Jethro Tull
O melhor jeito de começar isso aqui seria com um riff crássico. E é melhor do que transcrevê-lo em partitura, tablatura ou qualquer porcaria é simplesmente fazer… isso:
Terminadas as considerações iniciais, falemos de rock’n’roll como você talvez nunca tenha visto. Era 1963, em Blackpool, inglaterra, quando um certo Ian Anderson formou The Blades, que mais tarde se tornaria a John Evan Band – nomeada graças ao tecladista da banda, John Evan, evidentemente – e tocaria white soul por aí. Deixando Blackpool e se mudando para Londres em busca de mais shows, a banda perdeu uma considerável parte de seus integrantes, e os remanescentes – Anderson e o baixista Glenn Cornick – se juntaram a Mick Abrahams, guitarrista de blues, e Clive Bunker, baterista que durou um tempo considerável na banda.
E era aí que estava nascida… uma banda aí, que, tendo uma certa dificuldade em conseguir agendar shows, mudava de nome constantemente para burlar essa pequena barreira. O nome Jethro Tull – o agricultor do século 18 que inventou a semeadeira, ou qualquer coisa assim – foi mantido por ser o nome que a banda usava da primeira vez que neguinho gostou o bastante pra chamar os caras de volta. Contratados pela Ellis-Wright (que se tornaria a Chrysalis Records, pra quem se importa), os malucos lançaram o crássico single Sunshine Day, que é considerado um tesouro por um bando de doente por ter o nome da banda escrito errado (Toe, no lugar de Tull) e o primeiro álbum, This Was. E isso era o tipo de som que você ouvia dos caras:
Passado o álbum, Abrahams se desentendeu com Anderson, visto que o primeiro era, além de fresco pra porra, um purista do blues, enquanto o segundo pirava com a idéia de misturar o rock a outros tipos de música. Lá se foi o bluesman e todos nós pudemos dar olá ao Jethro Tull progressivo, altamente experimental e único que cês conhecem, ou vão conhecer. Acho que vale à pena citar que um tal Tony Iommi, de uma tal banda chamada Earth, tocou na banda durante o Rolling Stones Rock and Roll Circus
O segundo álbum, Stand Up, chegou ao primeiro lugar no Reino Unido, com todas as músicas escritas pelo Ian, exceto essa:
Foi durante as gravações do álbum que a banda criou Living in the Past, um dos maiores sucessos do Jethro. O que é realmente do caralho é que os caras gravaram a música em 5/4 pra prevenir o som de chegar às paradas de sucesso. Eles falharam em falhar, pelo jeito, e fizeram um baita dum som do cacete. A música, lançada no auge da guerra do Vietnã, aparentemente se refere ao “passado” como os tempos de paz, em contraste com a guerra que acontecia.
Para o próximo álbum, Benefit, John Evan entrou como tecladista no Tull e, após as gravações, Cornick saiu, entrando o saudoso Jeffrey Hammond – citado em uma porrada de música da banda – em seu lugar. A formação gerou o fucking Aqualung, um puta álbum do caráio, com letras com algumas opiniões bem fortes sobre religião e a sociedade. Dizem as boas línguas que as letras do lado B do disco eram pró-deus, mas anti-igreja. O que eu sei é que o álbum PIRA. Dá uma ouvida aí em Wind Up, rapá:
Ao longo de sua história, a banda passou por várias mudanças, indo desde o rock progressivo de Thick as a Brick ao hard rock de Crest of a Knave (que me lembra pra cacete Dire Straits em muitas partes, aliás), passando por música folk, eletrônica, world music e sabe-se lá o que mais.
No fim das contas, o que importa é que esse bando de maluco sempre foi bom pra cacete no que fez, e as misturas e mudanças de estilo só somaram ao repertório dos caras. E é claro que eu vou provar isso a você, ser vivo de pouca fé. Abre as oreia aí, puto:
The Whistler, do Songs of the Wood. Toma folk procês:
Thick as a Brick, prog, do álbum de mesmo nome:
Abaixo, Beastie, da era do rock eletrônico. O álbum é The Broadsword and The Beast.
Mountain Men, do Crest of a Knave. Nego ganhou um grammy com esse álbum em cima do Metallica, rapá!
Vídeo pra cacete, não? Acontece que o som dos caras conseguiu mudar tanto e ainda assim ser tão único que é complicado pra cacete apresentar Jethro Tull a vocês pelas palavras. O negócio é pegar um monte de som dos caras e pirar. Onde que uma banda onde o “astro” é o flautista funciona tão bem, porra?
E como dever de casa, eu vos recomendo Mad Dragzter, pra mudar completamente o som. Banda brasileira de qualidade pra quem gosta de thrash, rapá!
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