Hank Williams
Nascido Hiram King Williams, em Mount Olive, Alabama, no dia 17 de setembro de 1923, este foi um dos artistas mais importantes de todos os tempos da música country. Ele colocou 35 singles no top 10 de country & western da Billboard, incluindo 11 que chegaram ao primeiro lugar. No seu tempo de vida, ele conseguiu se tornar um dos artistas mais influentes da história.
Como eu disse, na cidadezinha de Mount Olive ele nasceu, mas se mudou logo para Georgiana, também no Alabama. Aliás, para situar você aí, o Alabama fica bem embaixo do Tennessee, com a Georgia de um lado e o Mississippi do outro. É uma terra de caipiras, diriam as gentes lá das bandas de Nova Iorque. Mas enfim. Hank conheceu Rufus Payne, lá em Georgiana, um músico de rua negro, que o ensinou a tocar guitarra em troca de refeições. Rufus influenciou bastante o que seria mais tarde a marca própria de Hank Williams: Uma espécie de fusão entre hillbilly (Que é uma palavra que significa, literalmente, “caipira”, é também é um tipo de música), folk e blues; por ser assim, mais tarde esse tipo de música chamou a atenção dos negros e dos brancos.
Hank, em uma época que não era muito comum dar crédito a artistas negros, foi em frente e o fez para Rufus (Só para constar, Rufus Payne era um músico relativamente conhecido no sul do Alabama, apelidado de Tee-Tot). Em uma entrevista ao jornalista de jazz Ralph J. Gleason, Hank teria dito: “Eu aprendi a tocar as guitarra com um velho homem de cor… Eu dava pra ele quinze centavos, ou o que eu tivesse em mãos pela lição.” 1951, ele disse a um jornal do Alabama que Payne havia lhe dado “todo o treinamento musical que ele já teve”.
No começo da carreira é que Hiram virou Hank e, depois de se mudar para Montgomery (No mesmo estado), ele começou a carreira em 1937 na rádio da cidade, WSFA (hoje WLWI). Ele foi notado pelos produtores da rádio por que ficava tocando sua viola na calçada na frente dos estúdios; eles chamaram o “garoto que canta” pra tocar ao vivo e mais tarde lhe deram um programa de quinze minutos duas vezes por semana, por um salário semanal de quinze dólares (Equivalente em 2011 a mais ou menos 230 dólares).
Fazendo a ótima quantia de 60 pratas por mês, Hank pôde formar sua própria banda, que ele chamou de Drifting Cowboys. Logo eles começaram a viajar pelo centro e sul do Alabama tocando em clubes e festas; Hank saiu da escola em 1939, para que a banda pudesse trabalhar em tempo integral. Sem estar limitado pela escola e tendo como empresária do grupo a própria mãe, Lillie Williams, eles agora podiam se aventurar até a Flórida e a Georgia.
Aí… As coisas ficaram difíceis. Com a entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra, em 1941, os membros da banda foram para o exército e muitos dos substitutos se recusavam a tocar por conta do alcoolismo crescente de Hank; aliás, pelo mesmo motivo ele foi despedido da rádio – chegava bêbado pro seu programa – e foi trabalhar o resto da guerra em uma companhia de construção naval, em Mobile, Alabama, perto da pequena costa do estado. Hank também conheceu seu ídolo Roy Acuff, apresentador do Grand Ole Opry, o programa semanal da música country que acontece desde 1925 em Nashville, Tennessee. Na ocasião, Roy teria dito a Hank: “Você tem uma voz de um milhão de dólares, filho, mas um cérebro de dez centavos”; isso foi por conta do problema com alcoolismo, que mais tarde realmente ia ajudar a matar Hank Williams.
Nos anos 40, Hank conheceu Audrey Sheppard e ela se tornou sua primeira esposa e sua empresária. Em 1945 ele voltou para Montgomery e voltou a trabalhar na rádio. Apesar de ter sido rejeito quando se candidatou a cantar no Grand Ole Opry em 1946, sua esposa conseguiu um contrato com a Sterling Records naquele mesmo ano. No ano seguinte ele assina com a MGM Records. Em 1949, Hank finalmente ganha seu lugar no Grand Ole Opry. Uma nova formação dos Drifting Cowboys foi montada (A mais famosa) e ganhavam um equivalente a mil dólares por show (Mais de nove mil hoje). Em ’49 nascia também Randall Hank Williams (Mais tarde Hank Williams Jr., que também se tornou cantor).
Rufus Payne ensinou a Hank essa música, uma das minhas preferidas:
http://www.youtube.com/watch?v=K7cYepMb0AE
Eu podia continuar falando de Hank Williams por muitos parágrafos, mas infelizmente não posso. E não, não é culpa minha. Parece que Hank Williams era mesmo tão rápido pra subir quanto para descer. Em 1951, em uma viagem de caça no Tennessee, Williams caiu e recomeçou a ter dores nas costas. Caso você tenha se perguntado por que ele não foi pra guerra junto com os integrantes da banda, Hank foi cedo diagnosticado com spina bifida occulta, uma doença que lhe daria dores nas costas pro resto da vida. Em agosto de 1952, por seu já citado hábito, conhecido popularmente como beber pra cacete, ele foi demitido do Grand Ole Opry. O mesmo hábito o fez deixar de fazer shows, ou fazer e se sair bem mal. No final de 1952 o homem ainda começou a ter problemas no coração e o Dr. Horace Marshall lhe prescreveu um sedativo forte para conter as dores.
Em 31 de dezembro de 1952, Williams estava indo para Charleston, West Virginia, realizar um concerto de fim de ano. Por conta de uma tempestade de gelo na área de Nashville, ele não pôde voar e contratou um estudante chamado Charles Carr para levá-lo de carro. Carr ligou para Charleston dizendo que Hank não poderia chegar lá, e foi instruído a seguir para Canton, em Ohio, para o show de ano-novo. Mas Hank nunca chegou.
Eles cruzaram a divisa do Tennessee e pararam em Bristol, na Virginia, em um restaurante na beira da estrada. Carr perguntou se Hank queria comer alguma coisa e ele disse que não – foram provavelmente suas últimas palavras. Carr dirigiu ainda até um posto de gasolina em Oak Hill, West Virginia, quando notou que Hank estava aparentemente dormindo no banco traseiro. Ele não respondeu quando chamado e seu corpo estava ficando rígido. Checando o pulso, Carr notou imediatamente que Hank Williams estava morto. Policiais locais foram chamados e encontraram garrafas de cerveja vazias e manuscritos de letras para uma nova canção.
As circunstâncias da morte ainda não são totalmente conhecidas, mas o local é tido como Oak Hill mesmo. Assim, Hank Williams morreu no banco traseiro de um Cadillac, no primeiro dia do ano de 1953; com praticamente 30 anos de idade, ele virava lenda. Abruptamente este texto vai acabar, em respeito ao homenageado de hoje, cuja vida acabou também cedo demais. Mas em breve eu volto, com mais histórias desse mundo.
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