Guia do Blues – Cap. III – Robert Johnson
Caros disléxicos que talvez não lembrem do primeiro capítulo. Leiam abaixo para relembrar:
DELTA BLUES
O mais raiz, o mais tradicional. Leva esse nome por ter surgido no delta do rio Mississippi. É praticamente com o uso de gaita + violão e por isso lembra o Country, tendo como grande expressão o Robert Johnson. É um pouco difícil achar material, porque tá bem espalhado. Esse é o mal das épocas antigas, as composições ficam perdidas em uns 400 singles.
E hoje vamos falar de… Robert Pattinson Johnson! Também conhecido como o “queridinho de Lúcifer.”
O senhor Johnson é frequentemente chamado de maior do blues do século XX, mesmo não tendo gravado nem 50 músicas, em só duas sessões. Sua proeza nas cordas supera até os problemas técnicos de gravação na época, e seu legado persiste até hoje, seja nas influência dos compassos ou mesmo em regravações. Eric Clapton vez por outra solta algum material sobre ele. Robert Johnson, que pegou a fase inicial do blues, foi o responsável por torná-lo um ritmo mais robusto, elaborado.
O motivo dessa mudança? Ninguém sabe, todos especulam. Os mais frouxos dizem que era o violão dele que tinha problemas, e os mais afoitos falam de diabo mesmo, no mítico encontro na encruzilhada, onda Johnson vendeu sua bunda sua alma, em troca da proeza com a guitarra. Ou uma afinação em Mi mais baixa.
Como a maioria de sua época musical, era negro escravo do algodão filho de camponeses, e trabalhou duro até chegar na maioridade, quando disse o mágico “Basta mamãe! Agora vou viajar pelo mundo pra tocar e quase morrer de fome.”
A verdade é que Robert Johnson se fodeu bonito. Ganhou quase nada, tocava nos piores lugares. Nem ao menos tinha a internet pra ajudar. E ainda de quebra, morreu jovem, aos 27 anos, vítima de um whisky envenenado por um dono de bar ciumento, por ter sua mulher paquerada. Johnson, mesmo casado, era um digno cafa. Well, dizem que do whisky ele escapou, mas morreu uns três dias depois com doença respiratória. Vai ter falta de sorte assim no infernu!
As letras de Johnson falam mais ou menos sobre essas coisas. Brigas, tristezas, mulheres trabalhadoras esforçadas de cabaré, uns bares e até outras alegóricas, sobre as encruzilhadas demoníacas.
“Me and the Devil , was walkin’ side by side”.
Robert Johnson personificava o perfeito bluesman à época: Problemático, mas talentoso. Uma pessoa comum, e também admirável. Essa dualidade, meio ying yang, meio homi mulé, meio meio a meio. Fica a sugestão para quem apreciar, de se sentar num encruzilhada empoeirada com um violão, cercada de plantações, à noite, e esperar por um sujeito negro e alto. Quando ele tocar para você, será a trigésima música perdida de Robert Johnson.
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