Jogando e ficando puto Pt. 10
Comentário relevante da semana
O comentário relevante da semana vai para nossa querida Bel, que continua se prestando ao papel de expressar sua noobice nesta coluna, para que todos nós possamos nos sentir melhor com a nossa própria noobice. A Bel é um exemplo de humildade e perfeição mamária:
Então Bel, o que eu poderia lhe dizer? Eu não acredito que você tenha vindo de fábrica com defeito no gene de fazer drift em Need for Speed. Eu acho que é só uma questão de treino com a assistência adequada de um gamer mais proficiente em drift. É lógico que gamers DE VERDADE não aceitam ajuda de ninguém, preferindo xingar quem tenta ensinar qualquer coisa e recorrendo ao gamefaq.com às escondidas. Mas olha só: melhor você pedir ajuda do que passar o resto da vida sendo noob, por mais que eu ache isso extremamente engraçado.
Coisas que eu odeio nos games pt. 10
Isso mesmo, número 10. Fecharemos hoje essa seqüência espetacular de artigos que vasculharam os recônditos intestinais do mundo gamer, cavocando toda a merda existente nas entranhas dessa indústria, colhendo tudo com uma pá e então atirando no ventilador. Atillah style.
E, pra comemorar o encerramento dessa empreitada jornalística, nada melhor do que falar sobre a crônica gamer, revolvendo agora minha própria merda e falando sobre as dificuldades de se ler e escrever sobre games.
TRUST NO ONE
Não confiem em ninguém. Sempre que vocês estiverem lendo sobre vídeo-games em algum site que não seja este aqui, não confiem em ninguém.
Não confiem em mim também.
Eu não sei quantos de vocês sabem, mas como eu já falei em outras oportunidades, eu já trabalhei profissionalmente com games. Sim, eu já realizei o sonho nerd de 103% de todos vocês, jogando durante metade do meu expediente e escrevendo sobre jogos na outra metade. Um dia falo mais sobre isso.
Mas o que importa no nosso artigo de hoje, é que eu tive certo acesso às negociações que acontecem por trás de toda revista ou site que trabalha com vídeo-games. E cês não fazem idéia de como o dinheiro comanda esses lugares. A partir do momento que seu trabalho é pago por algum anunciante ou fabricante de jogos, você imediatamente fica sujeito a uma série de restrições, sendo a mais óbvia de todas que você não pode xingar quem paga seu salário.
Pode não parecer tão sério assim pra alguns de vocês. Mas imagine você não poder falar mal de um jogo EXTREMAMENTE RUIM, só porque o fabricante do mesmo jogo está entrando com uma grana forte em anúncios no seu site naquele mês. Imagine agora que você não só não pode falar mal como precisa FALAR BEM do jogo ruim em questão, porque senão seu anunciante fica puto e não volta nunca mais. E imagine que, caso você não aceite essas condições, você imediatamente será jogado pela janela ou pior: mandado embora do trampo.
Isso aconteceu de verdade em um site grande e “respeitado”. Vocês todos ficaram sabendo. E esse foi só o caso que mais ficou saliente. Esse tipo de merda acontece todo dia.
É neste momento que os noobs entre vocês me dizem: “Que se foda, custa tanto assim falar bem de um jogo mesmo que você não concorde? É seu emprego que você tá arriscando, porra!”
Errado noob. É sua CREDIBILIDADE que você tá arriscando.
Pensem comigo: o cara consegue seu lugar na grande indústria gamística, e passa ANOS fazendo análises e críticas fundamentadas de centenas de jogos que passam pelas suas mãos. Anos acompanhando processos de desenvolvimento de jogos. Anos para conquistar o respeito de um bando de leitores que botam tanta fé nas análises daquele cara, que vão lá e compram um jogo só porque o cara deu uma nota boa. Ou deixam de comprar porque o cara deu uma nota ruim. Você confia no cara. Ele te poupa de ficar experimentando os jogos ruins. Ele te poupa a grana que você gastaria num jogo de merda. Ele te poupa tempo. Confiança, véi.
Agora imagina que depois de anos criando essa relação de confiança, o cara vai lá e aceita falar bem de um jogo que é evidentemente ruim, e que ele não recomendaria nem pro pior inimigo. Todo aquele bando de leitores que confiavam no cara vão comprar o jogo, achar uma merda e ter certeza de que o cara tava sob influência de dogras tóchicas quando escreveu a análise.
Os leitores podem perdoar uma vez. Mas se o cara fizer isso de novo, é certeza que os leitores vão pensar “É, o cara perdeu o jeito pra esse negócio de fazer análises de jogos. Não dá mais pra confiar na opinião dele.” e o cara tá riscado da lista; quebrou-se uma relação de confiança. E se, por acaso, esse cara for tão burro a ponto de dizer “Mas eu só falei bem do jogo porque fui obrigado!” aí sim o cara se fodeu de vez. Porque daí, você como leitor, NUNCA MAIS vai poder ter certeza de quando ele estará escrevendo a opinião dele ou a opinião do anunciante. E pra quê você vai ler uma “análise” que na verdade é uma propaganda paga pelo anunciante/fabricante do mesmo jogo? *TOSSE* post patrocinado *TOSSE*
Por mais de uma vez o Théo já me perguntou “Por que caralhos eu larguei de um emprego pago pra vir escrever de graça no AOE”, e a resposta sempre foi uma só: liberdade criativa. Aqui eu posso construir minha imagem de forma íntegra, eu posso manter a confiança dos leitores no que eu escrevo e nas minhas opiniões, sem pressão externa. Aqui eu tenho minha própria coluna, eu escrevo sobre o que eu quero e como quiser. Eu xingo o fabricante que eu quiser, eu falo de jogos obscuros, eu xingo jogos que os outros sites veneram. Eu falo mal da EA e falo bem da Blizzard. Eu pago pau pra Square por causa de Final Fantasy e dois meses depois xingo a mesma desenvolvedora por causa de Infinite Undiscovery. Eu elogio a Nintendo. Eu xingo a Nintendo. E ninguém me paga pra fazer isso.
Eu xingo porque gosto. Eu xingo por prazer.
Então pimpolhos, se alguma lição disso tudo fica pra vocês é: não confiem cegamente no que lêem por aí. Continuem lendo IGN, Gamespot, EGM ou qualquer que seja seu site ou revista preferidos. Mas lembrem-se sempre de que aquelas opiniões que estão ali não são tão livres e críticas como podem parecer. Na dúvida sobre um jogo, é sempre melhor confiar na opinião de um amigo do que na review daquele site que você adora.
Não confie em ninguém.
Leia mais em: credibilidade, gamespot