Leviatã (Leviafan)
Kolia vive em uma pequena cidade próxima ao Mar de Barents, no norte da Rússia. Ele é dono de uma oficina, ao lado da casa onde vive com sua esposa e seu filho. Vadim Shelevyat, o corrupto prefeito da cidade, quer tirar o seu negócio, sua casa e sua terra. Primeiro ele tenta o suborno, mas Kolia não admite perder tudo o que tem. Não só a terra, mas também toda a beleza que o rodeia desde o dia em que nasceu. É então que o prefeito adota uma conduta mais agressiva para conseguir o que quer.
Não se deixe enganar pelo nome. Leviatã não é um filme sobre um monstro bíblico descrito no livro de Jó [Não confundir com a besta mitológica que escreve no Bacon – esse é o Jo], ele está mais relacionado ao livro Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil, escrito por Thomas Hobbes [Que ai sim foi nomeado por conta do monstro] sobre a teoria do contrato social. Segundo Hobbes, o estado deve ser absoluto. Porém, pela sua grandiosidade, ele seria também muito lento, devido à sua burocracia. E cara, nesse ponto o filme faz justiça ao nome. Porque que caralho de filme lento, dava pra arrancar pelo menos uns 40 minutos de transições e outras cenas desnecessárias.
Não há de se negar que o visual tá muito foda, com uma fotografia maneira e a atuação da galera também não tá ruim. Mas o filme se perde em alguns pontos, talvez devido ao fato de ser um filme russo e lá eles beberem muito. Por exemplo: Kolia recorre a justiça contra o prefeito safado Vadim, já que o valor da desapropriação que foi perpetrada não estaria nem um pouco razoável, mas perde. Quando ele recorre à seu amigo de tempos de exército, Dmitriy, que é um advogado fodão em Moscou, o mesmo vem com a pastinha cheia de podres do prefeito. O problema é que o prefeito bota Dmitriy pra correr, depois de fingir que vai entrar na dança. Porque o puto do Dmitriy não fodeu o prefeito depois de voltar pra Moscou? De que adianta latir e não morder?
Outro ponto muito bizarro é: Se você tá comendo a mulher do seu amigo, não seria melhor não fazer isso num lugar público, principalmente que o filho dela possa ver, ou outras crianças, que vão dar o alarme pro corno? E porque caralhos o filme mostra claramente que a mulher do Kolia, Lilya, se matou, depois de não aguentar o marido, mesmo tendo sido perdoada por ele, sendo que depois ele é preso por assassinato? Pera, eu sei a resposta dessa: Foi o prefeito pau no cu, Vadim, que fez isso pra se livrar definitivamente de Kolia, mesmo já tendo o que queria: O terreno onde ficava a casa de Kolia. Eu também sei o motivo de mostrar o padre, bispo, sei lá qual o cargo do tio religioso que é cúmplice do prefeito: É porque a ideia é mostrar que não só os políticos são corruptos e podres, mas todos no poder. Eu falo, cê quer ver a verdadeira personalidade de alguém, dê poder na mão dela. Mesmo que seja poder de mentirinha. E é por isso que ninguém me guenta aqui no Bacon, porque eu sou um lazarento desgraçado.
Mas mesmo com todas essas boas intenções, o filme não conseguiu me empolgar. Pelo contrário, eu fiquei meio entediado na poltrona por alguns momentos. O problema maior foi que não houve um desfecho, na minha opinião. Tá, o Kolia foi pra cadeia por homicídio, a Lilya morreu, o filho deles foi morar com os amigos, mas e o Dmitriy, que se importava tanto com fatos e justiça? Deixou o prefeito pra lá e correu pro colo de mamãe? Não foi um final em aberto, foi um final incompleto, manco. A citação a Jó no final acaba que também serve pra platéia, porque é preciso uma paciência de Jó pra conseguir assistir tudo.
Leviatã
Leviafan (140 minutos – Drama)
Lançamento: Rússia, 2014
Direção: Andrey Zvyagintsev
Roteiro: Oleg Negin e Andrey Zvyagintsev
Elenco: Andrey Zviaguintsev, Vladimir Vdovitchenkov, Roman Madianov e Alexeï Serebriakov
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