HQs e Séries

Nona Arte quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Já mencionei aqui, anteriormente, que algumas séries não se sairiam mal em versão quadrinizada. E agora, sem criatividade para fazer uma coluna criativa e engraçada como vocês, queridos leitores, merecem, envergonho-me em dizer que, hoje, simplesmente mudarei o sentido da antiga coluna supracitada, e devanearei sobre três HQs que deveriam ser adaptadas para as telinhas. Iniciemos meu ordeal de vergonha com:

1. Sandman

“Ha-ha, o fanboy de Neil Gaiman e Sandman começou a coluna falando sobre Sandman. Grande surpresa, hein?”. Vão me dizer que vocês não estavam esperando por isso desde que leram o primeiro parágrafo?

Fanboyzices de lado, Sandman não merece e nem pode estar em filme. Para começo de história, o enredo é simplesmente gigante, tanto em termos quantitativos (DEZ arcos/volumes, nenhum deles com menos de 150 páginas) quanto qualitativos (há edições, nem mesmo arcos, edições que já dariam um curta de uns bons 30 minutos, como Ramadã e A Canção de Orpheus). Mesmo ignorando todos os eventos alheios à trama principal (que não são poucos), ainda temos uma história gigantesca, cheia de pequenas sutilezas e detalhes que, quando ignoradas, afetam a compreensão da história. Simplesmente enfiar tudo isso em duas horas e meia é, no mínimo, uma tarefa sobrehumana. No formato de seriado, cada capítulo sendo uma edição (e sendo o diretor decente), teríamos uma obra-prima da televisão.

2. Lucifer

Mesmo antes de este texto ser publicado, já sinto os ventos mudando com a fúria incandescente de centenas de religiosos extremistas. Como eu me atrevo a citar tal nome no mesmo universo que eles? Eu, um mero herege sem G-Zuis no coração? Minha resposta é: danem-se, escrevo aqui por vontade própria, e só presto contas ao pizurk porque ele ainda não assinou minha carta de alforria.

Lucifer, provavelmente por ter como criador Neil Gaiman, é bastante parecido, em certos aspectos, com Morpheus: ambos são entidades sobrehumanas, semi-onipotentes, incrivelmente poderosas e com montes de problemas nas mãos, e, de certa forma, um é o espelho do outro. Morpheus é aprisionado por 70 anos, tem que reconstruir milênios de trabalho do nada, tem problemas sérios de família (matou o filho, tem um irmão pródigo, outro(a) faz de tudo para acabar com ele…) e provavelmente tem TOC, tamanha a obsessão com regras e leis. Lúcifer é um espírito livre de leis e regras, e por isso foi expulso do seio da família. Construiu um império imensurável ao longo de éons, e o deixa de lado simplesmente por estar de saco cheio do trabalho, vindo viver entre nós como um dono de bar só para relaxar.

Obviamente, a coisa não fica só nisso. Envolvimento com membros vingativos do panteão nipônico, aventuras com divindades nórdicas, estupro de anjos, o inferno governado por um escravo sexual e uma guerra entre o céu e demônios banidos tornam o roteiro um primor de fantasia.

Além do próprio nome, Lucifer provavelmente encontraria as mesmas dificuldades já citadas para Sandman: muita história para pouco tempo.

3. Looking for Group

Como os meus leitores realmente antigos devem se lembrar, LFG foi uma das primeiras dentre muitas webcomics que recomendei a vocês, caros e resilientes leitores.

No caso de LFG, eu não recomendaria uma série “tradicional”, com episódios de 20/45 minutos. Assim, o conteúdo acabaria logo, e nos veríamos na mesma situação dos otakus: aturando fillers. Para evitar que isso acontecesse, os episódios da série (obviamente animada) seriam curtos, com cerca de 3 a cinco minutos cada, abordando, de cada vez, umas 5 ou dez páginas/tiras. Se minha memória ainda me serve de alguma coisa, há alguns anos (Não tenho TV por satélite, meus pais temem que eu passe o resto dos meus dias em frente à TV, vegetando enquanto assisto Mythbusters, Dirty Jobs e outras pérolas do Discovery Channel), o Cartoon Network costumava passar, nos intervalos, animações curtinhas (sem contar o material do Adult Swing), e uma série do LFG basicamente seguiria esse esquema.

Obviamente, há outras graphic novels que merecem ser citadas, como Preacher, Transmetropolitan, Hellblazer e Orquídea Negra, mas não possuo tempo infinito para discorrer sobre todas elas.

E agora, humildemente, peço que vocês, leitores, emitam vossas opiniões sobre quais HQs merecem uma série própria.

Leia mais em: , , , , , ,

Antes de comentar, tenha em mente que...

...os comentários são de responsabilidade de seus autores, e o Bacon Frito não se responsabiliza por nenhum deles. Se fode ae.

confira

quem?

baconfrito