Espelho, Espelho Meu (Mirror, Mirror)

Cinema quarta-feira, 11 de abril de 2012

 A magia de uma das mais famosas fábulas chega às telas de cinema em uma releitura original e encantadora que conquistará toda a família. Lily Collins (Um Sonho Possível) vive a princesa exilada Branca de Neve e é perseguida pela Rainha Má (Julia Roberts), que governa o reino sem piedade. Na sua luta para conquistar o trono a que tem direito e também para ganhar o coração do príncipe encantado (Armie Hammer), Branca de Neve contará com a ajuda dos leais e destemidos sete anões nessa aventura fantástica cheia de romance, rivalidade e muito humor.

Hollywood anda mal das pernas mesmo, hein? A mesma história foi adaptada duas vezes no mesmo ano, com apenas um mês de diferença na data de estreia. Mas, enquanto a versão com a Kristen Poker Face Stewart é sombria e cheia de malvadezas, essa aqui com a Julia Roberts é um primor de fofura e arco-íris.

Nota do editor: A versão com a Kristen só estreia em junho. Dois meses de diferença.

Então, tudo começa com um reino feliz e contente, onde “as pessoas dançavam e cantavam todo dia” e “não trabalhavam, aquele bando de vagabundos”. Pensando bem, acho que não foram exatamente essas palavras, mas é desse jeito que Julia Roberts começa o filme. E, opa, lá vem mais um live action de Shrek, só que menos engraçado.

O filme é feito de, basicamente, tudo o que era legal até a estreia de Shrek. Tem a princesa que era pra ser uma coisa meiga de Deus, mas luta kung fu? Certo. Tem o príncipe que devia salvar o dia mas é um palerma? Que coincidência, tem. E tem aquela galera que serve de alívio cômico, mas que no fim é levada a sério? Santa paródia, Batman!

Mas, como eu disse, é menos engraçado e mais água com açúcar. Se bem que Shrek 3 e 4 são assim, mas, enfim, divago.

 De boca fechada é lindo.

Os clichês que deveriam salvar o roteiro, ser um “porto seguro, sem erro”, acabam afundando a história em alguns momentos. A forçação de barra pra ser engraçado é tanta que todas, absolutamente todas as cenas com o príncipe lerdão causam vergonha alheia. A vontade de rir vem junto, claro, mas tudo é montado demais. Os atores não ficam à vontade, principalmente na cena final que, pasmém!, é um clipe de MÚSICA. Música indiana, aliás.

A Branca de Neve em si é bonitinha, com ênfase no inha. De início, ela parece possuir uma taturana viva acima dos olhos, mas lá pro meio do filme isso melhora por algum motivo. Talvez seja a mudança de figurino. Ou alguém achou uma pinça perdida no set. Ou o PETA reclamou de abuso e maus tratos e o pobre animal teve que ser retirado do rosto da atriz. Nunca saberemos a verdade.

 SOBRANCELHAS!

Aliás, ela usa esse figurino pra ir “às escondidas” à vila. Provavelmente a aldeia é uma versão carne e osso do mundo de Dora, a Aventureira, onde tudo é colorido e brilhante já que, aparentemente, amarelo é camuflagem.

Agora falemos sobre a suposta estrela do filme, nossa querida supervalorizada Juju, a rainha. Ela tá lá, fazendo um bom papel e cumprindo seu dever, mas nem ela, que é uma veterana e com certeza tinha que ter jogo de cintura pra algumas situações, passa a sensação de espontaneidade. Já os anões fazem o filme valer a pena. Eles são engraçadinhos e abraçáveis, e estão lá pra representar os oprimidos pelo sistema. A vila onde eles moravam agora é pobre, devido aos gastos excessivos da rainha com jóias e festas. E os coitados são obrigados a virarem ladrões.

Pensando bem, aparentemente o filme se passa num cenário comunista de Dora, a Aventureira. Ou numa releitura deveras sutil de V de Vingança. Com inclinações Marxistas e… Ok, então, né, continuando.

Por fim, é um filme legal. Não vai te acrescentar nada, mas vai agradar a patroa e a alguns pirralhos metidos a gente grande. O melhor é a produção técnica. Tudo é vistoso, bonito. O figurino e o castelo são lindos, todos inspirados na cultura árabe. Acho que rende uma meia dúzia de prêmios ou uma indicação ao Oscar por figurino.

Invista se quiser ver o Sean Bean fazendo a dança do ventre. Ah, é, tem o Sean Bean no elenco. Todo mundo sabe o que isso significa, não?

Espelho, Espelho Meu

Mirror, Mirror (106 minutos – Comédia)
Lançamento: Estados Unidos, 2012
Direção: Tarsem Singh
Roteiro: Jacob Grimm e Wilhelm Grimm
Elenco: Julia Roberts, Lily Collins, Armie Hammer, Sean Bean

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