James Brown
James Joseph Brown foi um dos sujeitos mais fodas da música. Como sempre, a geração atual nem desconfia disso. Geralmente ele é chamado de O Padrinho do Soul, e não é à toa. O cara dançava pra caramba, cantava, escrevia músicas e tinha uma energia que fazia parecer que ele não ia morrer nunca. Infelizmente, ele morreu sim, em 2006, mas a música dele tá aí e seu legado também. O melhor que podemos fazer é lembrar dele, e ver que ele ia muito além de I got you, I feel good e stay on the scene like sex machine.
Com vocês, the star of the show, hard working, Mr. Dinamite… Jaaaames Brown!
Brown começou sua carreira em 1956, e fez imenso sucesso nas décadas seguintes, principalmente nos anos 60. Com uma grande presença de palco e shows sempre animados, ele continuou fazendo hits em cada década. Além da música, James Brown também era uma figura ativa na política americana nos anos 60 e 70.
Brown nasceu em uma família muito pobre, na cidade de Elko, zona rural da Carolina do Sul. Quando criança, seu pais se separaram quando sua mãe os abandonou. Depois disso, Brown continuou a viver com seu pai e as namoradas ocasionais dele até completar seis anos de idade. Depois disso, os dois se mudaram pra cidade de Augusta, na Georgia.
Seu pai o mandou pra morar com uma tia que era cafetina (Hahaha, foda). Apesar de morar com parentes, Brown ficou muito tempo pelas ruas, conseguindo dinheiro fazendo pequenos trabalhos. Foi engraxate, varria lojas, lavava carros e louças, enfim. Ele conseguiu ficar na escola até a sétima série, quando largou os estudos.
Talvez os primeiros passos na direção da carreira artística tenha sido quando Brown cantou em concursos de música. Ele também chegou a dançar por uns trocados, pra entreter as tropas que iam pra Segunda Guerra e passavam por sua cidade. Nessa época ele aprendeu sozinho a tocar gaita, que seu pai lhe deu, e a tocar guitarra com Tampa Red, um influente músico americano. Depois, James Brown aprendeu também piano e bateria com outras pessoas que encontrou. Pra entrar na área do entretenimento, ele se inspirou em Louis Jordan, um famoso artista de jazz e rhythm & blues.
Quando adulto, mudou o nome legalmente. Ele se chamava James Joseph Brown Jr., e retirou o “Jr.”. No tempo que tinha, ele praticou suas habilidades e cometeu pequenos crimes. Com dezesseis anos, foi preso por assalto a mão armada e mandado pra um reformatório em Toccoa, ainda na Georgia. Lá conheceu Bobby Byrd, o primeiro a vê-lo se apresentando na prisão. Com ajuda da família de Byrd, James Brown saiu mais cedo da penitenciária, depois de três anos de detenção. As autoridades locais só permitiram isso com a condição de que ele arranjasse um emprego e não voltasse mais na cidade de Augusta ou ao Condado de Richmond. Depois de ser boxeador por um tempo e jogador semiprofissional de beisebol, ele foi pra música.
James Brown conheceu Little Richard no final dos anos 50, quando já tinha alguma visibilidade com a banda de R&B The Flames, onde também estava seu amigo Bobby Byrd. Brown considerava Little Richard um ídolo e a música dele foi muito importante pro seu desenvolvimento como músico e showman. Depois que Little Richard saiu da música pra ser pastor, vários músicos de apoio dele se juntaram à banda de James Brown. Com isso, os Flames foram até o topo das paradas. Aliás, o nome da banda mudou pra James Brown and The Famous Flames, e aí The Famous Flames já era um grupo vocal, não o de apoio.
Durante os anos 60, seus maiores sucessos nasceram. Papa’s Got a Brand New Bag e I Got You (I Feel Good) são de 1965 e foram suas primeiras músicas no top 10. Em 66, Papa’s Got a Brand New Bag ganhou o Grammy de melhor música de rhythm & blues. Brown também fez músicas como It’s a Man’s Man’s Man’s World, de 1966, que era mais como uma balada. Aliás, essa música (Veja abaixo, no vídeo) rendeu bastante confusão com as feministas por sua letra ser considerada machista.
No final dos anos 60, o estilo do “padrinho do soul” continuava a evoluir. Lá por 1969, ele começou mais a declamar as músicas de uma maneira ritmada do que realmente cantar. Era algo entre falar e cantar, colocando um pouco de melodia e ritmo. Bem, acontece que isso virou uma grande influência na técnica do rapping, o que viria a ser a raiz do hip-hop.
Em 1970, a maioria dos músicos da banda de apoio e dos Famous Flames tinha ido seguir suas carreiras, atrás de outras oportunidades. Só Bobby Byrd continuava com Brown. Logo, eles chamaram novos músicos, sempre da tradição do jazz e do R&B, e naquele ano lançaram o single Get Up (I Feel Like Being A) Sex Machine. Apesar da formação daquele ano ainda passar por mudanças depois, foi a banda mais conhecida a tocar com o rei do soul.
James Brown foi pego de surpresa pela música disco nos anos 70 e viu sua popularidade cair um pouco. Logo ele deixou de lado seu estilo cru e começou a flertar com a disco music. Seu contrato com a empresa Polydor expirou em 81 e suas turnês e gravações foram diminuídas. Mesmo assim, nos anos 80 ele praticamente ressurgiu, ganhando mais audiência e aparecendo em filmes como Os Irmãos Caras de Pau (The Blues Brothers) e Rocky IV. Ele também se aproximou dos novos estilos, trabalhando com o Full Force, um time de produção que o ajudou a fazer o álbum I’m Real, com grande influência do hip-hop.
Sex Machine, em versão disco – 1976
Depois de uns problemas legais no final dos anos 80, Brown começou a década seguinte lançando álbuns relembrando sua carreira e outros inéditos e/ou com remixes. Também fez aparições na tv e em filmes. A década de 2000 começou assim também. Vocês devem lembrar da aparição rápida dele no filme O Terno de Dois Bilhões de Dólares (The Tuxedo), em 2002, com Jackie Chan.
E assim, dando continuidade na sua carreira, sem parar, que James Brown foi até sua morte, em dezembro de 2006. Sua última aparição na televisão foi na sua introdução ao UK Music Hall of Fame, em novembro. Sua morte foi uma verdadeira comoção. Não se esperava que um dia o “cara mais trabalhador” da indústria musical fosse parar. Mas enfim.
Algo que alguns não sabem é que James Brown era muito perfeccionista, e cobrava muito dos músicos nas sua apresentações, que chegaram a ser mais de 300 por ano, a maioria de uma noite só. Essas apresentações sempre eram extravagantes e muito elaboradas. Ele geralmente contava com três guitarristas, dois baixistas, dois bateristas, três metais e um percussionista.
Eu poderia falar páginas e páginas sobre esse cara. Sobre sua carreira, sobre como também foi um grande ativista dos direitos dos negros, como era rígido com sua banda, como era profissional e principalmente, como era bom músico. Mas vou ficar por aqui, e espero ter incentivado mais um pouco a música, a música boa, diga-se. Afinal, já até disseram que isso é nosso dever.
Então, sendo educado, e pra não perder a oportunidade… OUÇAM JAMES BROWN, SEUS PUTOS. Coloquem aí pra tocar e dancem, sério. Faz bem, isso é o soul.
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