobre pirataria, claro que não se pode esquecer que o nosso circuito exibidor é restrito e, normalmente está tomado de meia dúzia de blockbusters, o que impede a entrada de outros títulos estrangeiros e nacionais, mas do jeito que a coisa está, as distribuidoras deveriam tentar encontrar uma saída alternativa para este problema.
O Albergue II
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