Equilibrium
O ano era 2002, o cinema sci-fi respirava Matrix. Não era a toa, a trilogia dirigida pelos irmãos Wachowski revolucionou o gênero e conquistou uma nova leva de fãs, não tanto pela história, mas pelas cenas de ação (Claro que o público feminino foi atraído pela carinha de mal do Keanu Reeve, mas isso não vem ao caso). Com isso diversos filmes chapinhados de Matrix, que beberam a mesma fonte, e até as vírgulas, surgiram entre 1999 e 2003. Mas o ano aqui é 2002. E foi nesse ano que surgiu um filme facilmente confundido com Matrix, a começar pela capa: Dois homens de capa longa e preta com cara de maus (Na verdade, parece mais de entediados, mas é detalhe). Mas esse filme não era uma cópia barata de Matrix. Barato sim, mas não cópia. Equilibrium de maneira alguma poderia ser comparado com Matrix.
Tudo começa com o fim da terceira guerra mundial. Cansados de tanta violência e morte, alguém percebeu qual havia sido o grande mal da sociedade: A capacidade de sentir. Amor, raiva, inveja, paixão, ódio, cobiça, sentimentos humanos que geraram conflitos. Então, nada melhor para evitar esses conflitos do que acabar com a capacidade de sentir. Assim, surge um governo autoritário, comandado pelo Pai, que distribui diariamente para a população uma pílula capaz de inibir os sentimentos. Encontramos então John Preston (Christian Batman Bale), um dos melhores agentes do Clero Grammaton. Num dia meio conturbado, Preston esquece de tomar sua pílula, e começa a sentir. A partir daí, como se os sentimentos fossem uma espécie de droga, Preston para conscientemente de tomar as pílulas, e tem que esconder isso de seus superiores, de seu parceiro e de sua família. Mesclando cenas de ação e uma história que consegue se desenvolver através de uma premissa meio clichê, Equilibrium conquistou fãs aficionados, apaixonados e fiéis.
A príncipio, esse filme produzido com um baixo orçamento não alcançou em bilheteria nem metade do orçamento, talvez pela falta de divulgação do filme, e por causa do já citado Matrix. O fato é que Equilibrium passou despercebido pelo grande público, mas foi percebido por aqueles mais aficionados pelo gênero sci-fi de ação. O filme não é baseado em efeitos especiais, mas em um enredo que consegue te fazer parar para pensar: Sentir é realmente o grande mal da humanidade? Viver sem sentir é realmente viver? No filme, temos uma sociedade que vive numa aparente calma, um mundo baseado no branco e preto, sem cores, sem vida, com um governo autoritário que caça qualquer coisa que possa causar sentimentos: Obras de arte, livros, filmes, cores. E de outro lado temos a resistência, pessoas que simplesmente não aceitam viver sem sentir, e que salvam qualquer expressão artística, sentimental, muitas vezes arriscando suas vidas. Esse é o pano de fundo para o desenvolvimento do personagem de Bale, que auxiliado pela falta de desenvolvimento dos personagens secundários, destaca-se, porém, isso ao invés de tornar o filme ruim, apenas o torna mais verídico. Muito da história é baseado no conflito interno do personagem, que mesmo antes de começar a ter sentimentos, era atormentado pela morte da esposa. Depois esses conflitos tornam-se mais perceptíveis, o que garante uma maior riqueza humana a trama.
Mas, como não podia deixar de ser também, Equilibrium agrada não somente aqueles que gostam de pensar, mas também os apaixonados pela ação. As cenas de luta foram muito bem coreografadas, e feitas praticamente sem efeitos especiais, possivelmente utilizando o computador para dar apenas alguns retoques nelas. Que, aliás, são poucas, mas excelentes. Uma curiosidade do filme é que, devido a falta de recursos, foi criada uma forma de arte marcial especialmente para ele com armas de fogo, capaz de matar diversos oponentes em questão de segundos. Uma boa tática do diretor para produzir cenas de ação de qualidade com baixo custo.
Resumidamente, isso é Equilibrium: um filme que difere da avalanche de filmes sci-fi pós-Matrix, e que é um bom representante do gênero, tendo muitos fãs apaixonados, como essa que vos escreve.
Equilibrium
Equilibrium (107 minutos – Ficção Científica)
Lançamento: EUA (2002)
Direção: Kurt Wimmer
Roteiro: Kurt Wimmer
Elenco: Christian Bale, Sean Bean, Taye Diggs, Emily Watson
Leia mais em: Equilibrium, Ficção Científica, Kurt Wimmer, Resenhas - Filmes