Fórmulas, formas e moldes
Escrevo esse texto num domingo de noite, faltando algumas horas para ir dormir. Então, se daqui a uns minutos eu parecer chato, quer dizer que eu babei no teclado e estou escrevendo por osmose. Pense nisso como uma aula de biologia, só que sem as provas:
Mas vamos começar essa bagaça.
Estava falando com minha esposa essa semana e ela me instigou a pensar sobre o tema dessa coluna. Diversas pessoas recorrem a livros de auto-ajuda para se descobrirem, desabrochar, se tornarem pessoas melhores. Pelo menos é essa a intenção que elas tem ao pegarem nesses livros, certo?
Eu sempre acreditei nisso, mas não poderia estar mais errado.
As pessoas levam tão a sério o que está escrito ali, que acabam piorando. Um exemplo? Contou-me ela que uma certa mulher resolveu ler o livro Porque os homens amam mulheres poderosas?. Beleza, ela tinha acabado de sair de uma relação que o cara havia deixado ela por outra, aquela coisa de cara que deve ter achado o pau no lixo, sei lá. Lendo o livro, ela acabou se identificando com um dos estereótipos que ele apresentava: A mulher capacho. Nem li esse livro, e minha esposa um dia aposto que vai ler e me contar, mas, até chegar esse dia, fiz uma busca sobre o que isso significa no oráculo e achei uma definição, só pra ilustrar:
Na psicologia o termo é usado para mulheres que possuem uma grave dependência emocional. Elas não possuem poder interior, vontade própria, não sabem expressar o que querem, não verbalizam o que sentem, se contentam com “raspas e restos”, concordam com tudo o que as pessoas falam, são facilmente influenciáveis, com enorme desejo de aprovação e reconhecimento exterior, sem auto-confiança, o que faz com que elas se preocupem demasiadamente em agradar os outros, esquecendo as suas necessidades. Não possuem projetos individuais, (…) a mesma não dá ouvidos, e não consegue ver que está com o homem errado.
Simples assim. Pra resumir a história mais ainda. A mulé ficou pior. Acabou se trancando, se isolando dos outros, se fechando para o mundo. Sei que alguns de vocês dirão “ESSA VACA PRECISA DE UM SUCO DE PICA!”, mas isso acredito que acabaria a tornando pior do que já está, pois ela acabaria retornando a uma relação que acabou a jogando onde está agora.
Nunca fiquei perto desses livros por tempo suficiente para ter uma boa opinião sobre eles, e esse nem é a questão aqui, falando nisso. O principal desse texto é chegar ao centro do motivo que leva alguém a ler algo para se sentir pior. Diferente de um livro de suspense ou terror, que você já começa a ler com a intenção de cagar tijolos, esses outros se propões a tornar quem o lê alguém diferente, melhor para si próprio e para os outros.
Sério. Me divirto vendo essas pessoas que acabam se encaixando em fórmulas para melhorarem. Desde aqueles vendedores da Herbalife até os que acabam entrando em correntes, são pessoas que acreditam que da noite para o dia poderão se tornar aquilo que querem, sem nenhum esforço. Se você é o que lê ou vê, porque se tornar algo igual a todo mundo?
Individualidade é aquilo que o torna único, você. Isso explica porque temos tantos retardados únicos hoje em dia, que se vestem da mesma maneira, falam do mesmo jeito e ouvem a mesmas músicas. Nem chego ao quesito do que eles leem, porque isso seria demais, dizer que eles colocam os olhos em algo além dos livros obrigatórios do colégio. Sim, porque essa cambada de hoje em dia que será o nosso futuro amanhã nem devem saber quem é Tolkien.
E isso que ainda nem cheguei ao quesito de qualidade de leitura, que deixarei pra uma próxima vez. Mas para concluir, vamos pensar em uma coisa: Se algo é certo pra um, tem que ser o certo para todos? Eu posso recomendar algo para você, mas dizer que você TEM que fazer isso, é outra coisa.
Deixo você por aqui. E se chegou a esse ponto, ainda com dúvida criada lá no começo: Sim, eu sou casado.
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