Eu apoio a Demi Lovato e você também deveria

Música segunda-feira, 30 de julho de 2018

Não sei se vocês sabem, mas a Demi Lovato quem? foi internada esses dias em estado de emergência. Uns dizem que foi overdose, outros dizem que não foi nada e o resumo do momento é que tem mais boataria e diz-que-diz que fatos realmente. Por que isso é relevante?

 Bem, não é.

Eu não vou linkar porra nenhuma pelo motivo de foda-se, mas a Demi Lovato tem histórico há anos de uso de drogas e álcool e drogas e álcool e cheirar gatinhos drogas. Algo que ela mesma admite prontamente e já fez a fatídica peregrinação banheiro-de-balada/clínica-de-reabilitação várias vezes. Independente do que quer que tenha acontecido pra levar a essa última internação aí, é importante lembrar que não só ela já sabe que tá na merda, como também não é nem de longe a primeira pessoa a estar na merda. Porra, a gente literalmente tem uma lista de gente famosa que morreu por essa mesmo tipo de coisa ainda dá tempo, Demi! e não seria novidade alguma pra ninguém.

Entre debates de vício, sinais de depressão, suicídio, controle de substâncias, preço da fama e mais meia dúzia da outros, quero apontar mais um pra vocês. Antes disso é bom lembrar que todos esses debates são tão importantes quanto inúteis: Eles são assunto por tabela, não por interesse, logo, não vão levar à nada.

Depois de anos tendo problemas com tudo que é substância – e falando, várias vezes, abertamente sobre tais problemas – não é de se espantar que quando a garota dá entrada no hospital em caso de emergência a galera se preocupe. Em outras palavras: Depois de anos da pessoa falando que ela tá mal, quando aparece evidência real que que ela tava falando a verdade as pessoas passam a prestar mais atenção. E com “prestar mais atenção” eu quero dizer “finalmente caiu a ficha pras pessoas que a Demi Lovato pode realmente morrer qualquer dia desses”.

E, como todo mundo já sabe, artista morto é artista genial.

Agora pensa se a Demi Lovato morre. Vai em frente e diga em voz alta “a Demi Lovato era um gênio da música”.

Eu quero ver você dizer na minha cara que precisou de talento pra fazer Camp Rock. Diz que as contribuições com os Jonas Brothers mudaram a história da música. Olha no fundo dos meus olhos e me diz que os jurados do X Factor são a nata da música mundial… Isso… Agora repete tudo sem rir.

Porque você sabe que se essa garota morrer a primeira coisa que vai aparecer vai ser gente falando que Sunny entre Estrelas era uma obra prima da televisão mundial. Você tá realmente preparado pra viver num mundo em que a Demi Lovato é um gênio? Porque eu não estou. Aliás, o mundo já tá numa situação ruim o suficiente sem ter ainda mais fãs posers de ex-estrela teen Disney, o que dirá então de um revival de Glee pra arrecadar fundos pra uma instituição qualquer cuja única função é ser nomeada com nome de defunto. Já tem Instituto Zé da Cova demais nesse mundo.

 Ó o processo.

Eu sei que vocês lembram da morte da Amy Winehouse: Numa semana ela era um caso perdido, na outra era uma liricista e intérprete brilhante que teve a carreira interrompida bruscamente por uma tragédia inimaginável. Meu cu de saia né, velho.

Cabe um monte de debate nesse meio aqui, dos já mencionados acerca de saúde e tratamento até a forma como a mídia trata celebridades, fama e manchetes: O debate da coisa toda é muito, muito maior que este texto aqui até porque este texto aqui é bem chinfrim, então na realidade este é mais um memorando que qualquer outra coisa, uma liçãozinha rápida de história moderna pra quem tem memória ruim.

O interessante dessa história toda, vale ressaltar, é que a Demi Lovato é completamente irrelevante para o próprio circo: Poderia ser qualquer outra celebridade aí. Poderia ser até subcelebridade. Porra, poderia ser até youtuber. Não faria diferença absolutamente nenhuma: Só dar o copiar/colar num nome diferente e pronto, no fim do dia os sites teriam as visualizações, os programas de TV teriam a audiência, a internet teria os textões e assim por diante. Aliás isso vale não só pra “mídia séria” como pras piadas, zueiras e memes também. O que importa mesmo é a receita, a repercução e os pontos de bom-mocismo.

Então é por isso que eu tô torcendo pra caralho pra Demi Lovato viver, se recuperar e voltar a fazer pop porcaria pra gente sem senso crítico: Assim dá pra mandar essa urubuzada toda ir tomar no cu.

No final do dia o que importa mesmo é o que você faz com o seu tempo, e enquanto tem muitas coisas na vida que ninguém gostaria de fazer, também tem coisas que gostaríamos de não precisar fazer mas gostamos de fazer mesmo assim. Pra mim, uma dessas coisas é ver gente se foder. E se “gente” pode significar “uma indústria inteira baseada na exploração parca do infortúnio alheio para dar ração para um público doutrinado de mão-de-obra boçal”, melhor ainda.

O real grande risco dessa história toda é a Demi Lovato se converter e passar a fazer música gospel. Aí salve-se quem puder.

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