First World Problems: Books (Ou “Tá virando uma série essa merda”)
Estou fora de forma. Não, não estou falando da minha amável forma de barril, mas sim da minha capacidade de leitura: Não só estou mais devagar como estou me concentrando menos, estou lendo pior, estou tendo de reler mais e… Estou menos interessado na leitura. Vamos ao mea culpa.
Já tem uns meses que praticamente parei de ler. Acho que não li nem três livros desde o fim do primeiro trimestre do ano, uma média de meio livro ao mês, provavelmente minha menor média desde os sete anos de idade. E por que isso? Acho que porque cansei. Nos últimos três anos uma das coisas que mais fiz foi ler, e li de tudo. Vários livros foram resenhados aqui no Bacon, mas não todos. Depois de três anos consecutivos lendo mais do que já tinha lido na vida, cansei, me encheu o saco. Eu não aguento mais ficar horas e horas parado, lendo. Cheguei, há anos atrás, a ler o quarto Harry Potter em três dias, com direito à uma maratona de mais de doze horas, algo que nunca repeti e que agora não tenho nem mais vontade e condições físicas de fazer: Como disse, estou fora de forma.
Eu ainda gosto de ler, provavelmente nunca deixarei de gostar, mas a verdade é que não leio mais. Nunca fui muito chegado à revistas, muito menos jornais, mas agora prefiro ler uma matéria num deles à pegar uma nova série para começar. Minha leitura atual se resume à meia dúzia de sites e blogs, ou seja, textos mais simples e curtos, na internet: Nunca gostei de ler digitalmente, e ainda não gosto, mas é o que mais tenho feito em termos de leitura… Pelo menos não me converti aos e-books.
O exemplo é o livro que estou “lendo”, Confissões de Santo Agostinho. É, eu sei que não é a melhor das opções, afinal, é um livro de certo modo religioso, que passa várias e várias linhas de cada parágrafo louvando à Deus e os caralhos, o que o torna repetitivo e cansativo: Não é um livro divertido. Ainda assim, é um livro de 446 páginas, em letra grande, num tema que me interessa… Quando peguei esse livro na biblioteca, com uma semana de prazo, achei que o leria em questão de dias. Porra, eu achei que ia ler o troço tão rápido que não ia nem notar direito. Tenho que devolvê-lo amanhã, segunda-feira, e não cheguei na página 200. Eu dormi lendo-o duas, DUAS vezes, algo que, três anos atrás, eu teria uma vergonha absurda de mim mesmo por deixar acontecer.
Mas não é uma questão do que eu estou lendo, é da leitura em si. Tenho no mínimo vinte livros aqui em casa para ler, posso comprar mais porque eu sou RYYYYCA, posso pegar livros na biblioteca, posso baixá-los: Opção não falta. Há a facilidade, há o acesso, há o material… Porra, o material é o que mais tem! Se alguém, algum dia, fizer o cálculo de quanto demoraria pra ler cada obra disponível no mundo hoje, tenho certeza absoluta que chegaria fácil fácil na casa das centenas de milhares de anos. Eu estou com os livros como estou com os jogos, mas ao menos com os jogos eu estou tentando. É até estranho se for considerar que entrei no Bacon, inicialmente, para falar exclusivamente sobre livros.
Essa falta de vontade de ler acabou levando então à minha atual forma, como já disse. Estou lendo pior, seja para mim seja para outra pessoa, estou com dificuldade de concentração e, para mim a pior de todas, estou BEM mais devagar. Minha leitura dinâmica está num estado deplorável. E tudo isso leva, é claro, à uma escrita pior. Eu sempre cometi uns erros horríveis de português, principalmente por falta de atenção – perguntem pro Pizurk procêis verem – mas agora estou cometendo erros “de verdade”. Erros daqueles de não lembrar se uma palavra é escrita com jota ou com gê (É tão estranho escrever o “nome” das letras) ou se é tudo junto ou separado. Erros de concordância nominal! O que antes eram erros por pressa e falta de revisão passaram a ser erros por falta de costume, falta de leitura. Isso, pra mim, beira o imperdoável.
Aposto que geral aqui já ouvi aquela de “saiu da escola, a escrita só piora”. Esta é, obviamente, uma besteira sem fim. Se assim fosse teríamos salas e mais salas de autores, todos repetindo o colegial de propósito. As duas bases da escrita são a leitura e a prática, nessa ordem de importância, só depois vem todo o resto. Com a minha primeira base fodida, o que me resta é a segunda, e verdade seja dita, o Bacon não é algo que, a cada texto, espera uma nova obra-prima. Não que não tenha exigência de qualidade ENTÃO PODE DEMITIR TODO MUNDO, INCLUSIVE EU, só não é uma corrida. Ainda assim, se não fosse o Beico, se não fosse escrever aqui toda semana, eu estaria numa situação ainda pior se é que é possível.
Qual a solução? Não sei. Eu sei que a culpa é minha, sei de medidas efetivas que posso tomar (No caso dos livros até já comecei com algumas), mas a vontade ainda não existe. Eu não tenho vontade de ler, de abrir um livro, de conhecer aqueles personagens e saber o fim da história…
Escrevi essa última linha com o maior entusiasmo possível: Eu gosto dessa merda, acho mais divertido que ir ouvir o pen drive do David Guetta, ir ver se o Rubens Ewald Filho tem razão sobre um filme qualquer, assistir o Danilo Gentili entrevistar candidato (Aliás, se você gosta disso, faz o favor de clicar no xis vermelho alí no canto), ver como o Bátema morreu de novo ou conseguir todos os achievements no mais novo lançamento do ano. Gosto mais de ler que de fazer tudo isso, mas ultimamente, e já há um tempo, estou quase pagando para não ler, e se a solução para isso está em algum livro, fodeu.
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