Estou pensando em comprar um vídeo-game… (Parte 1)
Estava eu fazendo as entrevistas para o Supositório desse mês (que virá com o tema “Gamers“, acompanhe a partir do dia 01 de dezembro) e ao conversar com os entrevistados percebi que as preferências por consoles estão intimamente ligadas á personalidade do jogador.
Juntei isso com o fato de vários amigos me perguntarem qual console eles deveriam adquirir, principalmente frente ás três escolhas da nova geração: XBox 360, Playstation 3 e Wii. Antes de dar a resposta, sempre procuro investigar o que o motherfucker gosta de jogar, sua disponibilidade de tempo e dinheiro, ao invés de simplesmente dizer qual dos consoles eu prefiro.
Como isso se tornou um hábito e pessoas me enchem o saco rotineiramente para tomar suas decisões, resolvi escrever a coluna dessa semana com algumas dicas para que você, pequeno ignorante, faça a sua próxima compra vídeo-gamística de modo mais eficiente e gozoso possível, sem jogar dinheiro fora numa compra por impulso. NUNCA compre um Nintendo DS só porque você A-MOU aquele modelo cor-de-rosa (ouviu, Théo?)
Em primeiro lugar, não compre um vídeo-game se você não vai ter tempo pra jogar. Estou falando sério. Esse é um erro comum de pessoas que acham que estão tendo poucos prazeres hedonistas, e que um vídeo-game vai magicamente transformar sua vidinha de merda em algo espetacular. Os vídeo-games têm esse poder, de fato, mas se você está enfiando eles na sua vida Só AGORA, você vai se frustrar. É como esses putos que compram uma esteira pra fazer exercício em casa e, depois de duas semanas, ela já tá encostada na garagem servindo de base para a casinha do cachorro ou para os engradados de cerveja. Motherfuckers indisciplinados.
Lógico que nunca é tarde demais pra começar a jogar; quanto mais gente jogando melhor. Mas se o último “jogo” que você jogou foi Cubo Mágico ou Banco Imobiliário, é bom saber que vídeo-games são um pouco diferentes no quesito espaço que eles vão ocupar na sua vida.
Você pode jogar Banco Imobiliário nos consoles também.
Jogos requerem tempo e dedicação. Alguns gêneros específicos, como os RPG’s, estão se tornando cada vez mais longos, sendo que é comum enfiar algo entre 50 a 100 horas de jogo para se concluir qualquer um deles. Suponha que você só possa jogar 2 horas por dia, e apenas 3 dias por semana; você vai levar no mínimo 3 meses para terminar UM jogo. Você vai comprar a porra do vídeo-game pra jogar só 4 jogos por ano? Me parece idiota. Melhor investir esse tempo no bar ou com sua namorada. Ou os dois ao mesmo tempo. Mas não deixe ela beber muito, mulher bêbada começa a dar vexame. Qualquer coisa me avisa que eu levo ela pra casa, ok? Pra minha casa, lógico; eu garanto que ela vai melhorar depois de pegar no “taco” pra jogar Super Swing Golf (Wii).
Você não curte golfe? Pena. Sua mulher curte.
Veja bem, jogando POUCO você também vai se divertir POUCO. Claro, ninguém precisa comprar um vídeo-game pra jogar 10 horas seguidas todos os dias; só estou dizendo que dependendo do tipo de jogo que você curte, se você não se dedicar regularmente ao seu treino, você simplesmente não vai conseguir desenvolver as habilidades necessárias para curtir 100% dos seus jogos. No caso dos RPG’s, por exemplo, quanto mais você joga, mais você entende o gênero e aprende a jogar MELHOR e MAIS RÍPIDO todos os jogos de RPG que caírem na sua mão. O seu console passa a proporcionar mais diversão então, porque você pode jogar mais coisas no mesmo período de tempo que gastaria se não tivesse nenhum treino. Você não fica dando voltar pensando no que fazer no jogo, você vai direto ao que interessa. É como ler um livro do Stephen King, você já sabe o que esperar e se prepara para tirar o máximo de diversão do estilo de escrita que o cara tem. Em jargão técnico chamamos isso de “gênero narrativo”, em jargão de boteco chamamos isso de “sacar qualé a do jogo”.
Ah, você não gosta de RPG e acha que isso é jogo de nerd? Você ta querendo mesmo é jogar FIFA e Winning Eleven com os amigos, enquanto detona umas cervas? São jogos mais “casuais” né? Não exigem tanto tempo jogando, hmm?
PIOR AINDA, seu puto. Se você não treinar regularmente você vai levar um couro de todo mundo que pegar no controle 2. Se liga. Você não vai se divertir se perder todas as partidas por 12 x 0. E olha que eu sei que você perdeu pro cara que joga com a Coréia do Sul. E você tava com a Argentina. Eu te falei pra treinar mais.
Se você faz parte desse grupo que botei aí em cima, dos que não têm muito tempo ou disciplina pra jogar, saiba que nem tudo está perdido pra você. Não recomendo a compra de um console “de mesa”, mas sim de um portátil. Essa é uma alternativa que normalmente é negligenciada pelos novos compradores de games. Os portáteis são vistos como uma categoria inferior de vídeo-game, pelos leigos.
Playstation Portable
De certa forma eles estão certos. Até o advento do Playstation Portable e do Nintendo DS, os portáteis eram fracos e muitos atrasados tecnologicamente em relação aos consoles de mesa, mas hoje em dia isso não se aplica mais; o DS possui uma capacidade similar á do Playstation 1, enquanto o PSP simula o Playstation 2. Pode parecer pouco frente á nova geração de consoles de mesa, mas é mais do que suficiente para gerar jogos espetaculares em uma telinha pequena que vai ficar entre suas mãos. Os portáteis já não ficam devendo nada em termos de diversão.
Nintendo DS
Mas por que estou recomendando um portátil pra quem não tem tempo pra jogar? Por vários motivos:
1) Muitas vezes a sua família não está a fim de dividir a televisão com você, principalmente se você quer jogar merdas como Cooking Mama (eu sei que você gosta, ok?). Ninguém é obrigado a te assistir jogando, e ficar dividindo o aparelho vai encher tanto o seu saco como o saco de quem quer usar a televisão pra assistir Zorra Total ou aquele DVD de O Vento Levou. Com um portátil, você tem a televisão integrada ao aparelho, e leva ela pra qualquer lado. Você pode até jogar ao mesmo tempo em que assiste televisão. Um portátil e algmas latinhas de Skol são ótimos companheiros para aquela partida em que você SABE que seu time vai perder.
2) Os consoles de mesa são um pouco burocráticos demais para o jogador casual. Eles envolvem um certo comprometimento, de você ligar o console, carregar o jogo, dar um load no seu save e jogar PELO MENOS até você poder salvar de novo. Dependendo do jogo de sua preferência isso pode levar muito tempo, e dá preguiça monstro de jogar quando você tem apenas alguns minutos disponíveis. E se for pra perder tudo que você já fez no jogo, desligando antes de dar save, então pra que jogar? Os portáteis levam uma vantagem desgraçada nesse quesito: no PSP basta você dar um pause no jogo e colocar o aparelho em standby. No DS, é só você fechar o aparelho que ele pára no lugar onde você estava. Depois, é só abrir o flip do DS ou ligar o PSP para que eles voltem EXATAMENTE onde você parou. O conforto é indescritível, em relação aos consoles de mesa. A liberdade para jogar/parar de jogar é total.
3) Eles são PORTÍTEIS cara! Isso significa que você os leva pra onde quiser. Tá no aeroporto e o vôo atrasou? Fila de banco? Pegando busão pra casa da namorada? Cerimônia de casamento? Matando aula na cantina? Tá no banheiro sujando a louça? Todas essas são óTIMAS oportunidades pra puxar seu portátil e dar uma jogadinha. Um tempo que seria jogado fora e que você pode transformar em um momento de diversão extrema. No banheiro, recomendo que você jogue os puzzles, como Tetris, Picross, Jewel Quest. É impressionante a concentração e clareza mental que você consegue quando está obrando (meus melhores scores em Lumines foram feitos no banheiro). Se bem que eu tentei Medal of Honor ultimamente, e tem sido bom também: os barulhos dos tiros reverberam nos azulejos do banheiro, e parece que você realmente está no meio da guerra. Pra quem escuta de fora, o barulho dos tiros ajuda a desestimular a pessoa a pedir que você saia logo: orra, tá rolando UMA GUERRA lá dentro, mano!
4) Via de regra, os portáteis são mais baratos que os consoles de mesa. Se você ainda está pensando se vai curtir ou não esse negócio de games, é melhor gastar pouco do que gastar muito. A revenda costuma ser fácil também, e por algum motivo me parece que eles desvalorizam menos que os consoles de mesa. Deve ter algo a ver com o fetiche de se ter um gadget tecnológico e tal.
5) Tanto o PSP como o DS possuem conexão wireless, o que significa que você pode acessar a internet de qualquer lugar que ofereça algum serviço wi-fi. Não é a interface mais amigável do mundo, mas pode quebrar vários galhos, dependendo de com o que você trabalha. E, lógico, serve para jogar games multiplayer via internet ou rede local.
6) Os dois aparelhinhos rodam vídeo e mp3, além de textos e imagens. Pra mim isso não é muito importante, pois tenho outros aparelhos mais eficiente pra cumprir essas funções. Mas é importante pra muita gente que não quer acumular um monte de aparelhos diferentes. O PSP sobressai nessas funções paralelas, devido ao tamanho de sua tela, qualidade de som e formato widescreen.
Bom, esses são alguns motivos coerentes para você escolher um portátil. Gostei desse tema e vou continuar na coluna da semana que vem, tratando dos consoles de mesa. Segure sua compra até lá.