Fuse (Julianna Baggott)
Tem gente que realmente não aprende com os erros. Lembra de tudo o que eu reclamei sobre a primeira parte da trilogia Puros? Então. Tirando a parte da tradução mal feita, tá praticamente igual.
Mas puta merda, como eu quero ler o terceiro volume logo!
No final do primeiro livro, Patridge, Pressia e Lyda estão separados, guardados pela ex-OBR – Que agora é do bem e tals – e pelas Mães. Depois de uma certa enrolação, o filho de Willux é re-capturado e levado de volta ao Domo. A partir daí, começa uma tentativa de retomada daquele lugar limpo, saudável, seguro e alienado, de dentro pra fora.
Cê sabe que tem alguma coisa muito errada quando dá pra se resumir um livro de quase 500 páginas em quatro linhas. Fuse é muito maior do que devia ser. Há muita coisa que acrescenta pouco, e muito personagem fresco que não sai de chove não molhe, do “não devíamos amar por que o mundo é uma merda” e do triângulo amoroso desnecessário.
Chega, né, galera? Conflitos assim soam muito inverossímeis. Muito forçados.
Outra coisa que continua a incomodar bastante são os personagens e subplots fodas que surgem apenas pra desaparecerem no capítulo seguinte, o que acredito ser o ponto mais fraco da autora. Ela não tem lá muito foco. Imagino que seja daquelas que praticamente bate a cabeça no teclado, e o que sair, saiu tipo eu.
Ainda tem, inclusive, um terceiro aspecto da série que me dá nos nervos: Não conseguir gostar de verdade dos protagonistas. São corajosos e cheios de fibra demais. Perfeitos, praticamente. O tipo de gente leal e forte, que dá pra usar de chaveirinho na mochila de tão fofo. Não são tridimensionais, não dá pra imaginá-los fora do papel como gente que se esbarra na rua, com quem se faz amizade. À exceção, é claro, de um certo comandante do exército de miseráveis. Ele sim é um puta personagem, muito bem trabalhado e palpável.
Não sei vocês, mas eu, pelo menos, gosto quando rola química entre a minha pessoa e a pessoa no papel.
Mas Aliiiiiine, se tem tanto defeito, por que você ainda lê essa bosta?
Bom, por que a construção do cenário é perfeita. É tudo negro, depressivo e existe feiúra e maldade até mesmo na perfeição. Gosto do jeito que a autora, apesar de enrolona, leva a construção da aparência dos personagens. Sem falar que dá pelo menos uma merda a cada cinco páginas. É um daqueles livros que termina, impreterivelmente, em cliffhanger. Ou seja: Guarda na estante e já rói a unha pelo próximo.
Como disse na primeira resenha, não acho que vá mudar a vida de alguém. A Julianna Baggott é enrolona, apressada e tropeça nas próprias pernas. Mas, ainda assim, a mulher sabe contar muito bem uma história. Sabe o que usar pra te manter com os olhos grudados nas páginas – só isso já vale as dilmas investidas no livro. Por causa da habilidade de entreter e de chocar, defendo que funcionará muito melhor como filme do que funcionou no papel.
Recomendo pro meio das férias, quando cê tiver já meio cansado de tanto trabalhar e tiver precisando de ação brainless, pra distrair.
Fuse
Ano de Edição: 2013
Autor: Julianna Baggot
Número de Páginas: 463
Editora: Grand Central Publishings
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