GRANDE Tim
Faz umas semanas que se completou 12 anos da morte do GRANDE Tim Maia. Se eu tenho esse espaço, devo ao menos uma homenagem a essa emblemática figura que todos que nasceram até os anos 90 conheceram.
Quem nunca se pegou cantarolando algo dele? Ou ao mesmo, sentir-se motivado pelo soul/funk de sua música. Não, porra, não é esse funk. Vê se esquece o Bonde do Tigrão de uma vez por todas, isso é vergonhoso.
Tim Maia tinha uma voz impressionante. Talvez, por nosso país ser carente em vozes masculinas potentes, a dele seja ainda mais espetacular. A fórmula é simples, faça de uma ilha um lugar só de mulheres, e mesmo que cê solte o homem mais feio lá, ele será visto como rei. Mas ao senhor Sebastião Rodrigues Maia não faltava majestade. Todo o tapete estendido era pouco.
E haja tapete! Hoje em dia pesquisadores ainda tentam decifrar qual foi o maior dos volumes, se foi a lacuna deixada, a saudade, ou até mesmo as quantidades cavalares de cannabis ingerida por esse gordinho descarado, que falava sem piedade e aguentou o que poucos suportariam.
É até engraçado analisar a obra do Tim. Metade das músicas são animadas e a outra metade é tudo triste. Uma hora cê tá dançando empolgado com sua nêga, passando aquela mãozinha esperta na bunda dela, e na outra se pega cantando me dê motivoooo, e quem sabe, roubando o lenço de choro da sua muié. Hmm, não, não faça isso, melhor meter o dedo no olho e fingir que foi um cisco.
Aliás, de todo o modo, o que faz agradar ao ouvir Tim Maia? Enquanto equalizava meu singelo subwooferzinho, notei aquilo que os MP3 excessivamente comprimidos deixam escapar, a qualidade. A banda de apoio, Vitória Régia, é um show à parte. Não sei muito sobre ela e vocês que se fodam pra procurar saber.
Falando nisso, lembrei também de algo que impressiona nele, o descaso. Ou talvez a diversão. O que importa é que o Tim não tava nem ligando, tendo um seu whisky, o pózinho na saída e o lugar pra cantar, ele ia lá pra se divertir. Às vezes não aparecia, é verdade. Às vezes quase sempre, né? Se desse, o cara arrumaria até treta com a mãe do produtor/iluminador/câmera/engenheirodesom/olhaoagudo/aumentaograve.
“Fiz uma dieta rigorosa, cortei álcool, gorduras e açúcar. Em duas semanas perdi 14 dias.”
Pois é, tínhamos um filósofo e não sabíamos. Ouço o théo se remexer no sarcófago onde repousa sua pele num banho de sangue vindo do QUREPÚSCULO, o mesmo théo que tempos atras afirmou que música NÃO É poesia. PRA QUE letra? Théo, vá se ferrar, mas música com letra também é do caralho, principalmente de um filósofo que diz que
“Não fumo, não bebo e não cheiro. Só minto um pouco.”
Ahh, mas lá está vindo aquela turba xiita novamente. Aquela mesma que não entende que música não é saber tocar 35 notas em um segundo, ou qual agudo é melhor que o outro. Vamos lá, deixe-me adivinhar o pobrema do Tim Maia. Não, não vou adivinhar, fodam-se de novo e com mais força.
Reza a lenda que certa vez o grande Tim teve um show marcado num dos altos do Rio de Janeiro, onde tinha que subir com bondinho. Senta e prest’enção, que essa eu escutei no Por Toda Minha Vida. O cara atrasou por três horas, exigiu pagamento em money vivo, e se recusou a subir no bondinho. Então, sagaz como sempre, soltou essa:
“Manda o povo descer que eu faço o show aqui na praça!”
A sensação que fica de tudo isso é de uma pessoa vivida nos extremos. Um exemplo próximo, sem precisarmos regatar um do infernu, como a Amy Casadovinho. Lembro que quando prestei atenção nele de verdade, eu vivia com força a onda punk, minha playlist era recheada de Misfits, Dead Kennedys, e claro, Ramones. Qualquer coisa que não tivesse pelo menos um FUUUUUck the system! era vista com olhos de sniper assassino. Mas porra, é difícil não se encantar com uma coisa dessas:
Não assista se você ainda tiver alguém pra gostar. Conselho útil, digo logo.
Então, fica aqui a minha pequena homenagem, a um dos poucos que tornaram a nossa música melhor. Assim como a banda Djavú, claro.
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