Grandes desenhos do passado – Ducktales
Antes de começar a febre dos animes e dos cartoons cartoons, a Disney e a Hanna-Barbera (Junto com outros estúdios, como retratado aqui) reinavam absolutos com seus clássicos e pintavam e bordavam nas telinhas. Só perdiam em audiência para os seriados super-sentai da Manchete à tarde, mas aí é outra história e para a galera otaku do Sake com Sal.
Até aí, nada de mais, a maioria seguia o padrão de uma história contada por episódio, começo-meio-fim e pronto acabou, com algumas raras exceções. No caso da Disney, suas animações eram baseadas nas características clássicas dos seus personagens, focado na maioria das vezes no trio Mickey, Donald e Pateta.
Até que em 11 de setembro de 1987, foi exibido nos EUA o episódio-piloto de Ducktales, culminando em sucesso instantâneo lá e desembarcando no SBT em 1988, no Show Maravilha (Lembram disso?).
Ao contrário do que imaginam, tio Silvio tratou como um desenho comum, colocando nas manhãs do programa da Mara. Não sei se é verdade, mas algumas mães, revoltadas porque seus filhos não queriam ir à escola para ver o desenho, ligavam raivosas para emissora. Como o Patrão não é besta, mandou o desenho para o fim do programa, naquele horário que a molecada da manhã está chegando em casa e a da tarde ainda está para sair (Isso se não moram longe bagarai). Verdade ou não, aí o desenho pegou.
Com um tratamento nunca antes visto com seus personagens conhecidos dos quadrinhos e explorando personagens nem tão famosos assim, a Disney conheceu uma ‘febre’ mundial, com personagens carismáticos e histórias que equilibravam bem aventuras, comédia, diversão e, claro, lições que só a Disney pode proporcionar.
A história, para quem não conhece, é ambientada na metrópole Patópolis, onde vive o pato mais rico (E muquirana) do mundo, o Tio Patinhas. Quando seu sobrinho, Donald, resolve servir à Marinha, ele incumbe o sovina de cuidar de seus três sobrinhos, Huguinho, Zezinho e Luizinho, que se instalam na Mansão Wayne Patinhas. Em princípio, os três não se dão muito bem com o tio, já que o pato é pão duro demais. Após alguns desentendimentos e confusões, todos se entendem e começam a viver as aventuras juntos, seja em explorações pelo mundo (A maioria para aumentar a fortuna do velho Patinhas), ou para enfrentar os vilões da série, os ladrões Irmãos Metralha, o segundo pato mais rico do mundo, Pão Duro Mac Mônei e a bruxa Maga Patalógika.
Do trio de personagens clássicos, só Donald aparece, mas bem pouco, mostrando como está se saindo na Marinha. Outros que possuem participação do gibi e que aparecem na série, são o primo sortudo Gastão, a vovó Donalda, a patinha Patrícia (Que na real é uma fusão das três sobrinhas da Margarida, Lalá, Lelé e Lili dos gibis) e o Professor Pardal e Lampadinha, estes dois personagens fixos do desenho. Os vilões são os mesmos do gibi, com uma mudança sutil, mas significativa. Originalmente, no Brasil e Europa, o principal rival de Patinhas como pato mais rico do mundo, é o Patacôncio, por isso muita gente achava que o Mac Mônei era criação exclusiva para Ducktales, mas nos EUA, o pato escocês é o vilão principal das HQs.
Criados especialmente para o desenho, Capitão Bóing, Madame Patilda, Booba, Asnésio e Patralhão/Robopato, também dava um tom diferente à série, nunca perdendo a, digamos, magia Disney. Destes, o Capitão Bóing era meu preferido.
A graça da série estava em explorar elementos da cultura pop, explorando características próprias da Disney, ousando, e muito em Ducktales. Durante os 100 episódios, é fácil notar referências a Indiana Jones, De Volta para o Futuro, Robocop, histórias medievais, Arabian Nights, desenhos e filmes da própria Disney, entre outros.
Infelizmente, a Disney tentou fazer o mesmo com outros personagens (Darkwing Duck, Tico e Teco e os Defensores da Lei, A Turma do Pateta, TV Quack, entre outros), mas não conseguiu um décimo do sucesso alcançado por Ducktales.
Foi um desenho que deixou saudades, eu não via a hora de chegar em casa, colocar no SBT e, sem vergonha alguma, cantar o tema de abertura do desenho, uma das melhores que já vi. Aliás, a dublagem era perfeita. Tanto que na época, quem fazia a voz do Asnésio, era um tal de Selton Mello, meio desconhecido à época.
Ducktales obteve a marca de 100 episódios gravados, um longa metragem, além de jogos de videogames, quadrinhos exclusivos, álbum de figurinhas, etc. Recentemente a Globo, detentora dos direitos de exibição da Disney, tentou reprisar, mas estripou o desenho, modificando inclusive sua abertura. Alguns fãs ficaram revoltados e, como o desenho, obviamente, não deu o retorno esperado, foi retirado da grade da TV Globinho.
Melhor assim, para não manchar as boas lembranças do que foi Ducktales.
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