Descrição express
Você pede uma pizza. Enquanto espera, você arruma tudo o que vai precisar para comer. Se for solitário, deve ter pedido aqueles negócios que eles insistem em chamar de pizza pequena, mas pra mim é quase como se fosse um peido de pizza, não enche nem buraco de dente.
Ela demora… MESMO. E aí, cê decide ir dar uma cagada olhada na estante, e aí vê que tem um livro que cê nunca leu, nem se lembra quando comprou. Por um incrível capricho do destino, ali dentro tem uns trocados e a pizza vai poder ser paga em dinheiro, sem precisar de implorar pra trazer a maquina de débitos.
E aí, como se fosse mais uma providência divina, o entregador chega! Cê vai lá, todo feliz serelepe e saltitante pegar aquela refeição que você já estava quase matando para ter quando o entregador se sente na obrigação de tentar ser seu amigo: “Boa noite senhor, aqui está sua pizza são… EI! Esse livro tem uma capa bonita! Qual é a história dele?!?!?” E aí, fodeu.
Primeiro e único: Esse povo é chato pra caralho. Eles não se satisfazem como pouco. Não basta contar um pedaço da história. Eles querem saber se o livro é BOM. Pausa para digerir essa sentença, por favor.
Pronto.
Defina um livro bom para você para outra pessoa e você terá vendido sua alma para um demônio. E não vai ser um demônio bonzinho, vai ser um FDP.
Dar uma descrição de um livro que você está lendo, ou vai ler, é a mesma coisa que perguntar pra um mecânico quanto tipo de graxa tem no macacão dele, quantas vezes um atendente de lanchonete já cuspiu num sanduiche, sei lá. Cê pode estimar, imaginar, mas nunca vai conseguir definir exatamente aquilo pra quem perguntar. Não assim, sem ter parado pra contar, pensar.
Me diga como que você pode resumir um livro falando sobre as 7 maiores descobertas da ciência? Quando me perguntaram sobre isso, logo após eu ter lido a introdução desse livro, o que saiu foi apenas: ”É um resumo sobre o que de mais relevante foi descoberto na quimica, fisica, matemática, genética e uma outras coisas mais QUE EU AINDA NÃO LI *faz cara de mal*”.
Detalhe que eu nem podia fugir, já que não basta perguntar, se eles tem chance, eles PEGAM o livro de sua mão e querem dar uma folheada “pra ver se tem figurinhas”!
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Tenho uma teoria sobre essas pessoas: Cada vez que elas pegam um livro da mão de alguém que realmente está o lendo, elas tem a leve e pequena esperança de que TODO o conhecimento do livro vá passar pra ela com base naquele seu breve resumo. Quando elas veem que não adianta nada isso, o interesse delas (Que é o equivalente ao de um plâncton) se dissipa e eles rapidamente querem sair dali. Talvez se eles ouvirem por tempo demais, os cérebros deles comecem a funcionar e eles PENSEM. Onde já se viu uma coisa dessa? Se eles pensarem, como vão poder ouvir funk?!?!
Sorte que tem uns livros que ajudam um bocado nessa missão. O 90 clássicos para apressadinhos é um que já está na minha lista. De que melhor maneira poderei descrever O Senhor dos Anéis sem ter que matar uns 15 no processo?
E é isso. Deveria ter saído um texto sobre zumbis, mas acho que esses sangue-sugas culturais roubaram um pouco de meu cérebro.