Filantropia forçada

Analfabetismo Funcional segunda-feira, 08 de dezembro de 2008

Dar dinheiro pra um mendigo na rua pode ser considerado para alguns uma coisa ruim, se você considerar que o cara vai usar aquela sua preciosa moedinha de DEZ centavos pra tomar uma cachaça no bar, ou vai ali comprar tóchico, pra ficar doidão. Para esses que tem essa idéia, talvez sejam os mesmo que ao receber uma ligação de uma casa de velhinhos ou pessoas em reabilitação (entenda como drogados arrependidos) vão logo dando algum troco maior que pode ser depositado na conta corrente do grupo. Até que semanas depois se descobre que aquele lugar que você estava ajudando foi desmascarado: Era um ponto de refinamento de cocaína ou algo parecido. Nunca se sabe, mas pode acontecer.
Depois de tudo isso, o que mais resta a se fazer? Se você tem um coração BOM e quer ajudar os outros, existem as maneiras mais seguras, como comer um big-mac ou comprar aquelas pulseiras gays coloridas. No meu caso, sendo eu um leitor compulsivo, a minha maneira de ajudar é comprando livros. E é exatamente por causa de uma notícia recente que eu venho falar disso aqui para vocês.
Recentemente, vocês que andam pelas livrarias devem ter percebido que tem um livro novo da autora de Harry Potter, a J. K. Rowling, um livro que leva o título de Os Contos de Beedle, o Bardo. Bom, ainda não cheguei a ler ele, nem o folheei, mas a notícia que li sobre isso me chamou a atenção. A renda líquida total da venda do livro será doada para um grupo filantrópico, mantido pela autora e aquelas bagaças de sempre que fazem algumas pessoas chorarem. Pessoas com sentimentos, antes de tudo, eu não derramaria uma lágrima que seja por causa disso.
Mas o mais legal ou bizarro disso tudo, sei lá, ainda não me defini muito bem sobre o fato, é que quem compra o livro se sente mais leve, mais feliz, como se estivesse realmente ajudando uma pessoa ou um monte delas, como é o objetivo disso tudo. Não sei sobre vocês, mas entre comprar um livro ou alguma HQ que seja revertida para essas instituições e sair por aí convidando mendigos para comer alguma besteira, fico mais tentado a escolher a opção mais divertida. A segunda, só pra esclarecer bem.
Sei lá, olhando tudo isso de doações e filantropia, dar dinheiro por uma grande causa me faz sentir um vegetariano, daqueles que se sente parte de um todo só porque não come carne ou por algum motivo mais idiota. Mas voltando aos livros, polêmica é com outro cara, não sei fazer isso direito.
Normalmente, a maior causa com a qual uma pessoa colabora ao comprar um livro é ajudar o autor a fazer sua refeição no dia seguinte, ainda mais se você tem a sorte de conseguir comprar o livro direto das mãos dele, o que por si só já se torna uma coisa desesperada, pois se ele faz isso de vender seus livros na rua, quer dizer que a luta tá feia. Esse é mais um dos casos que prefiro ajudar, acredito que meu dinheiro seria mais bem usado do que jogar ele em um volume que nem pode chegar a ser de conhecimento do autor que foi vendido.
Mas é claro, se o livro vale a pena mesmo, não importa se é pra uma causa boa ou não. Se me dissessem que aqueles livros da série A torre Negra teriam sua renda revertida para invasões de costas francesas ou focado para extinção de Suricat’s, eu ignoraria o aviso e compraria mesmo assim.
Mas, no fim das contas, não importa se a causa é boa ou ruim, se o material realmente valer a pena, a venda é garantida de qualquer maneira ajudando alguém ou não, não é?

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