Les Revenants – Amor e ódio
Primeira coisa que você precisa saber: VAI TER SPOILER. Leia sabendo disso.
Foi por conta de um texto do Jopes Luiz que eu vi, aqui no nosso querido Bacon Frito mesmo, que eu fui atrás da série Les Revenants e comecei a assistir. Compulsivamente. Por quê? Porque ela era foda bagarai e me deixava louca pra ver ela inteira de uma vez só. A trama? Perfeita. O roteiro? Lindo. A trilha? Ma-ra-vi-lho-sa. A série veio com tudo de melhor do mundo, fazendo com que ela fosse muito bem estruturada, com personagens muito bem construídos e executados, com uma trama mais do que envolvente, que te deixava com medo e maravilhado ao mesmo tempo. No primeiro episódio eu já me encantei com os personagens que, mesmo eu odiando, ganharam meu coração.
E aí eu fui acompanhando episódio por episódio, drama por drama, tentando adivinhar o que estava por vir. Eu fiz mil teorias sobre o lago louco que encobria uma cidade fantasma, aparentemente, achei que o Victor, que no fim a gente viu que era Louis, era o demônio na figura de um menino mais demoníaco ainda, achei que a Camille era uma vadia, depois uma coitada, depois uma vadia-coitada-perturbada, achei que o Toni fosse maluco psicopata no início e passei a achar ele um fofolindo, tive certeza no primeiro episódio que a Julie era a morta que comandava todos e mudei pra opinião que ela era também uma coitadinha (Que eu ainda não sei se está morta ou não). Mil teorias, nenhum fato concreto.
A cada fim de episódio, eu ficava de boca aberta, querendo ver o que vinha depois. Quando vi uma pseudo-seita, que depois comecei a achar que era uma legião de zumbis, achei que o mundo ia cair e meu deus, E AGORA? E aí dei play no episódio seguinte. O que estava crescendo na série, do nada, estacionou perto do fim. De uma hora pra outra, a trama envolvente começou a caminhar pra um outro caminho completamente diferente do que eu estava vendo. E foi de repente, não mais que de repente, que eu me deparei assistindo um The Walking Dead sem os zumbis feios, já que em Les Revenants os zumbis são disfarçados em criaturas que aos poucos começam a apodrecer.
Coisas que eu não entendi: Eles têm poderes? Eles entram na mente do ser humano, fazem com que eles vejam cenas que não estão acontecendo, induzindo eles ou ao suicídio ou a agir de forma duvidosa? Eles voltam sendo “normais” (Tirando o fato de estarem mortos, claro) e aos poucos começam a ser possuídos por forças do mal que vão transformando eles em criaturas demoníacas? Eles dormem ou não dormem? Quando dormem, apodrecem? Mas e o Victor apodreceu por quê, se ele não dormiu? Eles tem poderes psíquicos? Por que alguns conseguem ver o que acontece em outros lugares e outros não? E a cicatriz da Léna que DO NADA apareceu e DO NADA sumiu? O que acontece com as criaturas que estavam vivas e foram embora junto com os errantes? E a mãe do Toni e do Serge, que ora aparecia, ora era imaginação do cara? E os animais que morreram no lago? O número de animais mortos tem a ver com o número de errantes? Cadê a relação de vida/morte? E por que os outros errantes não se encaixaram na sociedade e, aparentemente, eram apenas walkers que perambulavam sem pensar, sendo que o resto dos que voltaram raciocinavam normalmente? E o resto da cidade, onde estava, visto que todos foram se refugiar naquele tipo de seita/religião comandado por Pierre que, creio eu, não vai passar de um manipulador que, provavelmente, tem a ver com as mortes e vai se tornar um grande vilão? E o papo da ~vingança que a mulher do velho lá do primeiro episódio falou? Se vingar DO QUÊ? O que essa gente de agora tem a ver com a morte deles?
E A BORBOLETA DO INÍCIO DA SÉRIE E QUE APARECEU NO FINAL TAMBÉM???? Mexplica pfv!
E, sobre o demônio do Victor: POR QUE DIABOS ele está sempre envolvido em cada morte? Por que ele estava no caminho do ônibus que matou Camille? Foi ela quem provocou a morte de todos, ou foi o motorista que viu Victor plantado no meio da estrada? Por que ele apareceu na cena em que Julie acreditou estar sendo atacada por Serge e “tirou” a faca imaginária dela? Por que ele se encarregou em fazer Toni se matar, sendo que ele mesmo foi quem alertou Julie que ele havia sido seu salvador? E outra: Como foi a história dele convivendo com Toni e Serge na infância? E se todos estavam em estado de alerta, em acampamentos, encontrando mortos e parentes, onde foi que ele morreu, afinal? Morto em casa? Mas que diabo???
Quando foi que o Simon virou o líder daquela gente morta toda, ao lado da vadia que dava pra todo mundo pra ter suas visões sem pé nem cabeça? Por que diabos ela passou a comandar uma legião de mortos que não tinham propósito algum em querer a vida de um outro bebê gerado por Simon e Adèle com eles? Se os outros mortos que estavam já de volta à sociedade não queriam se juntar a eles, porque raios eles estavam obrigando eles? E por que eles também não se infiltraram na sociedade outra vez, como fizeram Camille, Serge (Meio louco, mas né?), Simon, antes de ficar alucicrazy? Tudo bem que a personalidade de todos era meio duvidosa, mas isso era devido ao caráter de cada um enquanto ser humano (Antes de morrer, né?), ou é porque alguma força estranha/malígna ia possuindo a mente de cada um deles e transformando eles em malucos do mal? E se zumbis não pensam, por que eles pensavam e o resto do grupo não?
O que me prendia na série era a trama, o frio na barriga que me dava quando algum dos mortos fazia algo bizarro e tenso para o resto que continuou vivo. Cada nova descoberta e nó desfeito me intrigava e me deixava curiosa, motivada a assistir o próximo episódio. O problema foi quando a trama toda se voltou para mostrar que os mortos não passavam de zumbis que estavam começando a entrar em decomposição por algum motivo que ainda não entendi, mostrando que, aos poucos, a carne humana passaria a ser desejada por eles. Aquela legião de criaturas mortas caminhando não passou de um episódio de TWD com zumbis ~arrumadinhos e bonitinhos. As cenas começaram a ter o mesmo tipo de foco que a série mais famosa de zumbis tem, com o mesmo tipo de takes, inclusive: Pessoas olhando o campo de longe, com binóculos, vendo os errantes caminhando ao longe, estoques de comida num porão, armas armazenadas e, inclusive, o roteiro começou a seguir a mesma linha, com intrigas dentro de um grupo de refugiados e desavenças entre eles mesmos. Sem falar no xerife, noivo de Adèle, fazendo cosplay de Rick.
Da mesma forma que iniciei a série curiosa e amando cada pedacinho dela, termino ela sentindo um pouco de ódio, decepção por ela ter virado um pseudo-The Walking Dead no final, mas permaneço curiosa. Durante 6 dos 8 episódios, eu fiquei encantada, e o encanto foi se perdendo no final da primeira temporada – o que eu considero grave e prejudicial para o bom andamento e desenvolvimento de uma série. Mas, considerando que o encantamento com a mesma foi tão grande no decorrer de mais da metade do que vi, a decepção pela semelhança nos detalhes de TWD não foi determinante. Eu ainda quero ver a segunda temporada. Eu ainda estou intrigada e confusa com mais da metade das coisas que aconteceram na série. Eu ainda quero saber o que vai acontecer. Eu ainda estou chateada por ter que esperar não sei quanto tempo até o lançamento da segunda temporada. Ficaram dúvidas, é claro. E isso é ótimo, gera curiosidade – e ansiedade para o lançamento da próxima temporada. O que o filho meio vivo/meio zumbi da Adèle vai significar nisso? O que a permanência dela no meio dos vivos vai resultar no total? E a tal vingança?
Eu odiei o rumo que Les Revenants foi tomando, visto que a série me encantou tanto e fez com que eu a considerasse, como o Jô também falou, a melhor surpresa de séries nos últimos tempos. Mas eu espero, do fundo do meu coração, que a segunda temporada não comece com uma ligação para o Rick, perguntando como eles lidaram com os zumbizinhos deles.
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