Diretores babacas

Cinema quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não dá pra negar, a gente vive num mundo babaca. Eu poderia usar inúmeros argumentos pra corroborar com essa afirmação, mas… Porra, a sensação do momento é o Michel Teló, cara. Nessas condições, é inevitável que indivíduos que tem a babaquice como qualidade mais protuberante acabem proliferando. Inclusive (Ou predominantemente) na indústria cultural. E as minhas recentes experiências cinematográficas indicam que não existe meio com maior concentração de babacas que o cinema, tirando a internet. Então, porque falar mal das coisas é legal, vamos a uma lista pra definir qual o diretor mais babaca do cinema, tanto no pessoal quanto no profissional OLOCO BIXO.

A coisa funciona assim: Cada diretor terá expostas suas características, feitos e tudo o mais, que serão avaliados conforme agreguem (Ou não) pontos à babaquice do sujeito, para assim atingirmos, de forma totalmente imparcial, uma nota final. Como escala, utilizaremos a medida Steven Spielberg, que vai de 1 a 5. Não por ele estar meio babaca ultimamente (Cavalo de Guerra que o diga), mas apenas porque boa parte dos candidatos é adepto da cultura blockbuster fundada pelo diretor e talz. Enfim, parece estranhamente apropriado. Sem contar que ele substituiu as armas por walkie-talkies na versão restaurada do ET, não tem como ganhar disso.

James Cameron

O James Cameron dirigiu o Avatar. Só isso seria suficiente pra colocar ele nessa lista. Mas tem mais, muito mais. Não bastasse ele ser (Ou pelo menos se achar) o grande responsável pela proliferação do maldito 3D, ele ainda é dono de um incomparável senso de grandeza. O que pode deixar seus filmes facilmente insuportáveis, além de fazer com que frequentemente o peguemos no meio de alguma incoerência. Tipo quando ele xingou ostensivamente o Piranha 3D, 20 anos depois de dirigir a pérola do Piranhas 2 – Assassinas Voadoras.

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O que me lembra quando ele criticou (De novo, ostensivamente) a moda de converter filmes 2D pra 3D. O que foi um grande alívio, já que assim nós nunca teríamos que ver o Titanic novamente nos cinemas eOH WAIT

Ok, o Cameron se acha dono de uma tecnologia e conseguiu encher o cu de dinheiro em cima dela, beleza. Mas pra coroar esse sucesso, faltava algo. A consagração deveria vir na maior das premiações, o Oscar. No longínquo ano de 2010, estava tudo preparado. O Avatar seria o filme do ano e o cinema entraria em sua era mas negra. Mas quando tudo parecia perdido, num lapso de sanidade da Academia, James Cameron perde o Prêmio de Melhor Filme E Diretor pra ninguém menos que a ex-mulher. Cujo filme também era uma merda, mas enfim.

Mas não seremos injustos. Apesar dessa visão totalmente rasa e mercantilista do cinema, o diretor já nos presenciou com algumas coisas legais. Tipo o Exterminador do Futuro. E tem também.. Hum… Ah, tem o Exterminador do Futuro 2, que apesar de dar mostras da futura babaquice do seu realizador, é mais legal ainda. Por tanto, quatro Spielbergs pro Cameron.

George Lucas

O George Lucas é um caso especial. Ele começou a carreira junto com aquela porrada de gente criativa nos anos 60. Mas ao contrário de seus colegas, que vieram pra dar um novo fôlego a Hollywood através de histórias mais originais e espontâneas, ele decidiu encarar o cinema como uma simples forma de ganhar dinheiro. Vide ele aconselhando energicamente o Francis Ford Coppola a dirigir O Poderoso Chefão, por causa do pagamento. Ou melhor ainda, quando ele entrou em pânico por estar deixando de lucrar, pela Ameaça Fantasma não ter saído antes do Titanic.

Tudo bem, ele criou o universo do Star Wars e tal. Mas ele só dirigiu efetivamente o primeiro filme da trilogia. E quando finalmente decidiu decidir fazer algo novo, 30 anos depois, o resultado foi uma nova trilogia. Que nem é tããão ruim assim, mas abrange O Ataque dos Clones, uma das coisas mais lamentáveis já produzidas pela humanidade. Para mais informações, recomenda-se essa vídeo-crítica de 90 minutos. E cês continuam comprando edições e mais edições gradativamente pioradas do Star Wars né, puta que pariu.

Ah, e ele é o culpado por termos aliens seres interdimensionais no Indiana Jones 4. Mas, Star Wars é Star Wars, então paremos na incrível marca de 4 Spielbergs e meio.

Terrence Malick

Parece uma injustiça colocar o Terrence Malick nessa lista. E talvez até seja, mas infelizmente ele padece da mesma mania de grandeza que assola tantos outros cineastas. E isso transparece em toda a meia duzia de filmes da sua carreira. Apesar de sempre serem visualmente muito bons, eles carecem de um significado maior. Ou melhor, sempre há um significado. O problema é que o diretor tenta dar a impressão de estar fornecendo uma resposta às questões fundamentais da humanidade. O tempo todo. Tudo bem, pode ser que ele nem seja babaca e realmente se ache um gênio. Mas a fama de recluso, aliada à algumas ações totalmente pretensiosas não ajudam em nada. Tipo quando o Ennio Morricone escreveu uma música específica pra cada cena do Dias de Paraíso e ele foi lá e trocou todas de lugar. Ou quando ele inexplicavelmente conseguiu reunir um dos melhores elencos da história pro Além da Linha Vermelha, só pra depois cortar as participações de gente como Gary Oldman, Viggo Mortensen, Billy Bob Thornton, Martin Sheen, e Mickey Rourke. E mais recentemente, quando ele entregou cada parte do Árvore da Vida pra um editor diferente, o que fez com que o Sean Penn não entendesse o próprio papel.

Só que mesmo com esses delírios ocasionais, os filmes dele ainda tem o seu valor. Então o Malick fica de boa, com 2 Spielbergs.

Michael Bay

Transformers. Apenas isso. Basear uma carreira numa franquia de ação tudo bem, mas deixar filmes com robôs gigantes sem graça? Palmas, palmas. E colocar o Shia LaBeouf como protagonista de alguma coisa não tem desculpa. Nem demitir a Megan Fox. Mas nada disso se compara a mediocridade de reciclar os próprios filmes:

Sem mais, 4 Spielbergs pra ele.

Uwe Boll

Tirando o fato de ter dirigido uma caralhada de terríveis adaptações de games e ser totalmente louco, o Uwe Boll é um babaca no sentido legal da coisa. Pensa, o que você faria se todos os críticos massacrassem incessantemente seus filmes? Certamente não os desafiaria para uma luta de boxe. E foi precisamente o que o Uwe Boll fez. Cinco vezes. Vencendo as 5 lutas.

 Ele não sabe brincar. Ele é Uwe Boll.

Como se isso não bastasse, quando uma petição online pra que ele se aposentasse ultrapassou as 300 mil assinaturas, ele enfurecidamente declarou que era o maior diretor do mundo e que público não entendia seus filmes, entre muitos xingamentos. Mas o discurso foi encerrado com uma frase que é valiosa demais para ser traduzida:

I’m not a fucking retard like Michael Bay.

Vincent Gallo

O Vincent Gallo é um bom ator. E até dirigiu uns filmes bacanas, principalmente o Buffalo ’66. E estaria tudo bem, se ele mantivesse a boca fechada. Mas felizmente ele não o fez, e acumulou insultos aos mais variados diretores ao longo dos anos. Que foram de chamar o Spike Jonze de fraude até acusar o Abel Ferrara de ladrão viciado em crack. Passando por chamar Sofia Coppola de parasita e seu pai de porco gordo. E inacreditavelmente, dizer que o Martin Scorsese é um egomaníaco que vive de passado. Porra, aí não, véi…

Nada de espetacular, mas digno de uma menção pra completar 10 nomes na lista, vai.

Spike Lee

O Spike Lee também tem uns filmes fodas no currículo (Apesar disso acontecer muito mais por causa do Denzel Washington do que pela direção em si, mas beleza). Além disso, ele usa a arte pra alertar o público sobre os diversos problemas sociais dos Estados Unidos, principalmente a questão do racismo. Parece um cara legal, não?

Claro, lutar por uma causa nobre é uma grande atitude, mas a coisa vai um pouco longe de mais quando você começa a criticar o Tarantino, que não prega nada além da diversão absoluta, pelo uso excessivo da n-word nos seus filmes. Ou ainda xingar ninguém menos que Clint Eastwood, por ele não usar atores negros em Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra. Porra mano, nem vegetariano consegue ser tão chato. Pelo menos essa última declaração levou o Eastwood a singelamente mandar ele calar a boca.

 A guy like him should shut his face.

Cara, o Clint Eastwood mandou ele calar a boca. Isso é tipo quando o Obama disse que o Kanye West era um idiota. É de desistir da vida. Tudo bem que o Eastwood deve ser meio que um republicano safado, mas deu pra ver como a crítica do Spike Lee foi totalmente despropositada. Ele deve ser o tipo de cara que coloca fotos de crianças africanas no facebook. E pra piorar, ele tá fazendo um remake do Oldboy.

M. Night Shymalan

Já o M. Night Shymalan segue o rumo contrário. O que demonstra sua babaquice são justamente seus filmes. A menos que ele tenha uma doença degenerativa que o tenha feito esquecer como dirigir, nesse caso, minhas desculpas. Mas caso contrário, ele é totalmente responsável pela queda de qualidade em progressão geométrica que vem ocorrendo desde A Vila. Sério, é inacreditável que um cara que fez algo tão foda quanto o Corpo Fechado acabe regredindo a ponto de ser conhecido por recursos baratos usados pra prender o público em filmes cada vez mais sofríveis, que culminaram com O Último Mestre do Ar. Tanto que no Frango Robô ele virou simbolo de reviravoltas sem sentido algum, com bordão e tudo:

Lars von Trier

O Lars von Trier é outro que sofre do mal de se achar o salvador do cinema, da humanidade e tudo o mais. Por algum motivo isso se manifesta com muito mais frequência entre diretores do que na população em geral. Deve ser pela ilusão de controle absoluto sobre os outros que eles experienciam durante as produções. Mas ele é um grande diretor, tá bacana. Tem apenas um pequeno problema: O chamado Dogma 95, manifesto co-criado por ele, que prega um cinema mais puro, menos comercial e essas coisas. Ótimo, não fossem as regras estipuladas pra entrar nesse clubinho, que limita o uso de determinados recursos que vão de trilha sonora e iluminação, até as atitudes dos personagens. Ideia nobre, pena que essa privação de liberdade vai contra todos os princípios da sétima arte.

Pra acabar, o diretor conseguiu ser banido do Festival de Cannes depois de uma piada tosca envolvendo o nazismo, e declarou que nunca mais dará uma entrevista na vida. Pena.

Zack Snyder

Ah, por onde começar? Bom, o Snyder começou com um remake bem marromeno do Despertar dos Mortos. Depois, veio a adaptação de 300, que ficou divertida bagarai. Tendo se firmado, o até então visionário cineasta ficou encarregado da adaptação de Watchmen, possivelmente a melhor HQ de todos os tempos. E foi aí que os problemas começaram. Ele conseguiu a proeza de escancarar todas as sutilezas do gibi, deixar os personagens mais rasos do que num filme do Michael Bay e trocar o final por algo sem sentido algum. Mas com várias explosões. E mais elegante que o original, nas palavras do próprio. E o mais incrível é que depois do filme deu pra perceber como adaptar Watchmen era uma tarefa bem mais fácil do que parecia, o Snyder só teve a incompetência de tomar todas as decisões erradas possíveis.

Mesmo assim, depois de várias adaptações e uma animação sobre corujas que ninguém sabe que existe, Zack Snyder finalmente emplacou uma história original. Agora sim, liberdade total pra ele mostrar o que diabos se passava em sua mente. E o resultado… Sucker Punch. O filme mais filha da puta da história. Sério, pela primeira vez na vida eu tive que colocar um filme no mute, de tão insuportável que é a trilha sonora. O que não foi nenhum problema, já que a história se resume aos primeiros e aos últimos 5 minutos. O tempo restante é tomado por cenas de luta e explosões envolvendo as protagonistas, nos mais variados cenários. Sem NENHUMA gota de sangue ou peitinho, recheadas com frases de efeito vazias e câmera lenta.

Puta que pariu, fiquei puto só de lembrar dessa merda. O Zack Snyder é o vencedor e era isso. E agora eu vou procurar algo parecido com a cara dele pra socar.

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