DreamWorks ou Disney/Pixar? – Parte V (final)

Televisão quarta-feira, 06 de maio de 2009

E depois de cinco semanas (seis na verdade) vamos para a última parte sobre o embate da animação digital: DreamWorks x Disney/Pixar.

Não sei se curtiram muito essa série, mas chega a ser estranho quando nos envolvemos em uma coisa e, depois de um tempo, chegamos ao final.

Só sei dizer que valeu a pena, espero que tenham gostado.

Agora chega de papo furado e vamos concluir a bagaça.

Com a vitória de Happy Feet no Oscar de 2007, as grandes resolveram se mexer.

Aliás, já haviam se mexido, em janeiro de 2006, pela bagatela de U$7,4 bilhões de verdinhas, a Disney comprou a Pixar, tornando Steve Jobs o maior acionista individual da casa do Mickey e jogando areia no plano das concorrentes, que tentavam uma parceria com a Pixar.

Enquanto isso, a DreamWorks resolveu apostar nos filmes de entretenimento puro e simples, com poucas lições de moral, muita ação, caretas, qualidade e, por coincidência, a mesma cara para os personagens.

Essa sacudida no mundo da animação rendeu uma divisão interessante.

A DreamWorks com animações predominantemente com estilo blockbuster e recheadas de referência, enquanto a Disney/Pixar adotou a perfeição acima de tudo, só produzindo obras-primas.

Divino!

Tanto que Ratatouille foi aguardado com extrema ansiedade e satisfazendo fãs de todo mundo, mostrando o melhor monólogo de todos os tempos de um filme e consolidando o sucesso da parceria entre as duas empresas.

Além de encher o rabo de Jobs de dinheiro.

Enquanto isso…

A DreamWorks, com a esperada continuação de Shrek, amargou diversas críticas, pois a animação era confusa e tinha um roteiro bem fraco, em comparação aos dois anteriores.

Não deu outra, o ogro ficou fora do Oscar pela primeira vez – perdendo seu posto natural para outro pingüim, desta vez de Tá Dando Onda, e Persépolis, ambos da Sony – e viu o rato cozinheiro fazer a festa no palco de Los Angeles.

Mas a Dream nem ligou muito, já que Shrek Terceiro faturou cerca de U$ 800 milhões ao redor do mundo, batendo Ratatouille, que arrecadou ‘apenas’ U$621 milhões.

Bonitinho… e só

Ou seja, o que interessava agora era o money e que se danasse a perfeição. Pelo menos para a Fábrica de Sonhos.

Mundo atual

O ano de 2007 ainda teve Bee Movie, da DreamWorks, e A Família do Futuro, só da Disney, mas tão irrelevantes que nem merecem ser discutidos.

Mas no pega para capar de 2008, ambos estúdios vieram com tudo.

A DreamWorks com projeto de um Panda lutador de kung fu, em Kung Fu Panda, enquanto a Disney/Pixar chutou o balde com a história de amor impossível entre dois robôs em um planeta caótico, em Wall-E.

Perfeito, pena que muita gente não entendeu

Wall-E foi considerado por muitos a melhor animação de todos os tempos, enquanto Kung Fu Panda foi mais um desenho engraçado.

Mas, notem que a obra-prima da Disney arrecadou U$535 milhões de dólares, enquanto os cinco furiosos e Po arrecadaram U$631 milhões pelo mundo.

Outro detalhe foi que, apesar dos apelos, Wall-E não concorreu entre os melhores filmes (posto só conseguido por A Bela e a Fera), ficando só na sua categoria, e vencendo com facilidade.

Se nem um tigre branco segurou, um robozinho não ia dar conta

Mas, no Annie Awards (que premia os desenhos de acordo com o gosto do público) Kung Fu Panda bateu o robozinho da D/P, quebrando novamente uma sequencia da premiação que sempre seguia o Oscar desde 2001 (quebrada também em 2006, quando Carros venceu Happy Feet, que foi a escolha dos velhinhos da Academia).

Ou seja, mesmo aclamado, Wall-E provavelmente não agradou os mais pequenos e se mostrou complicado demais para um público que queria curtir apenas o desenho, sem ter que pensar muito, coisa que a turma do Po fez com maestria.

A Disney insiste sozinha de teimosa que é

Ainda no fim de 2008, a DreamWorks lançou Madagascar 2, e a Disney solitária, Bolt.

Mais uma vez, a Fábrica de Sonhos deu um pau na Casa do Mickey, com Madagascar faturando cerca de U$600 milhões e Bolt apenas perto de U$300 milhões. Praticamente a metade.

Conclusão

Por mais que as produções da Disney/Pixar sejam perfeitas em todos os sentidos, o que interessa para o grande público é a diversão que aquela produção proporciona, de preferência não fazendo pensar muito. E isso a DreamWorks vem fazendo com maestria.

Tomara que continuem assim, já que gosto de desenhos-pipoca e também curto pensar nos valores que a Pixar (não a Disney, pelamor) tentam passar através de suas produções.

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