Leitura é liberdade
Não há dúvidas de que os cidadãos dos países chamados “desenvolvidos” (Ou de “primeiro mundo”, enfim, países onde se tem boa qualidade de vida) são, em geral, grandes leitores. E há uma relação direta entre qualidade de vida e valorização da leitura. O bom-senso explica e as estatísticas comprovam. Estima-se que o brasileiro lê 1,3 livro por ANO, enquanto nos países desenvolvidos a média ultrapassa 10. Não quero dizer que o Brasil é o que é porque aqui não se valoriza a leitura, mas tal fato é um sintoma que integra um círculo vicioso que se arrasta secularmente.
A desvalorização da educação e da cultura nos fez esse país onde as oligarquias se revezam no poder com a legitimação da democracia, exercida por uma população maciçamente ignorante e facilmente ludibriada. Não se deve forçar ninguém a ler, tampouco a gostar de ler. Tal hábito decorre da própria cultura de um povo. Quando se valoriza a educação e, consequentemente, o conhecimento, a leitura passa a ser encarada como um prazer, um momento de enriquecimento e engrandecimento pessoal, algo prazeroso. Quem lê tem cultura, informação, desenvolve o raciocínio, a memória, a oratória, escreve melhor, se distrai, se emociona, relaxa, viaja etc. A situação é realmente difícil: Mal temos um sistema de saúde e educação, e muitos vivem num estado de miséria – sobrevivendo graças ao bolsa-miséria dado pelo governo. Como, então, exigir que esse povo se importe em investir tempo e dinheiro em leitura?
Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley) e 1984 (George Orwell) são duas obras que representam magistralmente como a limitação de informações é um eficaz instrumento de dominação popular. Nesses livros, os autores mostram como os ditadores que estão no poder perpetuam-se nessa condição, através do controle da informação, incluindo-se aí jornais, revistas, livros científicos, históricos, ficções e tudo que possa de alguma forma alimentar a mobilização social contra uma situação de subjugamento.
Assim sustenta-se o ciclo vicioso. O povo mal tem acesso ao essencial à sobrevivência, e educação fica em segundo plano. O problema fica feio quando vemos que aqueles que estão em boas condições financeiras e sociais também pouco se importam com cultura/educação/conhecimento. No Brasil, vê-se claramente que mesmo a chamada “elite intelecutal” – que curiosamente coincide com a “elite financeira” – não parece dar o valor que a leitura merece. Só a título de exemplo, basta ver a dificuldade que pequenas livrarias tem tido para sobreviver em meio às grandes megastores.
Contudo, parece que as coisas estão melhorando, a passos lentos, diga-se. Basta ir a uma estação de metrô em São Paulo, por exemplo, e perceber que várias pessoas lêem durante seu trajeto, além de quiosques e máquinas que vendem livros. A esperança é que essa nova geração de leitores de Harry Potter, Crepúsculo e afins, propague o prazer da leitura e nossa realidade continue mudando. Os clássicos parecem estar sendo re-valorizados com os constantes relançamentos. Espero que a propagação dos blogs e sites como esse também contribua para o nascimento do prazer da leitura e pelo consumo de informação no nosso país tropical e cheio de distrações. Libertemo-nos! Enfim, divago…
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