Filmes com Matthew McConaughey (before he was cool)

Primeira Fila segunda-feira, 25 de julho de 2016

Invadi essa bagaça, com enxadas na mão e armas engatilhadas, mas o terreno tava vazio, então foi pacífico. Mas me instalei para, toda segunda-feira, dar diquinhas de filmes. Novos, velhos, obscuros, gótico-rurais, pra ver debaixo do edredom com o crush e qualquer coisa que vocês sugerirem, porque sou dessas.

Vou começar deixando seu início de semana mais bonito, falando desse que – de príncipe das comédias românticas ruins, como Trovão Tropical e, outras nem tão ruins, eu estou falando de Como Perder um Homem em 10 Dias – virou o queridinho de Hollywood ao vencer o Oscar por sua atuação em Dallas Buyers Club e com seu enigmático Rustin Cohle, na maravilhosa primeira temporada de True Detective.

AVISO: Tem um Matthew McConaughey desfilando pelo Bacon Frito.

O que muita gente não sabe, ou não lembra, é que Matthew McConaughey tem uma carreira sólida desde Jovens, Loucos e Rebeldes, do diretor mais indie do cinema, Richard Linklater. Isso foi em 1993. Apenas cerca de 10 anos depois ele se renderia às sucessivas tramas água com açúcar que estamos acostumados, virando sucesso comercial e o sonho de consumo de todas entre todas as mulheres da face da terra. Mas vamos ao que interessa, porque as dicas não vão se escrever sozinhas.

Dica #1 – Tempo de Matar (A Time to Kill) – 1996

Um jovem advogado defende um homem negro acusado de matar os dois homens que estupraram sua filha de 10 anos. O caso toma proporções extremas quando a KKK ressurge na cidade. Filme dirigido por Joel Schumacher.

Esse filme toca em temas bem fortes e, apesar de ter a Sandra Bullock no elenco, vale a pena assistir porque é MUITO BOM. Nele, Matthew McConaughey interpreta o advogado praticamente falido Jake Brigance. É um cara que trabalha com o coração, não sabe cobrar honorários e presta serviço a pessoas que, geralmente, não podem pagar o que ele cobraria. Sua carreira dá uma guinada quando Carl Lee Hailey (Samuel L. Jackson) assassina, a queima-roupa, os homens que estupraram sua filha de 10 anos. No Mississippi, um estado reconhecidamente racista.

Jake, então, passa a ser perseguido por várias pessoas dispostas a cometer muitos crimes de ódio ao ressuscitar a KKK, colocando sua vida e família em risco enquanto tenta fazer justiça para seu cliente, em um caso praticamente impossível.

Como espectadora, torci para a libertação de Hailey, porque estupro é um crime hediondo. Motivado por racismo, soma mais um pra conta. Se enquanto pai ele toma uma atitude compreensível, enquanto assassino é, pela lei, indefensável. O filme te coloca, em diversos momentos, no limiar entre o certo e o errado. O elenco conta com outras ótimas participações, como Kevin Spacey e os Sutherland, que não interpretam pai e filho, o que deixa tudo muito bizarro já que eles são meio, só meio, parecidos.

Tempo de Matar exaure o potencial de McConaughey como ator, especialmente pelo impacto da temática. Nos deparamos com um protagonista inicialmente cru e perdido, com poucas perspectivas e ambições, que se torna enorme diante do enfrentamento que lhe é imposto. Apesar de ser fã de Killer Joe e de Dallas Buyers Club esse, provavelmente, é meu filme favorito dele.

Dica #2 – O Poder e a Lei (The Lincoln Lawyer) – 2011

Mike Heller (Matthew McConaughey) é um advogado que adora ganhar dinheiro fácil. Quando ele é contratado para defender um jovem acusado de tentativa de estupro e agressão, pensa ser o caso de sua vida. Até descobrir que nada é o que parece. A direção é de Brad Furman.

Olha só, nessa fase da carreira ele já tá encostando no sucesso. Curiosamente, é um filme onde ele interpreta um advogado que é a completa antítese de seu Jake Brigance em Tempo de Matar. O Poder e a Lei conta a história de Mike Heller, um profissional escroto, antiético e que tem, como principal marca, o escritório mais legal do mundo: A praia O banco de trás de seu belo Lincoln. Para quem não sabe, é um carro de luxo.

Acostumado a defender pequenos criminosos, é chamado por Louis Roulet (Ryan Phillipe), playboy herdeiro de uma família de milionários, que é acusado de agredir e estuprar uma garota de programa. Segundo ele, injustamente, o que não faz qualquer diferença para o advogado. Acreditando ser o maior caso da sua vida, ele aceita prontamente o trabalho, mas se vê envolvido em uma trama muito mais complexa do que esperava e que o faz repensar sobre o tipo de pessoa que se tornou e sua relação com a profissão e o dinheiro.

O filme é dinâmico, com um desenrolar tenso e surpreendente. Brinca com clichês, mas em nada fica comprometido. Tanto McConaughey quanto Phillipe fazem um ótimo trabalho nos papeis de destaque. Especialmente, é um ótimo entretenimento, mixando aquela vibe típica de filme de advogado (Que é praticamente um gênero) com suspense. Vale preparar aquela pipoquinha gourmet com azeite trufado e conferir no domingo a tarde.

Dica #3 – Obsessão (The Paperboy) – 2012

Ward (Matthew McConaughey) retorna a sua pequena cidade para fazer a cobertura da prisão de Hillary Van Wetter (John Cusack), acusado e condenado à morte por assassinato. Os problemas começam quando seu irmão mais novo começa a se envolver com uma mulher misteriosa que mantinha contato com o prisioneiro. A direção é de Lee Daniels.

A história do repórter Ward Jensen, que volta pra casa para cobrir um crime e encontrar seu irmão Jack (Zac Efron), sem muitas esperanças após deixar a Universidade, tinha tudo para ser comum. Tentando fazer o papel de primogênito protetor, Ward contrata o irmão mais novo para ajudar na apuração do caso Van Wetter e tudo correria dentro do esperado se não fosse pelo surgimento de Charlote (Nicole Kidman), noiva do acusado, que se envolve com os Ward. Ou entre os Ward. Escolha o que preferir.

O filme tem um ritmo e uma métrica bastante incomuns, que dão ares de estranheza. Alguns planos também podem incomodar a alguns espectadores. Sugestão arriscada, porque é um daqueles ame ou deixe-o. Eu amei. De todos, foi o único que assisti sozinha, mas gostaria de ter visto com alguém. A necessidade de discutir a trama transbordava de mim e eu só tinha minha taça de vinho e os restos de sushi para me acompanhar.

Apesar de reticente no inicio, em geral me surpreendi positivamente. A maior surpresa foi Zac Efron, que defende muito bem o jovem Jack. Não deve ser fácil, com a alcunha de galã da Disney e tendo como maior sucesso da carreira High School Musical, trabalhar ao lado de veteranos do cinema, em uma trama cheia de twists. Nicole Kidman também se destaca, alternando momentos de extrema sensualidade, com ternura e nuances de perigo. Maravilhosa! John Cusack nem se fala. Dá um workshop de atuação, como o destemperado Hillary Van Wetter, exatamente o tipo de personagem que o ator gosta. Talvez, só talvez, essa indicação não seja exatamente sobre McConaughey, mas pelo conjunto da obra.

Ajudem a amiguinha com sugestões de temas para as dicas da semana que vem nos comentários aqui embaixo, no Twitter ou no Facebook. A cada comentário, um casal de pandas procria na China. O planeta agradece!

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