Eu gosto de BBB

Televisão sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sim, é verdade. Eu gosto de BBB. E eu também gosto de literatura brasileira, estrangeira, de música pop, de rock, de gato, de ir pra praia, de comédia, seriado, cinema, moda, de sushi, da minha mãe, da minha vó e da Miss Piggy dos Muppets. E eu não sei o que passa na TV aberta de vocês, mas quando eu ligo a televisão, eu vejo que passam programas tipo Jornal Nacional, as novelas das 6, 7 e 8 que não é 8 mas 9, Sessão da Tarde, Tela Quente, Programa do Jô e Big Brother Brasil. Mas, quando eu acesso qualquer rede social, o que eu vejo é gente xingando o último programa que eu citei, compartilhando montagem do Baby da Família Dinossauro, que eu nem sabia que assistia BBB e tinha tanto ódio no coração, o Chapolin Colorado citando alguma frase de super impacto ou algum meme tosco de gente reclamando do reality show. Ou seja: o BBB está mais em alta e sendo mais exaltado por aqueles que NÃO gostam do programa do que por aqueles que gostam, sentam na frente da TV, assistem e acessam sites/blogs/afins que tenham informações sobre “o que rola na casa mais vigiada da TV brasileira”.

Sinceramente, eu não entendo o porquê de tanto ódio pelo programa. Um dos argumentos que eu ouço é que o programa é fútil, que não acrescenta nada, que quem assiste é idiota, não é culto e merece morrer. Ok, nem tanto, mas é tanto ódio que chega a ser bizarro. Mas, aí eu paro pra pensar numa coisinha: Há anos a gente convive com programas tão ou mais toscos, tipo Zorra Total, Casseta e Planeta (Que insiste em estar no ar), Pânico na TV (Eu adoro, desculpa), Domingão do Faustão e um monte de outras produções sem sentido algum ou completamente baseadas no tosco e no grotesco, e ninguém se movimenta pra fazer uma passeata nas ruas ou compartilhar links e imagens de xingamentos gratuitos. Ver BBB é imbecil. Mas ver pegadinhas e achar graça é ok. Me explica o sentido disso, por favor.

Ver BBB realmente não me torna mais inteligente, mais culta e mais sensacional para pertencer à sociedade. Mas ver novela, filme campeão de bilheteria, seriados idolatrados pela massa e talk show também não. Mas é divertido, e isso vale pra qualquer uma das opções. É divertido, é relaxante, deixa a gente satisfeito, faz com que a gente tenha assunto no elevador e não precise comentar sobre o clima o tempo inteiro.

Eu gosto de BBB. E, assim como eu, outras pessoas também gostam. E eu não gosto pra fazer nenhum tipo de análise antropológica sobre o comportamento dos participantes e bancar a intelectual interessada em compreender a humanidade. Eu gosto porque é tosco mesmo. Porque acho graça das conversas paralelas, das briguinhas bestas, das tarefas sem noção ou criativas que eles são obrigados a fazer, das ações publicitárias que rolam por lá (Sou publicitária, deixa eu curtir isso), do tosco e nonsense que é colocado na nossa frente. E não tem problema algum nisso, já que, até onde eu sei, a censura já acabou faz tempo e eu sou livre pra gostar do que quiser, sem ter que justificar meu gosto ou ter que fazer algum teste de QI pra comprovar minha inteligência.

Outro argumento ultra coerente que é usado é que é besteira essa invasão de privacidade, e que o telespectador devia fazer algo melhor do que bisbilhotar a vida alheia. Sejamos sinceros, queridos leitores: Quem daqueles que detestam o programa mais que a vida não brinca de stalker e vai xeretar o Facebook do ex, da pretendente, da irmã gata do amigo, do primo da colega que é boy magia? Quem não para pra falar dos outros, comentar sobre a roupa da amiga que deixou ela gorda, pra falar sobre o amigo que parece gay, pra dizer que o namoro de alguém não vai dar certo e que as escolhas das pessoas são erradas, porque não são de acordo com as suas? Todos os dias, sem perceber, a gente se mete na vida alheia do nosso vizinho, e nem por isso a gente é burro, fútil ou desocupado. [Nota do editor: Na verdade, é. Desocupado, mas é.] É normal do ser humano se interessar pelo que acontece em volta, comentar e procurar saber a cena do próximo capítulo da novela da vida real. Acho graça de quem diz que é perda de tempo ver a vida de anônimos exposta na televisão, uma vez que vemos tantos outros programas feitos com personagens que também eram anônimos antes de conhecermos eles e, pior: São irreais. Depois de um tempo vendo BBB, os participantes viram personagens, também. Que a gente acompanha, se identifica, detesta, ou desenvolve algum tipo de sentimento, bom ou ruim. E vê a realidade através de várias câmeras. Tipo a nossa realidade, sabe? Tipo quando você se desentende com as pessoas, fala coisas bestas ou coerentes, vai pra balada e faz bobagem, fica com quem quiser na noite e não recebe o rótulo de pegador ou vagabunda.

E não coloco em questão se o programa é manipulado ou não porque, sinceramente, não vai fazer diferença alguma. As novelas da Globo criam personagens e nos guiam a amar ou odiar os mesmos, criando vilões e mocinhos. Então, qual o problema em serem criados vilões e mocinhos no reality também? Qual a diferença entre ver um filme, que tem início, meio e fim, e ver um reality show, que também tem início, meio e fim? A diferença é: Questão de gosto. E, mais uma diferença: Há o julgamento de quem te acha tosco por gostar de algo que você é livre pra gostar, se quiser.

Não tem nada de errado em gostar ou não gostar de BBB. Mas a diferença é que quem gosta assiste. Quem não gosta, xinga a mãe, o vizinho e o cachorro de quem curte e assiste. E, percebam: Quem não gosta do BBB acaba dando mais ibope do que aqueles que gostam e ficam vendo a continuação do programa nas redes sociais por conta daqueles que estão prontos pra xingar. Sabe a história do “Fala mal, mas paga pau”? É mais ou menos isso. Quem odeia o programa fica perdendo tempo falando mal e dizendo que quem assiste perde tempo justamente porque assiste. Coerência ligou e está querendo falar com essa galera que pensa assim.

E ainda há quem diga que na TV brasileira só tem lixo, programa feito pra gente burra e que não tem capacidade de ler um livro ou ver algo que preste. Só não sei onde que está escrito ou onde clica pra baixar um manual sobre o que presta no mundo e o que você pode gostar ou não para não ser considerado burro/incompetente ou imbecil. Na minha humilde opinião, esse julgamento e ódio exagerado é que é burro e imbecil (Não to chamando ninguém de burro, antes que alguém me jure de morte. Porém, burro é o exagero na perseguição daqueles que gostam do programa e sentam pra ver o Bial se comunicar com as galere tudo).

BBB é trash mesmo. É confusão, bagunça dentro e fora da casa, movimenta quem vê, quem não vê, quem gosta, quem não gosta, e fica no ar três meses e depois é esquecido o resto do ano. Ninguém morre ou se machuca. E o povo que reclama e diz que quem tá na casa é burro também não ganha nada com isso. E algum dos burros de quem eles falam vai sair milionário. Quem tá por cima então? Brinks, amigos. Vamos com calma nas pedras.

Então, não sei o que vocês acham, mas eu tenho uma dica muito boa e que com certeza funciona muito para aquelas pessoas que não gostam de BBB e quase tem um AVC quando o programa está no ar: Muda de canal. É tiro e queda.

E eu não tenho nada contra quem não gosta de BBB e vive na sua. Assim como também não tenho nada contra quem gosta de BBB e vive na sua. Ninguém é obrigado a gostar disso ou daquilo, e muito menos obrigado a deixar de gostar e se sentir inferior por causa de suas preferências. Sabe liberdade de escolha? Tem gente que escolhe tomar café preto. Eu escolho ver Big Brother. E tu pode escolher ver também, ou não querer nem chegar perto. Podemos ser amigos? Levantem as mãos pro céu, todos: Deus já inventou o controle remoto e o botão de LIGA/DESLIGA.

Querido leitor, se tu odeia o BBB, não me odeie. Eu não odeio você. Só odeio essa tentativa de iniciar a terceira guerra mundial nas redes sociais e nas ruas por conta do reality show.

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