Leitura Comentada: O Nome da Rosa, de Umberto Eco (Parte 3)
Se na segunda parte metade do livro já tinha ido, agora, entre os dias quatro e cinco chegamos à metade da trama, onde coisas são resolvidas, novas coisas surgem e coisas coisam o tempo todo.
Terminamos o terceiro dia com Guilherme e Adso achando o corpo de Berengário na banheira, e o quarto dia começa daí: Com uma autópsia (Ou seria biópsia?) em Berengário, na qual descobrem que não apenas ele, mas os outros mortos também tinham manchas pretas nas pontas dos dedos, bem como a língua preta, e chega-se à conclusão de que poderia ter sido causado por um veneno, coisa que o monge herborista, Severino, tem de monte.
Entre um problema e outro, ficamos sabendo mais sobre o despenseiro e sobre o Hellboy, e seus passados de hereges e pecadores. De quebra Guilherme não só recupera seus zóclos como também ganha um outro novo, afinal, quem não tem colírio usa zóclos escuros. Entre discursos sobre o amor, decifrações-não-decifrativas e outros pequenos detalhes, a galera que vai participar do debate sobre a pobreza chega ao mosteiro. É interessante ver como funciona um pouco o encontro, com Guilherme e Ubertino debatendo o quão pau no cu é o Papa… E chega também Bernando Gui, o inquisitor, que é muito mais fodão no filme que no livro.
Mais algumas divagações de Adso depois e finalmente parte dos códigos começa a ser decifrada, e não supreendentemente esses códigos se referem todos à biblioteca. Após ficarem empacados mais uma vez, há um rolo no fim do quarto dia: A mulé que comeu o Adso foi pega, junto com Salvatore, enquanto ele tentava fazer um feitiço para ela se apaixonar por ele. Ou seja, ambos vão para a fogueira da inquisição, e Bernardo Gui prova que, mesmo não sendo tão foda assim, pode atrapalhar bastante as coisas.
Tendo o quarto dia terminado assim, o quinto começa com o debate entre a galera à favor da bufunfa e a galera à favor da pobreza, e porra, que capítulo legal. O debate em si não é grande coisa, mas como não poderia deixar de ser, os dois lados quase saem no tapa, garantindo algumas das melhores falas de todo o livro. No meio desse rolo, Severino (Que veio ajudando Guilherme depois de ser descartado como suspeito), avisa-o de que encontrou um livro (!), e recebe ordens de Guilherme para se fechar no laboratório, junto com o livro e tudo mais que puder, enquanto Guilherme trata de encerrar o debate fracassado (Ou seja, mais uma vitória para Bernardo).
Após o fim do debate, Guilherme e Adso correm para o laboratório e… Severino está morto (PAM PAM PAAAAAAAAM)! Mais um assassinato e mais: O livro que o monge tinha achado simplesmente sumiu. Como coisa pouca é bobagem, mal o cara morreu e já está na hora do “julgamento” de Salvatore e do dispensário (A mulher não tem esse luxo, afinal, século XIV). Caras, esse é justamente o tipo de coisa que eu gosto em um livro: Algo que me irrite. O “julgamento” é tão descaradamente injusto, FDP e controverso que me faz querer que os personagens realmente existissem, só para poder explodir a cara deles com uma 12. Toda essa sequência debate-morte-inquisição termina de um jeito igualmente foda: Um discurso de Jorge (O véio cego) sobre a vida, a morte, o Anticristo e o fim do mundo. O terceiro dia é o mais legal, mas esse aqui é o mais fodão.
E acreditem, deixei de lhes contar umas coisas importantes: Ubertino foge para não ser morto após o fim do debate, o livro é encontrado (E novamente perdido), há mais deduções e códigos… Enfim, é toda uma história que não conto por dois motivos: Não estou afim de dar “spoiler” e quero que vocês descubram por conta própria… Oh, a ingenuidade… Ah, e sabemos qual o destino futuro (“Além obra”) de alguns personagens… Não que cês curtam mais putaria e carnificina.
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