Dicas Para Não Cair no Erro Indie
Uma coisa que sempre me atormentou – e com certeza a vocês também – é a indefinição dos estilos, pós-fatídicadécadadedoismil. Antes, era tudo mais fácil. Aquele cara de jaqueta? É punk ou rocker! Aquele cheio de acessórios que acendem no escuro? É um clubber, na certa. E o sujeito de cabelo sujo e camisa de flanela? Deve ser um grunge, ué.
Entendam antes de tudo que não estou pregando modelos engessados. Sair da linha sempre é bom. Sim, eu vi seu sorriso safadinho depois dessa afirmação! O caso é que a coisa tá saindo dos limites MEEESMO. Se você não acha, ou não percebeu, sugiro ligar na MTV pra ver a situação. Ou melhor, SAIR dela.
Tenta definir uma coisa hoje, só pra testar. Analise os seguintes termos, e veja se o caso procede:
– Roupas de cigano;
– Bagunça de palco ao estilo punk;
– Ritmo folclórico do leste europeu;
– Membros de todo canto do mundo;
Se cê acha que tou te zuando, errou feio, puto. Essa banda existe, e se chama Gogol Bordello. Agora me diz como definir ISSO? Tem gente lá que veio da Etiópia, pra se vestir de cigano e tocar um Kalajnikov! Imagina então o perrengue que, sei lá, um idiota editor de uma revista de música passa, ao tentar definir uma coisa como Gogol Bordello? É FAIL na certa, um FAIL bem grande assim, ó: FAIL!
Claro que existe uma coisa chamada identidade visual, estilo próprio e o caralho a quatro. Mas que se foda, eu tou analisando um certo tipo de coisa, e não vou fazer um tratado sociológico de como o eminho da esquina inclina sua franja em 45º, diferente do outro vizinho que segue uma vertente diferente, as das franjas de 90º.
O grande problema em questão, pra você que não sabe (Deve ser caolho e não leu o título), é com os famigerados indies. O dicionário musical que ganhei do meu tio, um conde lá das terras de Lichtenstein, diz que “indie” é uma corruptela de indiependent, OU indieotice, como diria alguém ae. Ora, qual o mal em ser um artista independente, underground, alternativo ou qualquer outra tag desse gênero? Simples, muitos indies não o são. E cá pra nós, tem muito indie que já é um saco, mesmo undergound, sem um real no bolso pra ficar aparecendo por ae como os seus irmãos de estilo.
Antes de partir para os exemplos, devo avisá-los, incautos leitores que penetram nesse vale enigmático **toca a música épica** que pode arrancar a sua inocência, que dentro da vertente indieana, existe muitas outras. Que se fodam elas, basta você saber que tem aquele mais rocker, o que é amigo (E as vezes até namorado) dos emos, os que teimam na música eletrônica, os que dizem pra mãe que são punks, os que se perderam na década de 80, os que fazem cosplay de suecos felizes e blá blá blá… É, rapaz, a parada é tensa.
Veja o Arctic Mankis, uma banda do caralho. Começaram na deles, soltando umas músicas na internet, deram o golpe de sorte pra virarem o hype mundial, e hoje sentam no dinheiro. E estampam o selo da EMI e da Warner nos seus álbuns. Nada contra o cara ficar rico e tal, eu também quero, sua esposa quer, seu avô também queria quando morreu naquela mina de ouro. Mas poxa, se tu se diz que é fora do mainstream, que não vai trair as origens, que não precisa da merda do sistema e se rende a ele no final, pra mim é uma puta hipocrisia. Então que deixe de ostentar o selo indie de qualidade, mermão. O fato não é assinar com uma grande gravadora, mas sim fazer isso se portando como aquela bandinha de garagem, que diz ser cool por não visar a grana.
Mamãe num ia gostar de ver, na adolescência dela, que papai-punk que tocava Ramones de noite, no outro dia dizer que a guerra do Viétinão era bem legal pra mostrar para os vermelhinhos que quem manda é o Tiop Sam.
Tem uns idiotas também, liderado pelo mais idiota dos idiotas, Pete Doherty, que assinam numa EMI da vida. É o Babyshambles. São amigos de empresa do Hot Chip também (Aquela difícil de tirar da cabeça).
Pra continuar a enumeração dos traidores do movimento, véio, passo a bola para a Warner, Sony e Virgin, colossos do cartel e responsáveis por atrapalhar seus downloads. Lá pelos corredores cê encontra a banda de um hit só, The Subways, os caras gente fina do Strokes, a porra doida do MGMT, Franz Ferdinand, os que não-conseguiram-herdar-o-hype-do-ArcticMonkeys The Kooks e R.E.M.
Agora o outro lado da moeda, os que não se contaminaram e continuam a ganhar dinheiro. Ouviu? Dinheiros.
Tem uma mulézinha bem legal, que gosto de ouvir pra relaxar. Parece que tou descansando numa bar com vista pro mar, saboreando um absinto 100% álcool. Cat Power, conhecem? Sua muié deve conhecer. Falando nisso, é um mal negócio levar sua mulher pra um show indie, dependendo do tipo. Vai que eles são aqueles namorados dos emos? A minha, por exemplo, poderia duvidar da minha masculinidade, e perguntar por que diabos não estaríamos num do AC/DC. Talvez porque é mais barato… Seguem na mesma linha o hilário The Fratellis e o super introspectivo The National.
Outra coisa que eu não gosto neles é o nome das bandas. Vou juntar aqui pra cês tentarem achar o mínimo de lógica:
– Dananananaykroyd;
– People in Planes
– Telenovela Star
– Múm
– Explosions in the Sky
– Miniature Tigers
– The (International) Noise Conspiracy
Com certeza é, no mínimo, poético. Eu teria orgulho de chamar minha banda de Pessoas nos Aviões, Mini Tigres ou A Conspiração Internacional do Barulho. Se quiserem rir mais, coluna no Sedentário.
Só sei que nunca mais verei um button da mesma forma, ou uma camisa listrada, um pseudo-cult, calça apertada, um vegan ou até uma KOMBI. Vamos apelar para os deuses macacos do ártico salvarem esse estilo, que vez por outra nos presenteia com coisas legais.
E não reclamem d’eu linkar muito para a Wikipedia, lá tá bem melhor do que os seus professores falam. E tou facilitando o trabalho de noobs, então me agradeçam.
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