Jornalismo esportivo brasileiro
Não vou negar que sou totalmente viciado em jornalismo esportivo. Sou o tipo da pessoa que adora esportes, apesar de não praticar nenhum. Gosto de futebol, rubgy, lutas e corridas em geral. Com razoável frequência, me informo sobre esportes que não sou lá grande fã, tipo basquete ou esportes radicais. O grande problema é que o caso do jornalismo esportivo brasileiro é bastante “complexo”.
Primeiramente, o jornalismo esportivo se atém basicamente ao futebol. 90% das informações da maioria dos programas esportivos são sobre o desporto bretão. Mais recentemente, com o boom do UFC, o MMA vem tomando um lugar de destaque nas publicações, porém ainda muito tímido com relação ao futebol. A explicação para este fato é muito simples, e tem relação com a popularidade do esporte: Quanto mais popular, mais espaço. O Brasil não é como os Estados Unidos, onde existem três ou quatro esportes que são muito populares. Por aqui, os outros ainda são muito pouco apreciados, visto a esmagadora preferência pelo futebol.
Este é o primeiro problema do jornalismo esportivo. O segundo, que ao meu ver é o realmente problemático, está na relação entre imprensa e o princípio da imparcialidade. Primeiro, tenho que defender que não acredito em nenhum tipo de neutralidade, nem imparcialidade plena. Nem científica, nem jurídica e muito menos jornalística; porém existe a busca por este valor, que é imprescindível à boa prática científica, jurídica ou jornalistica. Quanto mais esforço pela imparcialidade, mais bem sucedido será este profissional, independente da impossibilidade em atingi-la.
Nota do editor: E, no entanto, tá no Bacon Frito, que é parcial pra caralho. Hipócrita.
O que vemos no jornalismo esportivo brasileiro, porém, é a ausência desta busca de maneira descarada. No caso mais comum, o futebol, o monopólio do espaço da imprensa por clubes do Rio de Janeiro e São Paulo é evidente. Os jornais, ou telejornais, sempre separam um espaço maior para as agremiações destes estados. A ausência de críticas à CBF na maioria dos veículos, principalmente da Globo, chega a ser revoltante, por ser um órgão com diversos casos de corrupção, que não beneficia em nada o esporte, e pensa apenas em se enriquecer. Houve uma época que esta rede de TV estava veiculando denúncias sobre o ex presidente da confederação, Ricardo Teixeira, mas parou abruptamente quando começou a negociar os contratos de transmissão do campeonato brasileiro. Não precisa falar nada, né?
Outro caso de parcialidade notável é a relação com os atletas nacionais e internacionais. Os primeiros são gênios, deuses e infalíveis. O peleguismo da imprensa é evidente e prejudicial, pois causa sentimentos falsos na população, por elevarem a expectativa além da conta. Com relação aos atletas estrangeiros está a resistência em reconhecer a real qualidade dos mesmos. E mesmo quando ela é reconhecida, a não ser que seja um caso extremo, como um Phelps da vida, sempre se acha um brasileiro melhor. Observe a própria rede Globo, que é o melhor exemplo de jornalismo pelego. Esta emissora nunca entrevista jogadores estrangeiros depois de jogos de futebol, de maneira nenhuma. Lembro-me de um recente 3 ou 4 a 2 da Argentina sobre o Brasil em que nem devem ter fotografado o Messi.
Claro que existem algumas exceções à regra, como por exemplo a ESPN, que possui, notadamente, profissionais de alto nível comentando, narrando e escrevendo. Diferente de outras redes que contam muitas vezes com ex-atletas, ex-árbitros, sem nenhum preparo.
Estes problemas colocados com uma linha editorial mal planejada tornam o jornalismo esportivo brasileiro mal preparado e mal feito, que mais promove a desinformação, ou seja, ao invés de servir o espectador, serve certos interesses escusos que fogem ao bem de todos. E este é um problema que não tem relação apenas com o jornalismo esportivo. Se cavarmos mais profundamente provavelmente teremos evidências em vários campos da imprensa em que os profissionais, ou por falta de preparo, ou por má fé, procuram manipular ou trazer pela metade as informações.
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