Entrevista exclusiva com Rafael Ribas, diretor do Grilo Feliz e os Insetos Gigantes
Assim como um jovem rapaz que tem a sua primeira noite com uma profissional do sexo, o Ato ou Efeito, em específico a galera do Pipoqueiros, orgulhosamente apresenta a sua segunda entrevista exclusiva, com Rafael Ribas, um dos diretores da animação O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes. Tá achando o quê tanga? Que a gente não é foda? É claro que a gente é foda! E o Théo é tanga. Enfim.
O bate-papo ocorreu por e-mail e vale aqui um agradecimento à Marina Rossi da Espaço Z e à Andréa Senna da Start Desenhos animados que me permitiu realizar a entrevista. O Ato ou Efeito foi o único portal “independente” a entrevistar o diretor e claro, valorizar o cinema nacional, principalmente no caso das animações.
Então pegue o seu baldinho de pipoca, limpe as mãos e leia a entrevista com Rafael Ribas, um dos diretores do filme O Grilo Feliz e os Insetos Gigantes.
1. Como você enxerga a evolução da animação no Brasil? Quais as dificuldades que enfrentou para a realização do primeiro filme e que estiveram ou não presentes na seqüência?
A animação no Brasil evoluiu muito. Isso graças a projetos como o Anima Mundi, que estimulam a produção e o surgimento de novos talentos no mercado.
Outro fator positivo foi o sucesso do “Grilo Feliz”, lançado em 2001, que provou que é possível fazer animação com qualidade no Brasil, mesmo com pouco dinheiro, e este sgundo, com certeza, também vai estimular a produção de longas em 3D no Brasil.
A dificuldade foi e sempre vai ser o dinheiro. Nunca teremos dinheiro para fazer filmes como em Hollywood.
2. Em um mercado dominado por animações hollywoodianas, como é ter uma animação nacional entrando em cartaz e competindo com filmes como Madagascar 2 e Bolt?
É a conformação de que no Brasil, é possível fazer animação de qualidade. É claro que existe um abismo se formos comparar o nosso orçamento com o de Hollywood, mas como sabemos que nunca vamos conseguir ter um orçamento de R$ 200 milhões como eles tem, temos que continuar lutando contra gigantes.
3. Li que a realização do primeiro filme foi um projeto de 20 anos e muita perseverança. Como foi o processo de criação da seqüência?
Graças à experiência com o primeiro, foi muito mais fácil fazer esta sequência.
O personagem do Grilo já está mais maduro. Queriamos aumentar a faixa etária do filme e introduzir novos personagens com uma abordagem mais “infanto-juvenil”. O filme ficou mais divertido e mais “comercial”, isto facilita na hora de negociar com o exterior, que é o nosso objetivo, com este filme.
4. Você acha que as crianças ainda se importam com filmes como o Grilo Feliz, uma linha mais educativa? A gente observa filas enormes para filmes da Disney, Dreamworks e Pixar e só de falar que se trata de uma animação nacional, as pessoas de certa forma se esquivam.
Sim, acho que as crianças, principalmente as menores, que são o público alvo, gostam deste tipo de filme aliás, as crianças absorvem os ensinamentos e mensagens do filme.
Infelizmente no Brasil temos mania de achar que o que é nacional é ruim. Falta muito apoio, o trabalho é muito duro. São 3, 4 anos de trabalho intenso. Eu nunca vi uma crítica de filme ao vivo que comparasse a qualidade da filmagem de um filme nacional com um filme do Steven Spielberg, por exemplo.
5. Por que Jota Quest?
Porque é uma música que todos conhecem, você pode ter 8 ou 80 anos, pode gostar de música ou não, mas tenho certeza que a pessoa já ouviu esta canção, assim como a “Festa”, música que também está no filme.
6. O filme aborda alguns temas sérios e de teor mais adulto como a pirataria e algumas críticas sociais. O público mais novo entenderá essas abordagens?
Sim, já fizemos testes com crianças e elas entenderam. Inclusive o filho de um amigo meu depois de assistir o filme, jogou no lixo todos os filmes piratas que ele tinha.
7. O filme terá uma seqüência? O que esperar do Grilo Feliz e seus amigos? Ele fará sucesso tocando músicas do Jota Quest e da Ivete ou vai partir pra uma linha mais autoral?
Queremos dar uma parada no Grilo e tocar alguns outros projetos que atinjam uma faixa etária mais alta. Trabalhar com o público muito infantil, é mais difícil. Para o Grilo, queremos fazer uma série de TV, que inclusive já está com o piloto pronto.
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