Dublagem nos desenhos animados
Se tem uma coisa que gosto muito em desenhos animados é a dublagem. Durante muitos anos, o Brasil foi referência no mercado de dublagem, inclusive sendo elogiado em todo o mundo por conta da qualidade de seu trabalho, principalmente em desenhos animados.
Aliás, breve história, o primeiro filme dublado no Brasil foi a animação Branca de Neve e os Sete Anões, em 1938, nos estúdios da Cinelab, em seguida vieram os outros clássicos da própria Disney, como Pinóquio, Dumbo e Bambi. O responsável por tudo isso foi Carlos de la Riva, dono do maior estúdio de dublagem da América Latina, a Delart. De la Riva foi o primeiro técnico de áudio a trabalhar com dublagem no Brasil.
Como podem ver, a história da dublagem no Brasil, começou justamente nos desenhos animados. E, hoje, o único vício que ainda não perdi, foi justamente não ver desenhos legendados. Para falar a verdade, quando posso, assisto às duas versões, dublada e legendada.
Gosto tanto que não consigo imaginar uma dublagem inesquecível, para mim todas são, desde os primeiros citados acima, até os mais recentes, como A Era do Gelo, Shrek, desenhos da Pixar e, claro, da Disney.
Na TV, há desenhos que se salvam pela dublagem, como o clássico Freakazoid, na voz do grande Guilherme Briggs, e os que já são bons e ficam melhores ainda na nossa língua pátria, como Tiny Toon, os recentes Padrinhos Mágicos e Bob Esponja, entre outros.
Nos anos 90, começou uma febre de artistas ‘globais’ dublarem os longas animados mais famosos, o que me irritou um pouco, na época. Hoje, já aceito um pouco, mas ainda tenho minhas ressalvas. Ou vocês gostam de Cláudia Gimenez dublando Ellie, em Era do Gelo, ou a Heloísa Perissé dublando a Glória, de Madagascar, ou a Priscila Fantin dublando a Sally, de Carros? Só de lembrar dá vontade de dar cascudos em quem teve a brilhante ideia de convidá-las. Há exceções, como Selton Mello (que antes de ser um bom ator, já era excelente dublador) e já dublou até o Charlie Brown de Snoopy (Peanuts), além de vários outros personagens, com destaque ao Kuzco de A Nova Onda do Imperador, e Asnésio de Ducktales, a título de curiosidade. Ah sim, seria injustiça não citar o trio de Era do Gelo, Tadeu Melo, Márcio Garcia e Diogo Vilela, perfeitos nos papéis de Sid, Diego e Manny, respectivamente. Até grandes nomes, como Chico Anysio, no magistral Up, e Fernanda Montenegro, na bomba Nem que a Vaca Tussa, emprestam suas vozes aos personagens que irão conquistar o público depois do trabalho feito.
Infelizmente, o nível vem caindo, e muito, o que já foi motivo de orgulho, agora é de preocupação. Os Simpsons, melhor desenho de todos os tempos, é um grande exemplo, com os dubladores mudando conforme o vento, atualmente o grupo de vozes se mantém, mas não dá para saber até quando.
Outro problema são estúdios picaretas derrubando o preço dos orçamentos, empregando amadores e fazendo um trabalho para lá de ruim. Sem contar a redublagem, mal que assolou diversos filmes por aí. O problema é que, visando o lucro, os responsáveis pelos filmes/séries/desenhos fecham com o orçamento mais barato e acabam prejudicando quem faz um trabalho de qualidade. Perde o estúdio, porque seu produto vai ficar marcado por algo de péssima qualidade, perde o pessoal que tenta fazer um trabalho decente, já que não estarão faturando e, claro, perde o público que tem que ver um trabalho porcaria na tela. Infelizmente, a coisa anda bem feia no mercado e, pelo que vejo por aí, a tendência é piorar.
O jeito é torcer para ver se tomam alguma atitude.
Enquanto se mexem, ou tentam fazer algo, uma homenagem, que acho que já postei aqui, ao maior dublador brasileiro de todos os tempos.
Até semana que vem!