Estereótipos
estereótipo (estereo- + -tipo)
1. Artes gráf. Chapa obtida pela fusão de chumbo numa matriz ou numa impressão. = cliché
2. Trabalho feito com essa chapa.
3. Ideia, conceito ou modelo que se estabelece como padrão.
4. Preconceito.
5. Coisa que não é original e se limita a seguir modelos conhecidos. = lugar-comum
s. m.
6. Patol. Comportamento ou discurso caracterizado pela repetição automática dum modelo anterior, anónimo ou impessoal, e desprovidas de originalidade e da adaptação à situação presente. = estereotipia
De: Dicionário Priberam
Não estamos falando de uma chapa para impressão, nota-se.
Os estereótipos quase sempre ignoram as pessoas por trás deles. Explico:
Quando uma pessoa acaba debaixo de uma classificação, um rótulo, ela tende a perder a personalidade perante os outros, pra assumir (Ainda sob a ótica alheia) os traços do seu respectivo rótulo. Tudo isso é uma confusão externa, onde os outros veêm a pessoa de determinada maneira. Mas, e quando a própria pessoa se acha obrigada a agir de determinada maneira porquê é assim que a estereotipam?
Vamos analisar dois exemplos comuns:
Pessoa 1:
Essa pessoa gosta de ler, de ver filmes e séries. Se considera com bom gosto musical e tende a criticar aqueles com “mau gosto”. Sabe que tem um nível intelectual acima da média e seus amigos em geral, também. Essa pessoa está a meio caminho de ser chamado de Nerd, principalmente pelas “pessoas médias”, ou seja, a maioria do povo do Brasil, que ouve música genérica, não está atenta ao mundo e não sabe de onde as produções televisivas e cinematográficas vêm, a não ser que seja a novela da Globo ou o reality show da Record. Logo, o brasileiro médio irá invocar a (Ainda muito viva) memória do “nerd perdedor americano”, espécie nativa da mídia dos anos 80 e 90, e irá inconscientemente concluir que nosso espécime é um idiota sem vida social, que não transa nem se relaciona normalmente com ninguém.
O suposto nerd pode ignorar tais coisas e seguir em frente, sabendo que não tem nada de errado nele, ou pode provar que é um bosta e alimentar o estereótipo agindo como um idiota. A segunda opção é mais comum, diga-se. Trágico.
Pessoa 2:
Este espécime vive em constante pressão. Precisa manter as aparências a todo custo e lidar consigo mesmo ao mesmo tempo, o que é difícil. E sabe-se lá porquê essa pessoa é coagida por leis (Invisíveis), inventadas em algum ponto da história do Rock and Roll, a se vestir de determinada maneira; a não ouvir, eu disse NÃO OUVIR, nunca, em hipótese nenhuma, outros estilos músicas além do dele e a não sair disso sob pena de… Bem, não sei de quê, de ser ridicularizado pelos outros, eu acho, sei lá. Aliás, a pessoa não deve só não ouvir mas repudiar (Ou dizer que repudia) todo estilo musical diferente, mesmo que tenha sido criada ouvindo Roberto Carlos e ainda goste dele, fato que deve esconder até si mesma se for possível. Esse espécime é o Metaleiro. Assim como a figura do “nerd”, a do “metaleiro” já foi muito explorada e caricaturada. Aqui, o que é bizarro é como algumas pessoas encarnam a caricatura do metaleiro. Ouvem só aquilo que está na cartilha e se proíbem de ter um gosto musical mais amplo, talvez por pose. Notem que eu não nego a existência de pessoas que realmente são muito centradas só no metal, pelo contrário, conheço gente que é assim. Eu acho ridículo é quem se restringe para caber em um rótulo.
O engraçado dos estereótipos é que se definiu em algum ponto que quem ouve metal tem que ser de tal maneira. Quem é “nerd” tem que ser assim e assado. Equívocos. Estereótipos são generalizações, logo, equívocos. E se alguém tenta se encaixar em um pra ser bem aceito ou se mostrar, é errado ao quadrado.
Existem várias dessas generalizações. Em determinados momentos, elas podem ser até engraçadas, como nos programas de comédia por exemplo. Trágico é quando acreditam nelas como reflexos impecáveis da realidade de cada um. É que nem o AC/DC sabe: Parece uma coisa quando se olha, mas ao se analisar as pessoas por trás, cê vê que são quase personagens. Não se deve levar à sério.
(E eu gosto de AC/DC, antes que um de vocês venha de xilique)
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