Doutor Estranho (Doctor Strange)

Cinema quinta-feira, 03 de novembro de 2016

 Stephen Strange (Benedict Cumberbatch) leva uma vida bem sucedida como neurocirurgião. Sua vida muda completamente quando sofre um acidente de carro e fica com as mãos debilitadas. Devido a falhas da medicina tradicional, ele parte para um lugar inesperado em busca de cura e esperança, um misterioso enclave chamado Kamar-Taj, localizado em Katmandu. Lá descobre que o local não é apenas um centro medicinal, mas também a linha de frente contra forças malignas místicas que desejam destruir nossa realidade. Ele passa a treinar e adquire poderes mágicos, mas precisa decidir se vai voltar para sua vida comum ou defender o mundo.

Eu admito que nunca fui fã do Doutor Estranho. Talvez seja pela questão mística, que nunca me interessou; talvez seja pelo cavanhaque. Ou mais provavelmente por ele não resolver as tretas na porrada, mas isso deve se enquadar na bruxaria. A questão é que… Porra, internet é um caralho, mudei de aba por um minuto e me perdi totalmente no raciocínio. Ok, lembrei: A questão é que a Marvel, nos cinemas, tem um planejamento foda, e até agora não tem feito muita cagada, tendo em vista que não tem quarenta e sete títulos rodando mensalmente, cada um fazendo uma saga diferente [Estou olhando pra você, editora Marvel]. E mesmo que não seja uma adaptação sempre fiel, é bem fidedigna. Sem contar que o Benedict Cumberbatch ostentou um cavanhaque melhor que o Robert Downey Jr..

No entanto, não consigo deixar de pensar que a estrutura dos filmes da Marvel é sempre a mesma: Herói tá bem, merda acontece, feijoada; herói se reergue, salva o mundo, cena pós-créditos engraçadalha. Tudo bem que em time que está ganhando não se mexe, mas se você faz sempre a mesma coisa, a tendência é que fique cada vez menos interessante pra quem assiste.

 Olha a tristeza do povo da Marvel com essa minha opinião.

O que não impede Doutor Estranho de ser um filme do caralho, levando ao velho clichê: “O melhor filme da Marvel até o momento!”

EFEITOS VISUAIS / SONOROS

Eu acho que, finalmente, houve uma alteração no padrão de sempre dos efeitos especiais: A palavra-chave no visual do filme não é destruição, é transmutação [Tudo bem, tem algumas cenas de destruição, mas não é a maioria]: As transformações da realidade, ou transições entre realidades, são algo que não se tinha sido feito no Universo Cinematográfico Marvel [A despeito de ser relativamente velho, vide A Origem, 2010. Inclusive, algumas cenas me lembraram muito o bom e velho Inception]. Não se trata de qualidade, mas de uma nova óptica, um novo jeito de ver as coisas. Talvez isso se dê pelo fato de que, nos outros filmes da Marvel, quando houve magia, era ou “tecnologia tão avançada que não pode ser distinguida de magia”, ou pura e simplesmente energia extremamente concentrada. Tudo bem, talvez a magia desse povo ainda seja energia extremamente concentrada, mas é um conceito levado à outro nível. Os asgardianos não fazem armas ou escudos de energia, eles ainda usam o bom e velho metal; assim como no Homem-Formiga existe um relance de multiversos, mas não da forma como foi apresentado em Doutor Estranho. Caberia dizer, até, que os efeitos especiais são relevantes para o enredo. Eu nem vou falar de uso de manipulação do tempo, já que é a coisa mais ridícula que dá pra fazer: É só tocar o filme de trás pra frente.

 Entretanto, dai até “ver em 3D é essencial” é uma grande distância. E mais uma vez Cumberbatch > Downey Jr.

E os efeitos visuais são aquela coisa de sempre: Bons o suficiente pra você nem lembrar deles.

ENREDO

Como eu já disse, é aquela coisa de sempre: O Benedito Stephen Strange era um neurocirurgião foda, sofreu um acidente, se fodeu pra caralho, até achar sua humildade de volta, e nesse processo ganhou uns poderes maneiros e a responsabilidade de salvar o mundo. Porque se você que pode não salvar, ninguém vai salvar. Cês já tão carecas de saber da jornada do herói.

 “Não achei graça na piadoca.”

PERSONAGENS

É aqui que cada filme da Marvel se diferencia do resto, e não poderia deixar de ser diferente nesse caso. Mas não muito.

Doutor Stephen Strange, como ele sempre faz questão de frisar, é um médico bom de operação que, devido à um acidente de carro [Não usem o celular enquanto dirigem, crianças. Se bem que se você é uma criança não deveria nem dirigir. Ou estar lendo esse site; fora daqui, shoo, shoo] não consegue mais fazer o que mais gosta: Cutucar cérebros com instrumentos afiados. Querendo voltar ao seu passatempo, ele tenta tudo que tiver ao alcance pra curar o dano nos nervos da sua mão. É nessa busca que ele encontra…

Mordo, que é um discípulo da Anciã, não é o que você, fãzoca do Doutor, deve conhecer. Mas tudo bem, já que ninguém nunca é 100% o original nesse tipo de adaptação. O que importa é que ele é o cara do plot twist. Ah, ele também não é um barão.

Falando em Anciã, muito se reclamou pelo fato dela ser interpretada pela Tilda Swinton, que não é asiática. Mas é uma mulher, sendo que o Ancião original é um truta, então ficou eles por elas. Mas não, ela não é morta por culpa de Shuma-Gorath. Shuma-Gorath nem aparece no filme, infelizmente.

Como não poderia deixar de ser, o Doutor tem de ter um par, que no caso é Christine Palmer. E puta que pariu, como a Rachel McAdams é foda. E pensar que ela era Regina George. Se bem que, parando pra pensar agora, naquela época ela já era uma atriz foda, é só ver o ódio que a personagem gerou. Mas enfim, aqui ela é só uma coadjuvante de luxo, já que alguém tinha que exercer a ligação do protagonista com a sua antiga vida, mesmo que momentaneamente. Há quem diga que ela é uma heroína… Tudo bem que ela não é a donzela em perigo que precisa ser salva, mas uma coisa é uma coisa, e outra coisa é outra coisa.

 “Já te falei que Dragon Ball é em outro universo.”

Outro que teve uma alteração radical em relação aos quadrinhos foi Wong, que, se nas HQs é uma espécie de mordomo místico, meio que um Alfred, no filme tá mais pra um sargento durão [Mesmo sendo um dos melhores personagens]. E no entanto ainda manteve a mesma essência, de ser um amigão do Strange.

Por fim, temos o vilão-lacaio Kaecilius, interpretado pelo sempre vilão Mads Mikkelsen. Mas ele nada mais é do que um peão, fazendo o serviço sujo de Dormammu, que, esse sim, é velho conhecido das HQs. Que também é interpretado por Benedict Cumberbatch. Ou seja, a batalha final é entre Cumberbatch e ele mesmo. Talvez por isso ele não tenha usado os punhos.

EASTER-EGGS

É coisa pra caralho, principalmente se você não acompanha as HQs: Tem o bastão [Cajado, sei lá] do Tribunal Vivo, que é um dos seres mais poderosos do universo Marvel [Ou só teve seu nome usado indevidamente]; a varinha de Watoomb, na mão do Wong, durante a batalha de Hong Kong; Stan Lee lendo um livro sobre misticismo e achando uma bobagem; o livro de Cagliostro, místico famoso no século 18, de onde o Kaecilius arranca as páginas de magia; Daniel Drumm, que é irmão do Irmão Vodu e nas HQs é um fantasma; o paciente militar que fodeu a coluna, sobre quem o Strange fala sobre antes do acidente de carro, parece ser James Rhodes, também conhecido como Máquina de Combate; a primeira cena pós-créditos, com o Thor; a torre dos Vingadores no meio de Nova Iorque; a senha do wifi, Shamballa, que na verdade é um arco das HQs; o capacete do Cavaleiro Negro [A espada ia aparecer também, mas foi cortada]… É, acho que tem um ou dois easter eggs.

EXPECTATIVA BLOCKBUSTERIANA PÓS DOUTOR ESTRANHO

Eu só consigo pensar na treta louca que vai ser contra o Thanos, ou em Thor: Ragnarok, que vai ter um Hulk mais próximo do Sr. Tira-Teima do que qualquer outro filme [Ou não]. Mas o próximo filme é Guardiões da Galáxia Vol. 2, e depois vem Spider-Man: Homecoming [Se a tradução for mesmo Homem Aranha: De Volta ao Lar, eu vou ficar muito triste]. E tem o filme do Pantera Negra, e o filme da Capitã Marvel. Eu quero é ver quando anunciarem a fase 4 dessa porra toda.

 “Minhas roupa no varal!”

Tomar no cu, Marvel!

Doutor Estranho

Doctor Strange (115 minutos – Ação)
Lançamento: EUA, 2016
Direção: Scott Derrickson
Roteiro: Jon Spaihts, Scott Derrickson, C. Robert Cargill, baseados na obra de Steve Ditko
Elenco: Benedict Cumberbatch, Chiwetel Ejiofor, Tilda Swinton, Rachel McAdams, Mads Mikkelsen, Scott Adkins, Amy Landecker e Benedict Wong

Leia mais em: , , , ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito