Gears of War 2 pode salvar sua relação
A vida é cheia de surpresas neste universo grandioso, fascinante e povoado por porcos assassinos. Quando você acha que as mulheres são umas inúteis no mundo gamístico, eis que do nada esses seres maravilhosos te surpreendem e confundem. Não estou falando dos porcos, prestenção porra.
Caso você não tenha acompanhado, eu escrevi uma porrada de textos sobre a desabilidade e ineficiência das mulheres para lidar com vídeo-games.
Foi legal. Euri. Mas, para muito além das piadas, o valor destas pequenas reflexões estava em sedimentar de forma permanente uma idéia em minha pessoa: a idéia de que mulheres servem para muitas coisas, algumas extremamente divertidas, mas que elas não servem pra jogar vídeo-game. Tudo bem, isso não é um defeito grave. É só uma constatação, afinal, eu também não sirvo pra fazer compras, só pra citar UMA das habilidades eminentemente femininas que eu, com a graça do senhor, não domino.
Então, semana passada eu tava jogando Gears of War 2, que aliás é um puta jogo e cês deviam parar tudo que tão fazendo agora e ir lá jogar. Eu tava feliz, curtindo aquela vibe assassina que só um jogo de tiro pode lhe ofertar, passando o cerol na galera, admirando os cenários e a sequência cinemática do jogo e etc. GOW2 tem aquela qualidade de conseguir manter a adrenalina rolando o tempo todo, jogando eventos e inimigos na sua cara com frequência, e variando a jogabilidade entre as fases. Ainda por cima, é um jogo de ação que praticamente não tem loading, o que eu acho um atributo indispensável num jogo desse gênero.
Porra, GOW2 é do caralho mesmo. É um daqueles jogos definidores de console. Merece até um vídeo:
CARALHO, isso me empolga. JURO pra vocês que a motosserra me emociona mais que headshot nesse jogo. Enfim, eu tava na metade da campanha, gostando muito do jogo. Tava até trabalhando mais rápido e saindo antes do trampo pra voltar pra casa e jogar mais, vocês sabem como é; um homem não pode negar a importância de certas atividades, e algumas tarefas gamísticas precisam ser cumpridas a despeito do que o mundo lá fora exige de você. Eu posso ser noob, mas tenho um coração gamer. Meu trabalho é jogar.
Eis que no fim-de-semana, depois de um lauto almoço, quando eu estava preguiçosamente babando e quase dormindo na poltrona em homenagem ao sábado, minha mulher vira pra mim e diz:
“E aí MOTHERFUCKER, quer matar uns aliens ou vai ficar aí dormindo o dia todo SEU FDP?”
Na hora eu pisquei os olhos, franzi as sobrancelhas e fiz aquela cara de:
Eu levei um bom tempo pra sacar que ela tava ME CONVIDANDO pra jogar Gears of War em 2 player. Nunca na minha vida bêbada eu imaginaria que uma mulher me convidaria pra passar a motosserra em aliens, mas estava acontecendo de fato. É o tipo de oportunidade que não se repete na vida e, incrédulo, peguei os dois joysticks e passei um deles pra mulher.
Liguei o Xbox, comecei o jogo, loguei o perfil dela e o meu, e ela continuava segurando o joystick. Porra, ela ia jogar MESMO, não era zoação.
Comecei o jogo num misto de descrença e saco cheio, pensando que ela logo largaria do controle e que eu ia perder um tempo do cacete ensinando os comandos pra ela. Mas daí, outra surpresa: ela pegou os comandos do jogo mais rápido do que eu, e em questão de minutos ela se tornou uma companheira de equipe mais útil que os personagens controlados pelo computador. Porra, depois de uns quinze minutos de jogo ela já tava XINGANDO os inimigos e correndo atrás deles com a shotgun. Eu não botava fé.
Mais algumas horas de jogo e ela refinou as habilidades com o personagem, jogando no mesmo nível que eu. Tipo, ela se tornou um parceiro de jogo no qual dava pra confiar, trocando comandos do tipo “vai por ali que eu vou por aqui”, “me dá cobertura que eu vou pegar o sniper por trás”, “atira na cabeça dele” e o mais importante “ME AJUDA QUE EU TÔ MORRENDO PORRA!!1”. Sério, pela primeira vez na vida eu respeitei uma mulher gamisticamente.
Pra encurtar: nós terminamos Gears of War 2 em dois dias, e foi extremamente satisfatório pra mim poder jogar pau-a-pau com uma mulher. Na próxima semana explorarei mais sobre o assunto, tentando entender como alguém que não sabe nem dar hariuken pode ser um companheiro tão bom quando se trata de passar a motosserra em aliens.
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