Filmes cabeça

Primeira Fila sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Você já deve ter estado numa situação onde um grupo de pessoas discute um filme específico (se você tiver amigos e ver filmes), e cada uma possui uma visão diferente para os acontecimentos do mesmo, você pensa o que eu estou fazendo aqui, este filme é muito ruim não entendi nada nele e estes loucos estão procurando explicações para o que ocorre em cena enquanto eu só queria comer pipoca e dar uns amassos na gatinha.

Pois bem, há um variedade de filmes obrigatórios de serem assistidos pois os mesmos viraram referência do que se chama FILMES CABEÇA, ou também filmes cult, volta e meia alguém pode fazer um comentário sobre o mesmo e você ficar boiando, loser. Claro que você pode argumentar que não gosta de filmes que não tenham menos do que 10 cadáveres ou cenas de lesbianismo, porém, lhe afirmo que vez ou outra vale a pena “viajar” nas imagens, sons e atores de determinados filmes, esquecendo o lado racional e lógico de tudo o que nos cerca, como se fosse uma experiência sensorial.

Para você saber do que estou falando aqui uma listinha básica da série como dar um nó na cabeça ou mesmo, não acredito que eu assisti este filme e não entendi nada:

CIDADE DOS SONHOS: Ninguém atualmente faz filmes mais sem pé nem cabeça do que David Lynch, desde os anos 80, Lynch nos brinda com perólas como Veludo Azul e, sua mais popular obra, Twin Peaks (afinal quem matou Laura Palmer? virou febre mundial). Em Cidade dos Sonhos, todos os ingredientes da obra peculiar de Lynch estão presentes: personagens bizarros e misteriosos, anões, mafiosos/bandidos e uma incrível incompreensão do que é real ou sonho/ilusão. Além disso, há Naomi Watts em início de carreira e, até, cenas de lesbianismo (viram é possivel unir dois gostos diferentes). Lynch é mestre em criar filmes cabeça, afinal, sua narrativa dificilmente é linear (como a maioria dos filmes atuais), Lynch brinca com flashbacks, delirios, sonhos e, ainda, modifica a ordem cronológica das cenas sem avisar o telespectador anteriormente, portanto, temos um “nó neurológico”.

Naomi Watts nos seduz e confunde em Cidade dos Sonhos

MAGNóLIA: É uma pena que Magnólia seja mais reconhecido pela famosa “chuva de sapos” (literal), porque afinal as pessoas sempre tentam encontrar explicações para eventos que simplesmente servem de simbolismo dentro da trama? Na verdade, o filme é um épico (até mesmo na duração, são três horas) sobre os dramas humanos como a relação de pais e filhos, tendo em sua narrativa mosaico (são mais de dez personagens interligados de alguma maneira) um roteiro forte e impactante que não cede para a fórmula “final feliz”. Além disso, Paul Thomas Anderson filma a fantástica cena que representa o clímax do sofrimento vivido por todos, que acabam se unindo ao cantar uma mesma música, Wise Up (de Aimee Mann, responsável pela trilha). Se você ainda quer teorizar sobre a chuva de sapos, há muitas interpretações que vão desde um evento ao “acaso”, como os mostrados no início do filme, há uma intervenção divina (prestem atenção em determinado momento do show de auditório aparece um cartaz no público com os dizeres Exôdo 8:2, onde se encontra uma referência á rãs). Mistéééério!

É um pássaro, é um avião…

Amnésia: Christopher Nolan (hoje mais conhecido por Batman Begins), exibiu todo seu talento de diretor num grande exercício de lógica e técnica narrativa, afinal, a história começa no que deveria ser a última cena e termina na sequência que deveria aparecer no ínicio do filme. Cada cena de Amnésia se inicia com o final da cena seguinte (hein?). Depois de sofrer um trauma, Leonard (Guy Pearce) passa a ser incapaz de se lembrar de fatos que acabaram de ocorrer em sua vida, porém, precisa descobrir o assassino da sua mulher, para isto começa a tatuar informações no seu corpo para informá-lo já que, em seguida, irá esquecê-las. Mesmo sendo uma trama simples sobre vingança a maneira como Amnésia é montado cria um verdadeiro quebra-cabeça no formato de um filme, imperdível.

Não esqueça de anotar o nome do filme

Obviamente, a lista poderia ser maior com títulos como Donnie Darko (de Richard Kelly), Preso na Escurisão (de Alejandro Amenabar), Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (de Michel Gondry) entre outros, mas, já serve de aperitivo para você se entrosar com os filmes mais confusos/incompreendidos dos últimos anos.

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